Hipnose

Curso
Torne-se um hipnotista, saiba como a hipnose funciona com um dos maiores hipnotistas que existe.
Definição
Saiba o que é na realidade hipnose, como ela funciona e suas mais diversas aplicações.

Histórico
A hipnose não é algo novo, há muito tempo já é aplicada, porém com outro nomes.

Terapia
Como a hipnose pode ajudar a superar traumas. Aprenda um pouco sobre terapia por vidas passadas.

Processo Hipnótico
Teorias de como acontece a hipnose na mente.

Hipnotizando
Métodos e técnicas de hipnose. Como se hipnotizar e aprofundar o hipnotizado.

Transe
Níveis e características que podem ser identificados no hipnotizado.

Hipnotista
Quem são e como fazer para ser um.

Auto-Hipnose
Resolva seus problemas sem precisar de uma outra pessoa.

Freud
Nos seus trabalhos sobre histeria Freud usou diversas vezes hipnose. Um dos casos mais famosos é o de Anna. O.

Sonhos
Interprete seus sonhos. Aprenda a interpretar os sonhos.

Histórico

Os fenômenos hipnóticos são até hoje mistificados, isto se deve à sua origem atrelada a fantasias e mistérios. A força da sugestão sempre esteve presente na história da humanidade principalmente em atos religiosos. Algumas práticas religiosas que assistimos e que ganham popularidade a cada dia são na verdade absolutamente idênticas às que praticava, na Alemanha, na segunda metade do século XVIII, o Padre GASSNER. Através da utilização de métodos e aplicações de técnicas hipnóticas, as pessoas eram induzidas a admitir que suas doenças se davam por estarem elas possuídas pelos demônios. Aquele que se sentiam com o diabo no corpo, e por conseqüência doente, vinha ou era trazido ao Padre para que ele o expulsasse e, assim, promovesse a cura.

Franz Anton MESMER, por volta de 1778, espalhou pela Europa o mesmerismo, foi ele, sem dúvida, um dos maiores mistificadores do que viria ser mais tarde conhecido como hipnose. Estudioso da astronomia, MESMER deu uma versão não menos fantástica aos fenômenos hipnóticos do que o Padre GASSNER e, em lugar de responsabilizar o demônio pelas enfermidades, responsabilizava os astros. Os efeitos hipnóticos saíam da explicação religiosa, indo para a explicação da influência astral, tese segundo a qual fluidos invisíveis regulam a vida das pessoas. MESMER cria assim a doutrina do Magnetismo Animal, que foi logo bem recebida por legiões de adeptos.  

O magnetismo animal prossegue com o Marquês de PUYSÉGUR, um dos discípulos de MESMER. Conta a história que o Marquês, casualmente, enquanto magnetizava um camponês para curá-lo de dores reumáticas, percebeu que o paciente caía em sono profundo com movimentos respiratórios tranqüilos. Nada havia das clássicas agitações provocadas pelo mesmerismo. PUYSÉGUR percebeu, com surpresa, que o camponês podia falar sem sair do sono hipnótico, e ainda, com lucidez maior que a habitual, indicou o estado de sua própria doença como sendo uma infecção pulmonar e para sua própria cura indicou os remédios precisos, que, aliás, deram resultados. PUYSÉGUR chamou a isso de sonambulismo artificial, e descobriu o estágio mais profundo do transe hipnótico que até hoje é chamado de sonambúlico.

Vários foram os homens famosos que desenvolveram, aplicaram ou transformaram as teorias de MESMER. Mas foi James BRAID, médico escocês, nascido em 1795, quem marcou um grande passo quando usou pela primeira vez, por volta de 1841, a palavra hipnotismo. Deve-se sua iniciação nos estudos da hipnose ao famoso magnetizador suíço LAFONTAINE, este, discípulo de PUYSÉGUR. Em 1843, BRAID publica seu livro sobre o assunto, dizia que a fixação do olhar era o processo para o efeito do sono magnético, batizando inicialmente como sono neuro-hipnológico; neuro acrescido do vocábulo grego hipnos que significa sono. Daí hipnos foi anexado a ismo que significa estudo, dando origem à expressão hipnotismo e, disso foi derivado outros nomes como: hipnose, hipnótico, hipnólogo, hipnotizador e hipnotista.

LIÉBAULT foi quem acrescentou a sugestão verbal à fixação do olhar desenvolvido no método de BRAID. Sua técnica era tranqüila e discreta, baseava-se nas palavras e no tom de voz. Era ele um jovem médico francês que morava em Nancy. Em 1864, lendo um exemplar da obra de BRAID, fez-lhe renascer o interesse pelo assunto que não mais deixaria por toda a sua vida. Seus clientes eram pessoas humildes e camponesas, a eles LIÉBAULT dizia: “Se quiserem tratamentos com drogas, terão que pagar a consulta, mas se permitirem que faça o tratamento pelo hipnotismo, não terão de pagar nada”.

BERNHEIM foi o primeiro a perceber que o estado hipnótico era normal em todas as pessoas e, principalmente, foi quem definiu os efeitos pós-hipnóticos da sugestão como elemento provocador de ações inconscientes e compulsivas e, propôs aplicar isso como terapia. Nesta mesma época, CHARCOT achava que a hipnose era uma forma de histeria, e descobriu que podia induzir sintomas histéricos através de sugestões pós-hipnóticas. Não concordando, BERNHEIM apontou a CHARCOT os seus erros, mostrando-lhe que as características por ele consideradas como critérios de hipnose podiam ser provocadas artificialmente por mera sugestão. Nasceu daí a histórica controvérsia entre as duas escolas de hipnotismo, a do hospital Salpetrière e a da Cidade de Nancy, ambas na França. Estas escolas serviram de base para FREUD e, as investigações com o uso da hipnose forneceram muitas pistas, através das quais ele viria a descobrir o que chamou de inconsciente, dando os primeiros passos na investigação da mente humana, o que lhe permitiu o desenvolvimento da teoria e da técnica da psicanálise.

Da controvérsia entre os seguidores da Salpetrière e os seguidores de Nancy, apareceram eminentes pesquisadores que se incumbiam de tentar compreender e de difundir a hipnose pelo mundo, como KRAFFT-EBING na Áustria, FOREL na Suíça, WETTERSTRAND na Suécia, BRAMWELL na Inglaterra, HEIDNHAIN na Alemanha, FELKIN na Escócia, PAVLOV na Rússia, McDOUGALL e Phineas PUIMBY nos Estados Unidos. Todos empenhados em prestigiar a hipnose, dando-lhe impulso e aplicação terapêutica e, também, recreativa. DONATO e HANSEN, hipnotistas de palco no início do século XX, arrebatavam multidões com demonstrações públicas e proporcionavam grandes espetáculos. Nas platéias, invariavelmente, também estavam presentes importantes personalidades como artistas, médicos, professores e cientistas que, a partir daí, interessavam-se pelo assunto e davam novos impulsos à hipnose.

O público, de modo geral, ainda conserva um temor supersticioso diante dos fenômenos hipnóticos, e as ciências ortodoxas sempre se aproximaram da hipnose com receio e cautela. As tentativas da ciência para explicar a hipnose muito se deve ao cientista russo PAVLOV que também analisou o fenômeno, baseando seu estudo nos reflexos condicionados. Suas hipóteses tentaram enquadrar as explicações sobre o assunto no princípio mecanicista do paradigma científico newton-cartesiano. Contudo, todas as tentativas da ciência neste sentido parecem vagas e imprecisas, sendo assim, seu estudo foi, por muito tempo, abandonado.

O uso da sugestão hipnótica em benefício próprio dá lugar ao conceito conhecido como auto-sugestão ou auto-hipnose, muito difundida na Europa e que entrou em moda nos Estados Unidos durante a década de vinte. BAUDOUIN e PIERCE, entre outros, escreveram sobre o assunto, mas se deve a Emile COUÉ a sistematização desse processo. Foi ele quem formulou vários princípios e leis que fundamentam sua aplicação e desenvolveu frases como: “Todos os dias, de todas as formas, eu estou melhorando cada vez mais”. Esta frase destinada a ser repetida todas às noites, antes de dormir, faz parte do célebre método que ele chamou de “Domínio de si mesmo pela auto-sugestão consciente”. Ele recomendava que as pessoas repetissem frases construtivas, momentos antes de adormecerem. Suas idéias e frases estão, invariavelmente, escritas nos livros de auto-ajuda.

O tema hipnose quando introduzido nas discussões acadêmicas encontra o melhor caminho para difundi-la e desmistificá-la. A Faculdade é o fórum ideal para esse trabalho porque, neste espaço, as apresentações fogem àquele sentido superficial e comum de espetáculo. Seu estudo deve ser claro e baseado, ao máximo, na verdade e nos princípios éticos, morais e científicos, portanto válido pelo sentido útil que se traduz na apropriação do conhecimento teórico e prático revelado nas demonstrações. Nessa oportunidade, não se tem um mero espetáculo de curiosidade, tem-se uma exposição de fatos que são reproduzidos para efeito de aprendizagem, nesta área a capacidade teórica e o desembaraço prático não se adquirem facilmente através de simples leitura.

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