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04.01.1999

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ROCK & RAP CONFIDENTIAL
Por Dave Marsh

Há algo belamente irônico quando a gravadora Sony lançou o disco Bob Dylan 1966: Live at the "Royal Albert Hall". É um belo pacote - dois discos, um acústico e um elétrico, mais de 90 minutos de boa música, com um encarte bem escrito e com grandes fotos. O concerto é um dos mais dramáticos da história. Dylan estava tocando com uma banda de rock por alguns meses e os amantes mais ortodoxos de folk na Inglaterra vieram vê-lo em ação. Finalmente, ao término do show um purista berra "Judas!". A voz se ergue tão claramente que quase te congela, imagine como deve ter soado para Dylan. Sua resposta foi imediata: "Eu não acrediiiito em você", ele devolve com desprezo, "você mente". Então ele dá início a uma rendição majestosa para "Like a Rolling Stone" como se dissesse "eu não traí nada porque eu pertenço a tudo".

Acho que é uma das maiores gravações de shows de todos os tempos. Penso assim há muito tempo - em 71, escrevi a primeira resenha da fita pirata com o show no Free Trade Hall de Manchester (por muito tempo identificada erroneamente como sendo do famoso Royal Albert Hall). Já ouvi este show em fitas de rolo, cassetes, LPs e CDs pirata. E honestamente, o show no "Royal Albert Hall" nunca soou melhor que em seu lançamento oficial.

Eis um disco que nunca existiria se não tivesse sido pirateado por 27 anos. Não apenas a música teria sido perdida, como o próprio disco sequer teria o título que tem, não fossem os piratas. E, se fosse o caso, nossa cultura - sem contar a Sony Music e Bob Dylan - estaria incrivelmente mais empobrecida.

Seria bom, pelo menos uma vez, se a Sony ou Dylan reconhecesse que os pirateiros - pelo menos essa vez - foram uma peça importante e construtiva na preservação de nossa cultura popular musical. A próxima vez que eles falarem que isso "está matando a indústria da música", talvez devamos responder, "eu não acredito em você/ Você mente".


Albert Gore, previsivelmente próximo a se tornar presidente sem se preocupar com uma eleição, tornou-se veemente em alardear a "coragem" de seu chefe, de quem revelou-se recentemente ter acariciado uma empregada bem mais jovem com a ponta de um charuto. A mulher de Al, uma voraz crítica social em outras circunstâncias, não mandou-o calar-se ainda.
Estranhamente, no entanto, Tipper Gore escreveu um artigo na página de opinião do Washington Post, em 85, em que ela destruía o rapper Ice-T porque ele cantava uma música em que pensava em acariciar uma mulher com a ponte de um isqueiro.
Claro que Bill Clinton realmente penetrou Monica Lewinsky, enquanto Ice-T apenas imaginou-se penetrando sua amante. Será que a Sra. Gore odeiam os rappers porque eles prometem mais do que podem fazer?


Joni Mitchell, em uma recente entrevista ao USA Today, sobre a indústria musical:
"O cargo mais alto vive sendo ocupado e despedido. Quando despedem estes caras, pagam milhões para eles irem embora, mais que qualquer artista é pago, mais do que pagaram pelo contrato da Janet Jackson. É uma tremenda falta de valores: "Você está despedido! Tome 60 milhões!". O que é isso? Então o dinheiro que os artistas fizeram vem sendo gasto pra pagar esses idiotas que não sabem o que fazem pra ir embora... Eis o meu ressentimento. Acho que é um assunto de liberdade civil que as companhias de disco simplesmente abandonam os artistas quando eles estão estabelecidos".


DISCOS

Revolutionary Sounds - The Essential Collection of Classic Roots Reggae 1973-1981 (Shanachie) - Uma caixa que dedica um disco aos grupos harmônicos do reggae, outro ao reggae rockers, o terceiro aos hinos rastas e o último ao dub. Um vasto panorama da grande música jamaicana que começa nos vocais dos Wailing Souls em "War" e vai até a invocação de Judy Mowatt por um poder maior em "King of Kings", passando pela história crua e doloridade de "Slavery Days", de Burning Spear. Revolutionary Sounds é uma ótima forma de começar uma coleção de reggae.

Van Halen (DCC) - Agora que esta banda (que de alguma forma chegou aos quase vinte anos de grandiosidade esporádica com dois frontmen diferentes e um baixista que só toca uma nota) está num inevitável e rápido declínio é uma boa hora para voltar a seu primeiro disco. Tudo funciona aqui: o virtuosismo exibicionista de Eddie Van Halen ("Eruption"), os manejos vaudevillianos de David Lee Roth ("Ice Cream Man"), canções rebeldes ("Jamie’s Cryin’") e puro tesão ("On Fire"). Esta estréia movida a combustível de foguete não apenas os deu uma fórmula para o futuro como os carregou ao triunfo e a paródia até, hm, um ano antes de Sammy Haggar ter sido demitido.

Time is Tight - Booker T & the MGs (Stax) - 3 discos do trabalho solo da sessão rítmica da Stax e da Volt que mostram uma banda que espremia uma tonelada de funk sulista em explosões de três minutos, um quarteto fiel à tradição que ainda inventou um som novo em folha. Além dos hits, a caixa conta com o excelente Abbey Road e medleys de James Brown, além de um disco ao vivo com a participação de Albert King e Neil Young

O Rock & Rap Confidential é um newsletter no sentido tradicional do termo e circula nas mãos de quase toda a crítica musical norte-americana. Dave Marsh, seu editor e fundador, é uma lenda-viva do jornalismo musical ianque, pois ajudou a fundar a Rolling Stone e a Spin dos anos 70, a Creem.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
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