Hipnose |
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Transe Se a indefinição teórica da hipnose é evidente, isso não impede que a partir das observações práticas seu estudo não possa ser sistematizado. Alguns autores, levando em consideração a sintomatologia, reconhecem algumas características que permitem dividir o transe hipnótico em níveis diferenciados. Mas, a hipnose é um fenômeno que se explica e se produz, antes de mais nada, em função do hipnotizado, por isso é possível que as expectativas seja em muito variadas tanto para mais como para menos, a depender do indivíduo. Normalmente, a indução do transe profundo exige de dez a vinte minutos, no entanto, em alguns casos pode chegar a uma hora de trabalho ininterrupto. Pelas reações da pessoa é que o hipnotista avalia a autenticidade e a profundidade do transe. Há pessoas que têm de ser treinadas, alcançando os níveis mais profundos no transcurso de várias sessões. Há os que quase instantaneamente entram em transe profundo. A unanimidade, os autores concordam que dentre as mudanças fisiológicas que se produzem em conseqüência do nível do transe, figura geralmente uma baixa na pulsação, ocorrendo quedas mais ou menos acentuadas na pressão arterial. Ao iniciar-se o transe, costuma haver uma vaso-constrição, e a esta segue-se uma vaso-dilatação, que se vai prorrogando até o momento de acordar. Equivale a dizer que, no começo, a pressão pode subir um pouco, mas, à medida que o transe se aprofunda, tende a cair. Observa-se geralmente uma mudança na temperatura periférica: variação de calor na testa e no tórax e nas extremidades das mãos e dos pés. A pessoa bem hipnotizada caracteriza-se quase sempre pelas mãos e pés gelados e a testa e o tórax quente, conservando-se geralmente assim durante todo o transe. Não será preciso acentuar que essas mudanças fisiológicas durante a hipnose decorrem largamente das modificações que se produzem no estado emocional do indivíduo. As diferenças de reações nesse particular obedecem a fatores muito sutis, variam também de um indivíduo para outro. A maioria dos autores ainda divide a hipnose em três estágios ou níveis: 1- hipnose ligeira. 2- hipnose média. 3- hipnose profunda e, genericamente, concordam que nesses níveis ocorrem as seguintes características:.
Outros autores são mais precisos quando dividem os níveis em números bem maiores. LIÉBEAULT acreditava em cinco níveis, BERNHEIM em nove, e, DAVIES e HUSBAND, apresentam uma escala com trinta níveis e suas características correspondentes. Le CRON e BORDEAUX apresenta uma escala considerada como a mais completa, dividem o estado hipnótico em seis fases e suas respectivas mudanças fisiológicas espontâneas que se produzem naturalmente durante o transe com cinqüenta diferentes características. Com base no referencial teórico estudado,
principalmente na escala de Le CRON e BORDEAUX
e, em observações práticas, foi possível identificar uma seqüência
de reações espontâneas e mudanças fisiológicas que ocorrem no
hipnotizado durante o transe. Essas situações não são induzidas pelo
hipnotista, surgem em conseqüência das fases de I a VI e da numeração
de um a cinqüenta que indica o aprofundamento do transe hipnótico: I - Insuscetível
- Um a dois por cento dos candidatos, embora perfeitamente
normais, isto é, não apresentam fatores de inibição ou
resistência ao processo hipnótico, como exemplo: portadores de
patologias psiquiátricas sérias, incompatibilidade com o hipnotista ou
com o ambiente da sessão, etc., e, mesmo assim, também não apresentam
reação de espécie alguma. É característica
desses candidatos a ausência de toda e qualquer reação aos testes de
suscetibilidade. II - Hipnoidal
- Noventa e oito por cento dos candidatos,
quando submetidos à hipnose, mostram uma expressão de cansaço,
freqüentemente tremores nas pálpebras e contrações espasmódicas nos
cantos da boca e nas mãos. Não obstante os sintomas que apresentam,
ainda não é considerado como um transe perfeito. São características
dos diferentes níveis que podem surgir nesta fase: III - Transe ligeiro
- Oitenta por cento dos candidatos, quando
submetidos à hipnose, começam a sentir os membros pesados e finalmente
todo o corpo pesado. Experimentam um estado de alheamento, embora conserve
ainda plena consciência de tudo que se passa ao redor. Entre outros
sintomas, apresenta-se no hipnotizado a catalepsia ocular, a catalepsia
dos membros e a rigidez cataléptica, pouca inclinação a falar. Já não
quer mover-se ou mudar de posição. O hipnotizado não tosse, mantém-se
sério e imóvel, age como se não estivesse criticamente afetado pelo que
acontece no ambiente e a respiração é mais lenta e mais profunda. Neste
estágio, o hipnotizado obedecerá às sugestões mais simples,
oferecendo, todavia, resistência às sugestões mais complicadas, quando
retorna do transe diz que se lembra de tudo que aconteceu mas, declara
sempre que, durante o transe, tentou mover-se em vão. São
características dos diferentes níveis que podem surgir nesta fase: IV - Transe médio
- Setenta por cento dos candidatos, quando
submetidos à hipnose, embora conservem alguma consciência do que se
passa, estão efetivamente hipnotizados. Já não oferecem resistência
às sugestões, salvo quando estas contrariam seu código moral ou seus
interesses vitais. Freqüentemente, nesta fase, o hipnotizado fica com os
olhos entreabertos aparecendo a parte branca inferior da córnea. Nesta
altura se produzem a catalepsia completa dos membros e do corpo, a
amnésia parcial, alucinações motoras, alucinações positivas e
negativas dos sentidos, a completa inibição muscular e alucinações
cinestéticas. No transe médio já se conseguem efeitos analgésicos e
mesmo anestésicos locais, razão por que é o estágio indicado para
pequenas cirurgias. Nota-se ainda, uma hiperacuidade em relação às
condições atmosféricas (elevada sensação de frio ou calor). São
características dos diferentes níveis que podem surgir nesta fase: V - Transe profundo
ou sonambúlico - Vinte a trinta por
cento dos candidatos, quando submetidos à hipnose, permanecem com os
olhos totalmente abertos mas, não aparece a íris (olhos brancos). Se os
olhos não estiverem abertos, o hipnotista pode mandar o hipnotizado
abrir, isso não vai afetar o transe. Abertos os olhos, podem estar
brancos ou apresentam uma expressão impressionantemente fixa, estando as
pupilas visivelmente dilatadas. Freqüentemente, nesta fase, o hipnotizado
ainda que reaja com maior ou menor presteza às sugestões proferidas pelo
hipnotista, sua aparência é a de quem está submerso num sono profundo.
É o transe no sentido superlativo do termo. Neste estado, o hipnotizado
aceita as sugestões pós-hipnóticas mais bizarras e o hipnotista pode
assumir o controle de suas funções orgânicas, influindo por meio de
sugestões no ritmo das pulsações cardíacas, alterando a pressão
arterial, os processos metabólicos, etc. A regressão de idade, as
alucinações visuais e auditivas, negativas e positivas, pós-hipnóticas
são outros tantos atributos do transe sonambúlico. A isso pode ser
acrescentado a anestesia e, o que é mais importante, a anestesia
pós-hipnótica. Os indivíduos submetidos ao transe profundo podem ser
anestesiados pós-hipnoticamente. O hipnotista, indicando a região a ser
anestesiada, determina as condições específicas como o dia, a hora ou
local, quando a anestesia deve produzir efeito. Assim poderá ser
submetido à intervenção médica-odontológica, independentemente de
novo transe e na ausência do hipnotista. A anestesia hipnótica completa,
além de ser um dos fenômenos clinicamente importante, é uma das provas
mais convincentes do transe profundo. São características dos diferentes
níveis que podem surgir nesta fase: VI - Transe pleno
- Cinco a dez por cento dos candidatos,
quando submetidos à hipnose, permanecem com os olhos brancos, boca seca e
entreaberta, podem apresentar movimentos descontrolados do globo ocular,
um olho move para cima e o outro para baixo, ou ainda, um olho para um
lado e o outro em sentido contrário. Apresentam ausência total de
reação mesmo quando submetidos a fortes estímulos dos sentidos
convencionais como tato, audição, visão e olfato. No entanto, o
hipnotizado está profundamente ligado e pronto para executar as
sugestões do hipnotista. Pode ocorrer a somatização das sugestões.
Encostando-se um objeto frio na pele do hipnotizado e dizendo ser uma
brasa, aparece a bolha como se fosse provocada por uma queimadura. É
possível sugerir-se ao hipnotizado, ou pode surgir naturalmente sem
sugestão específica, o estado de sonambulismo. São características dos
níveis que podem surgir nesta fase:
Salvo em casos nos quais as mudanças fisiológicas ou as reações indicadas sejam produzidas por efeito de sugestão direta ou indiretamente veiculada pelo hipnotista, estas mudanças devem aparecer de forma espontâneas e correspondem a cada nível de aprofundamento do transe atingido pelo hipnotizado. Mas, dentro desse esquema, tem de se levar em conta as variantes das reações individuais, em alguns casos, características do transe profundo podem apresentar-se em certas pessoas já no transe médio e, até mesmo, no transe ligeiro, ou até não se apresentarem em outras pessoas. |
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