Hipnose |
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Histórico Os
fenômenos hipnóticos são até hoje mistificados, isto se deve à sua
origem atrelada a fantasias e mistérios. A força da sugestão
sempre esteve presente na história da humanidade principalmente em atos
religiosos. Algumas práticas religiosas que assistimos e que ganham popularidade
a cada dia são na verdade absolutamente idênticas
às que praticava, na Alemanha, na segunda metade do século XVIII, o
Padre GASSNER. Através da utilização de métodos
e aplicações de técnicas hipnóticas, as pessoas eram induzidas
a admitir que suas doenças se davam por estarem elas possuídas pelos demônios.
Aquele que se sentiam com o diabo no corpo, e por conseqüência doente,
vinha ou era trazido ao Padre para que ele o expulsasse e, assim,
promovesse a cura.
O
magnetismo animal prossegue com o Marquês de PUYSÉGUR,
um dos discípulos de MESMER. Conta a história
que o Marquês, casualmente, enquanto magnetizava um camponês para curá-lo
de dores reumáticas, percebeu que o paciente caía em sono
profundo com movimentos respiratórios tranqüilos.
Nada havia das clássicas agitações provocadas pelo mesmerismo.
PUYSÉGUR percebeu, com surpresa, que o
camponês podia falar sem sair do sono hipnótico,
e ainda, com lucidez maior que a habitual, indicou
o estado de sua própria doença como sendo uma infecção
pulmonar e para sua própria cura indicou os remédios
precisos, que, aliás, deram resultados. PUYSÉGUR
chamou a isso de sonambulismo
artificial, e descobriu o estágio mais
profundo do transe hipnótico
que até hoje é chamado de sonambúlico. Vários
foram os homens famosos que desenvolveram, aplicaram ou transformaram as
teorias de MESMER. Mas foi James BRAID, médico
escocês, nascido em 1795, quem marcou um grande passo quando usou pela
primeira vez, por volta de 1841, a palavra hipnotismo.
Deve-se sua iniciação nos estudos da hipnose
ao famoso magnetizador suíço LAFONTAINE,
este, discípulo de PUYSÉGUR. Em 1843, BRAID
publica seu livro sobre o assunto, dizia que a fixação do olhar era o
processo para o efeito do sono magnético,
batizando inicialmente como sono neuro-hipnológico;
neuro acrescido do vocábulo
grego hipnos
que significa sono. Daí hipnos
foi anexado a ismo
que significa estudo, dando origem à expressão hipnotismo e,
disso foi derivado outros nomes como:
hipnose, hipnótico,
hipnólogo, hipnotizador
e hipnotista. LIÉBAULT
foi quem acrescentou a sugestão verbal
à fixação do olhar desenvolvido no
método de BRAID. Sua técnica
era tranqüila e discreta, baseava-se nas palavras e no tom de voz. Era
ele um jovem médico francês que morava em Nancy. Em 1864, lendo um
exemplar da obra de BRAID, fez-lhe renascer o
interesse pelo assunto que não mais deixaria por toda a sua vida. Seus
clientes eram pessoas humildes e camponesas, a eles LIÉBAULT
dizia: “Se quiserem tratamentos com drogas, terão que pagar a consulta,
mas se permitirem que faça o tratamento pelo hipnotismo, não terão de
pagar nada”. BERNHEIM foi o
primeiro a perceber que o estado hipnótico
era normal em todas as pessoas e,
principalmente, foi quem definiu os efeitos pós-hipnóticos
da sugestão como elemento provocador de ações inconscientes
e compulsivas e, propôs aplicar isso como terapia. Nesta mesma época, CHARCOT
achava que a hipnose era uma forma de histeria,
e descobriu que podia induzir sintomas histéricos através de sugestões
pós-hipnóticas. Não concordando, BERNHEIM
apontou a CHARCOT os seus erros,
mostrando-lhe que as características por ele consideradas como critérios
de hipnose podiam ser provocadas
artificialmente por mera sugestão. Nasceu daí
a histórica controvérsia entre as duas escolas de hipnotismo, a do
hospital Salpetrière e a da Cidade de Nancy,
ambas na França. Estas escolas
serviram de base para FREUD e, as investigações
com o uso da hipnose forneceram muitas pistas, através das quais ele
viria a descobrir o que chamou de inconsciente,
dando os primeiros passos na investigação da mente humana, o que lhe
permitiu o desenvolvimento da teoria e da técnica da psicanálise. Da
controvérsia entre os seguidores da Salpetrière
e os seguidores de Nancy, apareceram
eminentes pesquisadores que se incumbiam de tentar compreender
e de difundir a hipnose
pelo mundo, como KRAFFT-EBING na Áustria, FOREL
na Suíça, WETTERSTRAND na Suécia, BRAMWELL
na Inglaterra, HEIDNHAIN na Alemanha, FELKIN
na Escócia, PAVLOV na Rússia, McDOUGALL
e Phineas PUIMBY nos Estados Unidos. Todos
empenhados em prestigiar a hipnose,
dando-lhe impulso e aplicação terapêutica
e, também, recreativa. DONATO e HANSEN,
hipnotistas de palco no início do século XX, arrebatavam multidões com
demonstrações públicas e proporcionavam grandes espetáculos. Nas platéias,
invariavelmente, também estavam presentes importantes personalidades como
artistas, médicos, professores
e cientistas que, a partir daí, interessavam-se
pelo assunto e davam novos impulsos à hipnose. O público, de modo geral, ainda conserva um temor supersticioso diante dos fenômenos hipnóticos, e as ciências ortodoxas sempre se aproximaram da hipnose com receio e cautela. As tentativas da ciência para explicar a hipnose muito se deve ao cientista russo PAVLOV que também analisou o fenômeno, baseando seu estudo nos reflexos condicionados. Suas hipóteses tentaram enquadrar as explicações sobre o assunto no princípio mecanicista do paradigma científico newton-cartesiano. Contudo, todas as tentativas da ciência neste sentido parecem vagas e imprecisas, sendo assim, seu estudo foi, por muito tempo, abandonado. O uso da sugestão hipnótica em benefício próprio dá lugar ao conceito conhecido como auto-sugestão ou auto-hipnose, muito difundida na Europa e que entrou em moda nos Estados Unidos durante a década de vinte. BAUDOUIN e PIERCE, entre outros, escreveram sobre o assunto, mas se deve a Emile COUÉ a sistematização desse processo. Foi ele quem formulou vários princípios e leis que fundamentam sua aplicação e desenvolveu frases como: “Todos os dias, de todas as formas, eu estou melhorando cada vez mais”. Esta frase destinada a ser repetida todas às noites, antes de dormir, faz parte do célebre método que ele chamou de “Domínio de si mesmo pela auto-sugestão consciente”. Ele recomendava que as pessoas repetissem frases construtivas, momentos antes de adormecerem. Suas idéias e frases estão, invariavelmente, escritas nos livros de auto-ajuda. O tema hipnose
quando introduzido nas discussões acadêmicas
encontra o melhor caminho para difundi-la e desmistificá-la. A Faculdade
é o fórum ideal para esse trabalho porque, neste espaço, as apresentações
fogem àquele sentido superficial e comum de espetáculo. Seu estudo deve
ser claro e baseado, ao máximo, na verdade e
nos princípios éticos, morais
e científicos, portanto válido pelo sentido
útil que se traduz na apropriação do conhecimento teórico
e prático revelado nas demonstrações. Nessa oportunidade, não se tem
um mero espetáculo de curiosidade, tem-se uma exposição de fatos que são
reproduzidos para efeito de aprendizagem,
nesta área a capacidade teórica e o desembaraço prático não se
adquirem facilmente através de simples leitura.
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