Química
Utilização da Radiação
Radiosótopos
Os
radioisótopos permitem estudar a fisiologia e as
transformações bioquímicas dos organismos vivos, em
condições normais e sem lhes alterar a frigidez.
A fim de utilizar os radiosótopos com segurança e sem causar
prejuízo ao paciente, é necessário levar em consideração uma
série de fatores fundamentais, tais como à meia-vida física,
meia-vida biológica e meia-vida efetiva do isótopo utilizado,
dos quais dependerá a dose recebida pelos diferentes tecidos, ou
pelo organismo todo. Também é necessário conhecer os tipos de
radiações emitidas e o comportamento metabólico da substância
administrada, fatores dos quais dependerão as possibilidades de
sua utilização para a análise de determinado fenômeno.
Isotopodiagnose
Os radioisótopos são utilizados pelos organismos vivos de maneira praticamente idêntica aos elementos químicos naturais, distinguindo-se destes, porém, pelo fato de emitirem radiações que podem ser detectadas, mesmo à distância, e através dos tecidos intactos, por meio de aparelhos especiais. Desta maneira, o radioisótopo pode ser empregado como substância traçadora, indicadora de um fenômeno biológico em estudo, servindo a radioatividade de rõtulo para acompanhar o trajeto d substância administrada, permitindo examinar o funcionamento de um órgão ou tecidos, ou de verificar as transformações da própria substância no organismo vivo pelas suas atividades metabólicas usuais.
Cintilografia:
Fornece imagens esquematizadas do funcionamento (fisiologia) dos órgãos. Uma substância radioativa é
ingerida ou injetada no paciente e se mistura nas reações
químicas do organismo. De fora, essa substância é rastreada pela radiação que emite. Sua
concentração atesta o funcionamento de um órgão na tela do
computador, onde uma escala de cores representa as variações na
captação.
Isotopoterapia
Os radiosótopos são utilizados em doses elevadas, visando o
efeito deletério da radioatividade sobre determinados tecidos.
Trata-se de um método novo de radioterapia.
Desastres Nucleares
Atualmente existem mais de quatrocentas usinas nucleares em operação no mundo a maioria no Reino Unido, EUA, França e Leste europeu. Vazamentos ou explosões nos reatores por falhas em seus sistemas de segurança provocam graves acidentes nucleares. O primeiro deles, na usina russa de Tcheliabínski, em setembro de 1957, contamina cerca de 270 mil pessoas. O mais grave, em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, deixa mais de trinta mortos, centenas de feridos e forma uma nuvem radiativa que se espalha por toda a Europa. O número de pessoas contaminadas é incalculável. No Brasil, um vazamento na Usina de Angra I, no Rio de Janeiro, contamina dois técnicos. Mas o pior acidente com substâncias radiativas registrado no país ocorre em Goiânia, em 1987: o Instituto Goiano de Radioterapia abandona uma cápsula com isótopo de césio-137, usada em equipamento radiológico. Encontrada e aberta por sucateiros, em pouco tempo provoca a morte de quatro pessoas e a contaminação de duzentas. Submarinos nucleares afundados durante a 2a Guerra Mundial também constituem grave ameaça. O mar Báltico é uma das regiões do planeta que mais concentram esse tipo de sucata.
A ausência de comunicação imediata de problemas em usinas
nucleares preocupa militantes ecológicos e cientistas no mundo
inteiro. Isso também acontece no Brasil. Em março de 1993, o
grupo Greenpeace denuncia: a paralisação da Usina Nuclear de
Angra I, em Angra dos Reis (RJ), provoca um aumento anormal de
radiatividade no interior de seu reator. Pressionada, a direção
da usina confirma a informação, mas garante que o problema não
é preocupante. No caso de Angra, o incidente serviu de alerta
para o fato de ainda não se ter estabelecido um plano eficiente
para a população abandonar a cidade em caso de acidente grave.
A poluição radiativa tem-se tornado motivo de grande
preocupação desde a última guerra mundial, uma vez que seus
efeitos podem causar sérios danos às populações vegetais e
animais nas diversas regiões da Terra.
Os produtos radiativos podem ser lançados no meio ambiente
através de:
-
à explosões atômicas;
-
à água utilizada para o resfriamento dos reatores de usinas
nucleares;
-
à detritos atômicos formados nessas usinas.
No rio Colúmbia (Estados Unidos, que recebe os efluentes da usina nuclear da Honfard, constatou-se que a contaminação inicial de uma partícula radiativa na água passava de 35 nos invertebrados aquáticos para 7.500 em patos, atingindo até 200.000 nos ovos das patas, acarretando a esterilização desses ovos.
Entre os vários poluentes radiativos, um dos mais perigosos é o
estrôncio 90, que, além de apresentar uma meia-vida
relativamente alta, é um elemento metabolizado pelo organismo de
forma semelhante ao cálcio. (Meia-vida é o intervalo de tempo
no qual a metade de um conjunto de átomos radiativos perde a
capacidade de emitir radiatividade.)
A meia-vida é bastante variável entre os elementos radiativos,
como se pode observar nos exemplos abaixo:
-
à iodo 131 - 8 dias;
-
à iodo 129 - 10 milhões de anos;
-
à estrôncio 90 - 28 anos.
Como "imitador" do cálcio, o estrôncio 90 - que pode
ser adquirido pela ingestão de leite e ovos contaminados -
aloja-se nos ossos, próximo à medida. A radiatividade emitida
pode alterar a atividade da medula óssea na produção de
células sangüíneas, com o perigo de levar o indivíduo a uma
forte anemia ou mesmo a adquirir leucemia.
O iodo radiativo (I129; I131), outro perigoso poluente, aloja-se
em especial na tireóide, reduzindo-lhe a atividade, além de
provocar processos de cancerização nessa glândula). Entende-se
por que, depois do vazamento da usina nuclear de Chernobyl (na
Ucrânia, república da então União Soviética), em abril de
1986, foi proibido o consumo de leite natural e de determinados
legumes não só na área diretamente afetada, mas também em
países vizinhos, como a Polônia e a Itália. Muitos europeus,
para se defenderem da radiação, passaram a ingerir iodo comum
juntamente com a água. Essa substância aloja-se na tireóide,
"saturando-a" e diminuindo a possibilidade de
concentração de iodo radiativo na glândula.
O perigo da radiatividade pôde ser tristemente comprovado no Brasil, em setembro de 1987. Uma bomba de césio (equipamento usado para tratamento de câncer), abandonada nas antigas instalações de uma clínica, no centro de Goiânia, foi aberta a golpes de marreta num ferro-velho. A fonte radiativa, uma pequena pastilha, com pó de césio 137, ficou exposta durante vários dias e foi intensamente manuseada, contaminando mais de duzentos pessoas. Cerca de vinte adoeceram gravemente algumas morreram. Muitas áreas da cidade ficaram contaminadas e várias casas tiveram até de ser demolidas.
Os elementos radiativos, entretanto, quando bem manipulados, podem ser muito úteis ao homem. Por exemplo, o césio 137 er o cobalto 60 são muito utilizados em tratamento de tumores cancerosos ou em bombas que se prestam à esterilização de insetos nocivos à agricultura.
O dia 26 de abril de 1986 foi marcado pelo mais grave acidente na história da energia nuclear: a explosão de um reator da central atômica de Chernobyl, situada na Ucrânia (então república da União Soviética), 700 km a sudoeste de Moscou. Centenas de pessoas foram hospitalizadas com intoxicação radiativa, muitas exibiam grandes queimaduras e outros tipos de lesões. Mais de 100.000 pessoas foram retiradas da área da usina, num raio de aproximadamente 30 km. A nuvem radiativa que se formou em conseqüência do incêndio do reator espalhou-se por grande parte da Europa. Em 1987, um balanço ainda não definitivo das conseqüências do acidente revelava sua extrema gravidade para o meio ambiente e para a saúde humana. Nos países da Escandinávia, milhares de toneladas de produtos agrícolas tiveram de ser destruídos e milhares de renas foram sacrificadas em função da contaminação radiativa; na Itália, Iugoslávia e Áustria, entre outros países, foram suspensas as vendas de produtos hortigranjeiros, carne e leite das áreas onde os níveis de radiações se mostraram elevados. Estima-se que muitas doenças hereditárias, provocadas por mutações genéticas, atingirão milhares de bebês no futuro. O balanço trágico, portanto, evidencia que o acidente nuclear de Chernobyl deverá ficar perpetuado por várias gerações no patrimônio genético da humanidade.