Grupo de Capoeira Ywvis Nebara

(under construction)


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História da capoeira

A cultura brasileira tem a capoeira como um dos seus mais importantes expoentes, sendo atualmente praticada pelo mundo inteiro. Costuma-se dividir a história da capoeira em três períodos distintos:

  1. Escravidão
  2. Clandestinidade
  3. Academias

Escravidão

O senhor de escravos, desde o início do período de escravidão, manteve os negros subjugados com o emprego da força. Para facilitar o controle dos escravos, várias estratégias foram empregadas, como por exemplo, reunir na senzala escravos oriundos de tribos diferentes da África. Como cada tribo tinha sua língua e seus costumes, a integração entre os escravos era dificultada. A estratégia era dividir para dominar.
Outra tática empregada pelos senhores de escravos era permitir que os escravos realizassem seus cultos religiosos. Esses cultos, entretanto, proporcionaram a união entre negros de diversas etnias e o surgimento de uma identidade negra nas colônias que passou a alimentar a idéia de resistência ao domínio branco.
Foi durante esses cultos que surgiu a capoeira na sua forma inicial. Misturando a música e os rituais religiosos aos movimentos de ataque e defesa da luta, os negros conseguiam praticar a sua luta de liberdade que era disfarçada em dança e brincadeira na chegada do senhor de escravos.

Os Quilombos

De 1624 a 1630, ocorreram as invasões holandesas na região nordeste da colônia. Nesse período, as fazendas sofreram um período de certa desorganização devido ao foco dado ao combate aos holandeses. A vigilância sobre o negro é ligeiramente relaxada e um número elevado de escravos enxerga essa possibilidade de fuga, escapando das senzalas para as matas e agrestes nordestinos.
Essa fuga em massa levou ao aparecimentos dos quilombos, dentre os quais destaca-se o Quilombo de Palmares. Palmares foi o maior dos redutos de negros fugidos.
Seguindo a organização social e política das sociedades tribais africanas, a população de Palmares escolhe seu rei, Ganga-Zumba.
Após a expulsão dos holandeses, a repressão aos quilombos torna-se bem mais expressiva. Ganga-Zumba cede à pressão dos brancos e concorda com a manutenção do quilombo submetido às regras sociais da cultura branca. Zumbi discorda da posição de Ganga-Zumba e expulsa o rei, substituindo-o.
Zumbi torna-se, então, o rei do Quilombo de Palmares, conhecido como o grande general das armas. A lenda de Zumbi é baseada nos feitos heróicos do rei em defesa do quilombo.
Existem algumas versões diferentes sobre a morte de Zumbi. Uma delas reza que, no ataque final a Palmares, Zumbi lutou bravamente mas, num certo momento, encontrou-se encurralado à beira de um precipício.
Certo da sua morte iminente, Zumbi recusou-se a ser morto pelas mãos de um homem branco e saltou para sua morte no precipício.
Já nessa época, a capoeira era conhecida como a luta do escravo negro. Após a expulsão dos holandeses, os senhores de escravos passaram a perseguir seus escravos fugidos. Para trazê-los de volta à senzala, os senhores contratavam os chamados capitães-do-mato, cuja profissão era recapturar negros fugidos.
São famosos os relatos de capitães-do-mato descrevendo a agilidade e valentia dos escravos fugidos que, com movimentos rápidos conseguiam vencê-los nas capoeiras (mato ralo).

II. Clandestinidade

É comum imaginar o surgimento e desenvolvimento da capoeira nas áreas rurais. Entretanto, à medida que um maior número de negros conseguia sua alforria, a quantidade de negros libertos nas cidades aumentava. Nesses centros urbanos, os capoeiras reuniam-se no entardecer para conversar e jogar a capoeira.
Os negros que conseguiam sua alforria e migravam para os centros urbanos, entretanto, deparavam-se com a dura realidade da discriminação e do sub-emprego.
Nesse ambiente proliferam os delitos cometidos por negros que, diversas vezes, empregam a capoeira com fins ilícitos. Aparecem as maltas de capoeiras, que passam a aterrorizar os centros urbanos. A repressão aumenta, assim como o preconceito contra o jogador de capoeira, estereotipado como vagabundo e criminoso.
Com a abolição da escravidão em 1888, o clima é de desordem e a repressão aos negros capoeiras atinge seu auge. A queda da República dois anos mais tarde, em 1890, também busca disciplinar a criminalidade nos centros urbanos. É de 1890 o Código Penal, que proibiu a prática da capoeira.

Código Penal de 1890

O decreto nº 487 do Código Penal Brasileiro de 11 de outubro de 1890 estabelecia, no capítulo XIII, a descrição e a punição prevista para os "vadios e capoeiras".
O artigo 402 da lei previa pena de 2 a 6 meses de prisão para a prática da capoeira. Caso o capoeira pertencesse a algum bando ou malta, os chefes ou líderes tinham sua pena dobrada. A reincidência era punida com pena de 1 a 3 anos de prisão em colônias penais marítimas. Os estrangeiros eram deportados após cumprimento da pena.

Dessa forma, a proclamação da república levou à publicação do Código Penal sob o governo de Deodoro da Fonseca. Durante 40 anos, a capoeira foi proibida no Brasil, sob pena de prisão. Durante todo o século XIX e nesse período de clandestinidade proliferaram as lendas referentes a valentes capoeiras.

As Histórias e os Grandes Capoeiras do Rio de Janeiro

a. Major Nunes Vidigal

Em 1809, logo após a chegada de D. João VI, foi criada a Secretaria de Polícia. O major Nunes Vidigal foi nomeado  chefe da Guarda Real de Polícia e passou a perseguir as rodas de samba, os candomblés e, principalmente, os capoeiristas.
Homem alto e gordo, o major Vidigal era, entretanto, um hábil capoeira. De fala mansa e moleirão, o major mostrava sangue-frio e agilidade impressionantes, sendo respeitado pelos mais importantes capoeiras de seu tempo. Para os capoeiristas capturados, reservava a chamada Ceia dos Camarões, uma sequência de surras e torturas.
Tito Augusto de Matos foi outro importante chefe de polícia na repressão à capoeira. Já em 1878, o Rio de Janeiro estava infestado de capoeiras de renome, como Mamede, Chico Carne Seca, Natividade, Maneta, Cá-te-Espero e o famoso Campanhão.

b. Campanhão

Campanhão era um capoeirista que matou muita gente. Certa vez, passando pelo Matadouro, viu-se à frente de um rival de nome Gigante, pertencente a uma malta de capoeiras inimiga da de Campanhão.
Gigante vinha do trabalho carregando ao ombro uma machadinha. Ao vê-lo armado, Campanhão gritou que preferia brigar com homem armado e partiu para cima de Gigante de navalha em punho.
Gigante esquivou-se e aplicou uma machadada no ombro direito de Campanhão, decepando-o.

c. Manduca da Praia

Ao contrário de muitos outros capoeiristas, Manduca da Praia nunca pertenceu a nenhuma malta de capoeira, mas inspirava temor e respeito no Rio de Janeiro.
Conhecido homem de negócios do Rio, Manduca foi processado por 27 vezes por ferimentos graves ou leves, mas sempre safou-se de punição devido a seus contatos e influência pessoal.
Eleitor da Freguesia de são José, vestia-se sempre com chapéu castor branco ou de palha, tinha os olhos grandes e injetados de sangue. De olhar compassado e resoluto, manduca era um homem confiante que nunca dispensava seu casaco de couro, sapato de bico virado, uma gravata de cor e uma bengala fina de cana-da-índia, sua única arma.
Manduca da Praia era o proprietário de uma banca de peixe na Praça do Mercado e ganhava bem. Regia as eleições de São José ditando as regras e manipulando as cédulas como se fossem de sua propriedade. Nas confusões e esfaqueamentos comuns a estas ocasiòes, Manduca era respeitadíssimo por sua habilidade.
Num famoso episódio durante uma Festa da Penha, Manduca da Praia enfrentou cinco romeiros armados de pau. Ao final da disputa, os romeiros estavam todos estendidos ou fora de ação.
O episódio mais famoso da vida de Manduca, entretanto, foi seu embate com um deputado português chamado Santana. Santana era um deputado de maneiras finas e muito cavalheiro. No entanto, era também um invencível jogador de pau e homem de força física prodigiosa. Ao ouvir falar de Manduca, Santana procurou-o para desafiá-lo. Seguiu-se violenta disputa sem que se soubesse quem foi o vencedor. O fato é que, após essa disputa, ambos foram vistos tomando cerveja e tornaram-se excelentes amigos.

d. Sampaio Ferraz

Sampaio Ferraz foi nomeado chefe de polícia em 1890, meses antes da promulgação do Código Penal. Com carta branca do Marechal Deodoro da Fonseca, Sampaio Ferraz estava decidido a acabar com os capoeiras.
Implacável, Sampaio Ferraz realmente prendeu um grande número de capoeiras, dentre os quais Juca Reis. Este era filho do Conde de São Salvador de Bocaiúva e Quintino Bocaiúva, ministro das Relações Exteriores, acabou intercedendo por Juca Reis junto a Deodoro da Fonseca. Prevaleceu a posição de Sampaio Ferraz e instaurou-se uma crise no governo de Deodoro da Fonseca.
Este episódio mereceu grande destaque na imprensa, mas não tanto quanto a famosa Guarda Negra. A Guarda Negra era composta de negros que nutriam um sentimento de gratidão para com a Princesa Isabel, que abolira a escravidão e, por associação, à monarquia. Recebendo verbas secretas da polícia e sob o comando de José do Patrocínio, a Guarda Negra tumultuava todo e qualquer evento pró república.
Outras maltas de capoeiras encarregavam-se de defender interesses eletorais específicos e seus componentes eram arregimentados por líderes temíveis. As duas maltas mais conhecidas do Rio de Janeiro eram os Nagoas e os Guaiamuns. Estes eram ligados aos republicanos, enquanto que os Nagoas eram monarquistas.

e. Ciríaco

Apesar da forte repressão de Sampaio Ferraz, que praticamente extinguiu a capoeiragem carioca, destacou-se nesse período o capoeira Francisco da Silva Ciríaco.