Poucos recursos e amplos objetivos
Cada vez mais as ONGs assumem caráter assistencial no combate à pobreza
ONG Organização Não Governamental não é um termo definido em lei, mas
sim uma categoria que vem sendo socialmente construída em tempos recentes, usada para
designar um conjunto de entidades com características peculiares e reconhecidas pelos
seus próprios agentes, pelo senso-comum ou pela opinião pública.
Mas como uma ONG se mantêm financeiramente, já que a maioria alega ser entidades
civis sem fins lucrativos?
Quase metade das entidades, o que corresponde a 44,5% possuem orçamentos inferiores ou
iguais a US$ 100 mil e cerca de 17% estão na faixa inferior a US$ 30 mil. Uma outra
considerável parcela de ONGs tem orçamentos na faixa de US$ 100 mil a US$ 50 mil,
somando 43,7% do universo. Apenas 11,8% possuem orçamentos superiores a US$ 500 mil,
sendo que somente três entre as 126 entidades que compõe esse universo ultrapassam os
US$ 2 milhões anuais.
Em uma comparação com as faixas orçamentárias no ano de 1990, conforme a pesquisa
da Abong
(Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais), temos algumas
modificações nesses últimos anos. As menores e as maiores tendem a diminuir em número,
enquanto que as de tamanho médio aumentam. Isso se explica pela faixa orçamentária que
mais cresce, quanto ao número de entidades, é a que vai de 100 a 500 mil dólares. Se em
90, 23,5% das ONGs estavam nesta posição, neste ano esse número cresce para 43,7%. As
que estão entre 500 mil e um milhão de dólares também crescem um pouco passam
de 3,9% para 5,6% do universo.
Em resumo, aumenta o número de entidades com orçamentos entre 100 mil e um milhão de
dólares, sobretudo até 500 mil, diminuindo as menores e as maiores.
E de onde provêm os recursos que garantem a sobrevivência de uma ONG? Não há
grandes surpresas. As Agências Internacionais de Cooperação Não Governamental são
responsáveis pela maioria delas, fazendo parte constitutiva da história das ONGs e de
sua possibilidade de existência e crescimento. Uma compreensão dessas redes
internacionalizadas de financiamento deve passar pelas relações da iniciadas e
progressivamente construídas entre agentes dos Centros de Educação Popular surgidos no
início da década de 70 e os agentes de entidades internacionais de ajuda ao Terceiro
Mundo de países europeus, do Canadá e também, dos Estados Unidos.
No Brasil, as igrejas cristãs representam um papel de peso.
Impressiona a quantidade de instituições internacionais com as quais as ONGs brasileiras
mantêm relações de cooperação. São cerca de 170 entidades de diversos países.
Somente 3,2% dos fundos de uma ONG provêm de órgãos governamentais.
Comparado com fundações, empresas e doações, é significativo, o peso relativo das
vendas de serviço e produtos no orçamento global das ONGs, quase 7%.
As ONGs estão inseridas em uma razoável rede de relações institucionais, nacionais
e internacionais, onde podem forjar-se cooperações esporádicas e pontuais, mas também,
alianças e parcerias duradouras e mais elaboradas, através não apenas de moedas, mas de
idéias, afinidades e modelos de atuação em comum.
ONGs ativam mercado de trabalho voluntário
As ONGs conseguem mobilizar uma quantidade considerável de trabalho voluntário. Foram
mencionados ao todo 699 voluntários envolvidos, em disponibilidade diversas em seus
trabalhos, sendo que 55 entre eles são cooperantes internacionais. Isso significa que as
ONGs mobilizam cerca de 3.193 pessoas em seu funcionamento institucional e na execução
de suas atividades. São 23 pessoas envolvidas em atividades, sendo que as contratadas
somam 12 pessoas por entidade. O número de funcionários permanentes acompanha a
estratificação interna, 67,6% das entidad4es possui menos de 10 funcionários
contratados, ao passo que apenas 5 entidades possuem mais de 60 funcionários.
As ONGs abrem espaços de trabalho propícios à participação feminina, há 55% de
mulheres entre seus quadros, contra 45% de homens. Esse perfil não pé comum no campo
tradicional da formulação e da assessoria política. É conhecido o peso da presença
feminina no trabalho assistencial, quanto nas bases de movimentos e organizações que se
constróem através dos anos 70 e 80, como nos movimentos comunitários em bairros
periféricos, nas associações de moradores, nas CEBs (Comunidades Eclesiais de Base).
54% Jovens Brasileiros Querem ser Voluntários mas não sabem por onde começar. Estima-se que seja 14 milhões de jovens
querem ser voluntários, e 10 milhões de adultos. Com este engajamento potencial muitos
problemas que o governo não consegue resolver seriam resolvidos. Somente 7% dos jovens
brasileiros são voluntários, contra 62% nos USA. Isto é um desastre nacional, porque o voluntário de hoje seria o doador de
amanhã. Mais uma geração ameaça ser educada sem consciência social. Empresas
Brasileiras gastam 4 bilhões de dólares por ano em segurança patrimonial e pessoal de
seus executivos e 5 mil reais por mês em filantropia. Precisamos inverter esta balança, inclusive para gastar menos com segurança.
Segundo o Imposto de Renda, a média para doações e contribuições é de 23 reais
por ano, para os 5 milhões de brasileiros que pagam Imposto de Renda.
Principais Atividades
Atividades |
n.º entidades |
(%) |
Assessoria |
88 |
72,7 |
Capacitação |
68 |
56,2 |
Educação p/ cidadania |
60 |
49,5 |
Pesquisa/Análise |
53 |
43 |
Educação Popular |
48 |
39,6 |
Campanhas/Denúncias |
38 |
31,4 |
Informação |
34 |
28,1 |
Cursos |
31 |
25,6 |
Público Alvo
Púbico Alvo |
n.º entidades |
(%) |
Crianças |
79 |
63,7 |
Associação de moradores |
58 |
46,6 |
Movimentos urbanos |
65 |
52,4 |
Mulheres |
52 |
41,9 |
Outras ONG's |
32 |
25,8 |
Público em geral |
28 |
22,5 |
Sindicatos rurais |
28 |
22,5 |
Pequenos produtores |
26 |
20,9 |
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