RITOS AFRICANOS
Rito Khomba ou da Nubilidade
O aparecimento da mestruação é o resultado de um mecanismo
miuto complexo: o ciclo mestrual.
Geralmente, o período mestrual ocorre entre os 12 e os 14 anos,
mas pode ocorrer, ora mais cedo, cerca dos 10 anos, ora mais tarde,
por volta dos 16 anos, sem que existam anomalias genitais.É
normalmente precedidade de uma série de modificações que, progressivamente,
transformam corpo da memina em corpo de mulher.
Entre os muitos ritos que existem em África, existe um rito ligado ao aparecimento
da primeira mestruação das raparigas que se chama Khomba ou Kuyissa.
Não é um rito que se pratique entre os Rongas, mas nos povos mais a norte de Maputo. O rito
Khomba realiza-se da seguinte maneira: Quando uma rapariga pensa que está para chegar a primeira
mestruação ela escolhe uma mulher para ser a sua mãe adoptiva. Uma mulher a quem ela ajuda a
apanhar lenha e noutros pequenos e também, para que seja sua confidente e junto de quem possa chorar.
Depois, quando a mestruação chega, começa um período que dura um mês e que junta três ou quatro
raparigas para serem iniciadas em conjunto.
Elas passam a vivier fechadas na mesma palhota e quando saem tapam a cara com pano gordurento e sujo.
Todas as manhãs, as suas mães adoptivas levam as raparigas até ao lago e mergulham-nas na água até
ao pescoço, enquanto cantam canções obscenas.
Nenhum homem se pode aproximar e ver as raparigas. Se algum homem se aproxima as mulheres enxotam-no
batendo-lhe com paus, com a ameaça de que se teimasse ficaria cego.
Quando regressam, em grupo, à palhota que serve de casa às raparigas, as mães adoptivas tratam-nas mal,
batendo-lhes, beliscando-as e arranhando-as para ver qual é a sua capacidade de suportar sofrimentos físicos e ao
mesmo tempo ensinam-lhes os segredos do seu sexo. Fazem-lhes muitas recomendações sobre como se
comportarem com um homem quando estiverem mestruadas.
Também lhes ensinam regras de boas maneiras quando recebem visitas e a forma de as saudas batendo
palmas. Às vezes, vento faz redemoinhar as folhas secas, e elas, julgando que é o ruído de passos, saúdam
respeitosamente.
No fim dum mês a mãe adoptiva leva a rapariga a casa dos seus pais e realiza-se na altura uma pequena
festa onde a rapariga iniciada oferece prendas à mãe adoptiva, que por sua vez as distribui pelas mulheres
mais velhas. Se a rapariga iniciada já tiver sido lobolada*, a mãe leva-a ao futuro marido, dizendo que ela já
"está mulher ". Só nessa altura é que lhe tiram o véu e ele dá-lhe uma libra esterlina. A esta cerimônia chama-se Kukunga e com ela mostra-se à aldeia que ela fica a fazer parte do grupo dos adultos.
O rito Khomba é o rito de passagem da vida assexuada para a vida sexuada.
Este, como muitos outros ritos estão a desaparecer na medida em que pelo menos os jovens vão recebendo
mais instruções. Se os mais velhos têm muito a ensinar aos mais novos, também estes podem, aos poucos,
mostrar que algumas coisas que são uma violência para as adolescentes podem deixar de existir.
*Lobolada-Vendida, pai entrega a filha ao futuro marido em troca de dinheiro ou algo valioso.
