AS MAIORES CONQUISTAS
CONQUISTA DO PAULISTÃO 95
Ver página especial com tudo sobre a inesquecível conquista do 21° título paulista do Timão.
CONQUISTA DA COPA DO BRASIL 95
Ver página especial com tudo sobre a inédita conquista da Copa do Brasil 95.
O PRIMEIRO TÍTULO
O primeiro título a gente nunca esquece. E como esquecer um título obtido de maneira invicta, logo no começo da vida corinthiana, no segundo campeonato que disputava ? Como já foi dito, a conquista de 1914 veio sem derrotas, até mesmo sem empates, fato até então inédito nos 15 campeonatos já disputados anteriormente. E teve mais. O Corinthians foi o time que mais marcou (34), menos sofreu (8) e foi seu o artilheiro do campeonato, Neco, com 12 gols. Amílcar Barbuy era o capitão dos campeões e o mundo, perplexo com a ascensão corinthiana, entrou em guerra, a Primeira Guerra Mundial.
CAMPEÃO DO CENTENÁRIO
O Corinthians sempre foi um clube marcado pelas grandes conquistas, sobretudo no futebol. Tanto que, ainda hoje, o clube é respeitado e aceito pelos adversários como o Campeão dos Centenários, uma honraria conquistada por mérito e não por favor. Em 1922, ano do Centenário da Independência do Brasil, o clube venceu o campeonato paulista derrotando o Paulistano na final por 2 a 0. O América, que havia ganho o campeonato carioca do mesmo ano, também pleiteava a glória de ser chamado de Campeão do Centenário e propôs um duelo tira-teima com o Corinthians. Resultado: Corinthians, o campeão dos campeões do Centenário, 2 x América 0.
A glória ficou fortalecida 32 anos depois, quando o Corinthians, comprovando sua vocação para grandes façanhas, conquistou também o título de campeão paulista de 1954, ano do Quarto Centnário de fundação da cidade de São Paulo. O último jogo do torneio foi disputado em 6 de dezembro de 1967, 1 a 1 contra o Palmeiras, com gols de Luizinho e Nei. O time da época entrou para a história com a seguinte formação-base: Gilmar, Homero e Olavo; Idário, Goiano, e Roberto; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário. O técnico era o saudoso Osvaldo Brandão, que mais tarde iria levar o clube a outro título histórico (o de campeão paulista de 77).
QUEBRA DO TABU EM 77
Após a conquista de 1954, o Corinthians amargurou 22 anos de fila, até que no dia 13 de outubro de 1977, outra vez com Osvaldo Brandão como técnico, o Timão quebrou o tabu, voltando a ser Campeão Paulista.
Foram três jogos na decisão com a Ponte Preta de Campinas. No primeiro, o mineiro Palhinha, que viera do Cruzeiro, fez um gol literalmente com a cara e a coragem, no rebote de uma defesa do goleiro campineiro Carlos, e o Timão ganhou de 1 a 0. Estava tudo pronto para a festa que deveria acontecer no domingo seguinte.
Moumbi lotado por mais de 140 mil corinthianos, recorde que jamais será batido nesse estádio. Vaguinho, outro mineiro, este vindo do Atlético, faz 1 a 0 para o Corinthians. Ele havia acabado de entrar no lugar de Palhinha, desgradaçamente machucado no começo do jogo. A ponte vira para 2 a 1 e adia a festa. Nunca o Morumbi se parecera tanto com o Maracanão de 1950. Mas tinha o terceiro jogo.
Na segunda-feira, em clima de velório e tensão no Parque São Jorge, o técnico Osvaldo Brandão vai ao departamento médico para verificar o estado de Palhinha e o encontra já de saída após ter feito o tratamento. "Como é, Palha, dá pra jogar ?", pergunta o velho mestre. "Acho que não, seu Brandão. Dói até pra andar", responde o craque. "Se dá pra andar, dá pra jogar. Pior é a minha dor, que não consegue nem levantar da cama, Palha", replicou Brandão, cujo filho, paixão de sua vida, se encontrava em estado terminal, tomado por um câncer.
No último jogo, o gol milagroso foi marcado aos 36 minutos do segundo tempo por Basílio que recebeu da torcida o apelido de Pé de Anjo . O pé direito de São Basílio, o Libertador, pegou aquela bola... Foi assim : Zé Maria, o Super-Zé, cobrou uma falta na altura do bico direito da grande área, pondo ali pela marca do pênalti. São Basílio subiu aos céus e cabeceou para Vaguinho, quase na pequena área. Vagão Vaguinho pegou de esquerda e mandou a danada contra o travessão. Gol vazio, Wladimir cabeceou de volta e a bola foi de encontro à cabeça de Oscar, zagueiro-central da Ponte Preta, voltando em direção ao pé direito de São Basílio e... não queira saber mais. O embaçamento é total. Impossível descrever o que aconteceu dali por diante.
Palhinha, de fato, não conseguiu entrar em campo para a finalíssima. Mas o que ele jogou a partir daquele momento para que o time fosse campeão ficou registrado como um dos momentos mais comoventes e grandiosos da história do futebol. Ele conseguiu contagiar a equipe inteira com o relato da cena que vivera com Brandão e tirou de cada um a promessa de que o título viria e seria dedicado ao pai e ao filho, que, logo depois, faleceu.
A festa do título foi alguma coisa jamais vista. O país inteiro saiu às ruas para comemorar a conquista que tardara mas não falhara. Valia tudo. A massa ensandecida tinha um só refrão : "Corinthians campeão, pau no cú do meu patrão!" Porque no dia seguinte ninguém foi trabalhar.
Árbitro : Dulcídio Vanderlei Boschilia.
Corinthians : Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir Gonçalves e Vladimir; Russo, Luciano e Basílio; Vaguinho, Geraldão e Romeu. Técnico : Osvaldo Brandão.
Ponte Preta : Carlos, Jair Picerni, Oscar, Poloi e Ãngelo; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta (Parraga). Técnico : Zé Duarte.
Renda : CR$ 3.325.470,00 (moeda da época)
Público Pagante : 86.677
Expulsões : Rui Rei, Oscar e Geraldão.
CONQUISTA DO CAMPEONATO BRASILEIRO
A maior conquista até o momento do Corinthians foi o título de Campeão Brasileiro, inédito no clube. A decisão aconteceu no dia 16 de dezembro de 1990, no Morumbi. O Corinthians venceu o São Paulo por 1 a 0, gol marcado por Tupãzinho, aos 8 minutos do segundo tempo.
Árbitro : Edmundo Lima Filho
Corinthians : Ronaldo, Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio, Wilson Mano, Tupãzinho e Mauro (Dinei); Fabinho e Neto (Esequiel). Técnico : Nelsinho Batista.
São Paulo : Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ivan e Leonardo; Bernardo, Flávio e Raí (Marcelo Conte); Mário Tilico, Zé Teodoro e Eliel. Técnico : Telê Santana.
Renda : CR$ 106.347.700,00 (moeda da época)
Público Pagante : 100.858
Expulsões : Bernardo e Wilson Mano.
JOGOS INESQUECÍVEIS
INVASÃO DO MARACANÃ
"Ninguém sabia, ninguém desconfiava. O jogo começou na véspera, quando a Fiel explodiu na cidade. Durante toda a madrugada, os fanáticos do Timão faziam uma festa no Leme, em Copacabana, Leblon, Ipanema. E as bandeiras do Corinthians ventavam em procela. Ali, chegavam os corinthianos, aos borbotões. Ônibus, aviação, carros particulares, táxis, a pé, de bicicleta. A coisa era terrível. Nunca uma torcida invadiu outro estado, com tamanha euforia. Um turista que por aqui passasse havia de anotar no seu caderninho: "O Rio é uma cidade ocupada". Os corinthianos passavam a toda hora e em toda parte. Dizem os idiotas da objetividade que torcida não ganha jogo. Pois ganha. Na véspera da partida estava fazendo força em favor do seu time. O Fluminense era mais time. Tinha Carlos Alberto Torres, Edinho, Rodrigues Neto, Carlos Alberto Pintinho, Dirceu, Gil, Doval e... Rivellino como suas estrelas maiores. O Corinthians tinha a sua torcida. Tinha, também, o Super-Zé Maria, Wladimir, Basílio, mas, fundamentalmente, tinha a sua torcida.Portanto, estavam certos, e maravilhosamente certos os corinthianos, quando faziam um prévio carnaval. Esse carnaval não parou. De manhã, o clima era paulista. Nas ruas, as pessoas não entendiam e até se assustavam.
Então, exatamente no dia 5 de dezembro de 1976, se deu a consagração. Houve empate em tudo. No jogo e nas arquibancadas. Dos 146 mil pagantes a metade era corinthiana. Carlos Alberto Pintinho marcou o primeiro gol, aos 19 minutos de jogo. Como se sabe, o primeiro milho é sempre dele, dos pintinhos. Onze minutos depois Ruço empatou, de meia bicicleta, só para humilhar. A prorrogação, jogada num terreno encharcado pela tempestade que caiu no intervalo dos primeiros 90 minutos, ficou num conveniente 0 a 0. E vieram os pênaltis. Os quatro mosqueteiros não desperdiçaram. Dos pós-de-arroz só um marcou. Resultado: Corinthians finalista do Campeonato Brasileiro. O mundo havia assistido ao maior deslocamento humano em tempos de paz da sua história. A via Dutra, 400 quilômetros de asfalto, mudara de nome para via Corinthians. Que veio, viu e venceu."
QUEBRA DO TABU CONTRA O SANTOS
Algo parecido aconteceu em 1968, quando o Corinthians quebrou um tabu de 11 anos sem vitórias contra o Santos de Pelé no Campeonato Paulista. O Rei nega, mas certamente ele sempre foi ao menos um corinthiano pelo avesso, tanto que escolheu o Corinthians para ser o time contra quem mais vezes marcou, nada menos que 49 gols em 41 jogos. Daí aquela vitória na noite de 6 de março de 1968 ter um gosto especial. Pelé estava em campo e o Pacaembu, lotado. Paulo Borges, o Risadinha, rapidíssimo atacante que viera do Bangu, e Flávio, o Minuano, artilheiro trazido do Internacional gaúcho, fizeram os gols da vitória de 2 a 0. Quebrada a maldição, partida encerrada, a torcida foi em passeata até o Parque São Jorge e, ironia das ironias, cantava feliz: "Um dois três, o Santos é freguês!" Quem via não acreditava, olhos postos no passado. Só que, muito mais que uma gozação, o bordão era um vaticínio, típico de quem olha para frente, para o futuro. Porque daí para frente o Santos virou freguês mesmo.
VIRADA INESQUECÍVEL CONTRA O VERDÃO
Corria o ano de 1971. Era abril e fazia frio no Morumbi, era um jogo que não valia título algum, tabu nenhum, sequer uma invasão, mas foi um jogo inesquecível. Uma tarde de chumbo, cinzenta, daquelas em que nada pode dar certo. Para piorar, o Corinthians vinha mal no campeonato e enfrentaria o Palmeiras de Leão, Luís Pereira, Dudu, Ademir da Guia, César, uma verdadeira seleção. A Fiel foi ao Morumbi mais por solidariedade que por outro sentimento qualquer. Já que a catástrofe era inevitável, afundássemos todos juntos.
O primeiro tempo não ia nem pela metade e César já havia feito 2 a 0. O primeiro gol aos 27 segundos de jogo, um dos três mais rápidos na história dos gols sofridos pelo Timão. A goleada era inevitável e só não estava desenhada em cores mais fortes porque o Palmeiras preferiu brincar, dar olé, para delírio dos verdes. A massa alvinegra, que chegara desconfiada, resolveu que uma goleada era até admissível, mas que não veria calada o seu time ser desmoralizado. E tratou de recepcioná-lo com comovente ardor na volta para o segundo tempo.
Mesmo que aos trancos e barrancos, o time soube corresponder ao carinho, e o centroavante Mirandinha diminuiu o placar. Respeito é bom e a gente gosta. O Palmeiras tratou de jogar sério. Só que de repente, não mais, o menino Adãozinho, revelação dos juvenis, que acabara de entrar, acerta um tirambaço de mais de 40 metros que Leão não pode defender. O Morumbi enlouquece e a tarde fria chega a mais de 50 graus. Para gelar em seguida. Na saída do gol de empate, o ataque palmeirense tabela até que Leivinha faz 3 a 2. Era só para dar o gostinho de que era possível um milagre, pensou o mais otimista dos corinthianos. E nem ele tinha visto nada, ainda.
O Corinthians dá a nova saída e recua a bola para o volante Tião, um médio alto, frio, quase um estilista, mas que, definitivamente, não era de fazer gols. Pois Tião pega aquela bola e vai. Alguém pede na direita, ele finge que vai passar e vai. Agora o pedido vem do meio, ele olha como se fosse lançar e... vai. Da esquerda sai quase uma ordem, só que Tião não ouve e vai. Vai parar, acredite se quiser (e tem teipe para provar, ainda em preto-e-branco, que é melhor), vai parar dentro do gol de Leão com bola e tudo. Uma loucura! Três gols em menos de um minuto e meio, incluíndo aí o tempo para as devidas comemorações.
Então o jogo ficou dramático, mas ponha drama nisso. (Era como se estivesse em disputa o título universal do futebol no dia do Juízo Final e sob a arbitragem de Sua Senhoria, Reverendíssima Excelência, Sacrossantíssima Eminência, Ele mesmo, Deus Pai. Deus Filho era um dos bandeirinhas e o Espírito Santo o outro.)
Àquela altura, por todas as circunstâncias, o empate não seria um desastre para o Palmeiras e deveria ter sabor de vitória para o Corinthians. Só que o jogo não estava para condicionais. "Seria", "deveria", isso é coisa de jornalista. A única condição que todos aceitavam era ganhar. Estava escrito para ser assim e assim foi. No ultimíssimo minuto, é claro.
M-I-R-A-N-D-I-N-H-A, eis pausadamente e em alto e bom som, o nome da Justiça Divina, do redentor dos humilhados. M-I-R-A-N-D-I-N-H-A fez 4 a 3 e Deus apitou o fim do jogo.
Naquele domingo aconteceu o que ninguém supunha mais ser possível. O Corinthians ficou ainda maior. Pode ? Pois pôde. Quem viu sabe, quem não viu que veja. É imperdível, inesquecível.