Filmes em 2002


Marcelo Ikeda

  Por trás do pano - esta comédia de Luiz Villaça investe sobre as dificuldades de relacionamento por trás dos bastidores de uma peça de teatro com um certo toque de melancolia atípico ao gênero.

  Por um certo cinema do eu - texto escrito para o catálogo da 1a. Mostra do filme Livre, em janeiro de 2002 no CCBB/RJ.

  Apocalipse Now Redux: uma revisão da mitologia - o clássico de Coppola pode, após mais de vinte anos, ser revisto com um distanciamento crítico em relação a sua postura ideológica.

  A História Real - este filmes de encomenda atípico da filmografia de David Lynch só comprova sua maturidade como realizador, investindo em temas como o tempo e a narrativa clássica.

  Os Excêntricos Tenembaums - Wes Anderson comprova seu talento como realizador numa comédia íntima sobre a necessidade de se aceitar os limites e sobre a tolerância com o outro..

  Um Sol Alaranjado - o primeiro curta de Eduardo Valente, premiado em Cannes, é um brilhante exercício de composição, incorporando suas limitações técnicas à própria essência do filme. (Originalmente escrito para o site Curtaocurta)

  A Cidade dos Sonhos: descosturando o prazer pelas regras do jogo - a obra-prima de David Lynch seduz o espectador porque descostura uma noção de cinema clássico ainda que no interior de seus novelos.

  Duas Vezes com Helena - repleto de incongruências programadas, o pouco visto filme de Mauro Farias arquiteta sutilmente sua visão de farsa e delírio. (Escrito no Festival do Rio BR 2001)

  Abril Despedaçado - o novo filme de Walter Salles é selado, registrado, carimbado, avaliado e rotulado para as velhinhas do exterior.

  Crônica da Inocência: uma realista história de fantasmas - mesmo num filme menor, Raul Ruiz comprova sua excelência numa história cheia de interstícios programados, entre o mendo adualto das crianças e o infantil mundo dos adultos.

  Viva São João: um documentário indeciso - as contradições entre o estilo pessoal de Andrucha Waddington e o viés de mercado da Conspiração o tornam um interessante retrato de um cinema brasileiro.

  Uma Vida em Segredo - após o sucesso de A Hora da Estrela, o segundo filme de Suzana Amaral se preocupa mais em criticar a repressão que valorizar a liberdade.

  O Escorpião de Jade: destino, hipnose e tolerância - este formidável filme de Allen sugere de forma sutil uma homenagem ao cinema através do uso da hipnose como típico elemento da relação do espectador com o cinema.

  Palavra e Utopia - mais uma encantadora obra-prima de Manoel de Oliveira, na qual se usa a figura do Padre Antônio Vieira para desenvolver uma visão íntima da luta da paixão contra um processo natural de envelhecimento.

  Minority Report - este sinistro e irregular filme de Spielberg insere, junto com o anterior A.I., novos rumos à filmografia do diretor.

  Cidade de Deus - metamorfoseando entre o videoclipe e o documentário para disfarçar suas verdadeiras intenções, o modelo neoliberal de Cidade de Deus é para esta década o que Independência ou Morte de Carlos Coimbra representava nos anos setenta.

  Lúcia e o sexo - o descosturado filme do elogiado Julio Medem acaba se revelando um quebra-cabeças formalista ao propor uma tentativa redutora de síntese das diversas narrativas do filme.

  A Paixão de Jacobina - como se pode realizar um filme sobre uma iluminação, se não se pode instaurar a dúvida e o tom visionário como proposta de cinema?

  Domingo Sangrento - por trás de um exemplar trabalho de câmera que confere ao filme um tom nitidamente documental, Domingo Sangrento se revela um filme didático e manipulador sobre o terrível massacre na Irlanda. (Escrito por ocasião do Festival do Rio BR 2002)

  Por um sentido na vida - memorável, fascinante e sombrio trabalho de Miguel Arteta que retoma o contexto da "Geração X" para problematizar a dificuldade em reagir contra nossos próprios limites.

  Paraíso - como é possível assistir a Paraíso sem esperar ver um filme de Kieslowski? Submetido às pressões da Miramax, Tom Tywker opta pelo tom correto mas completamente equivocado.

  Ônibus 174 - apesar da força e da urgência de seu tema, Ônibus 174 opta pela vitimização e pelo "psico-sociologismo", comprometendo seu painel da violência no Rio de Janeiro.

  A Agenda - neste pretensioso e um tanto alienado filme do elogiado Laurent Cantet, o terrível drama de um rico desempregado é o que milhares de brasileiros se estapeariam para viver.

 

Outros filmes lançados no circuito podem ser vistos na seção sobre o Festival do Rio.

 

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