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JOHNATTAN RICHMAN Jazz Café (Londres) - 18 de fevereiro de 1999 Por 90 O plano original era mais ambicioso, mas foi por água abaixo. A assessora de imprensa da Warner não me ligou de volta, e assim não descolei uma entrevista com Richman. Bastardos corporativos! Mas tudo bem, pelo menos o ingresso pro show ninguém podia tirar de mim. O local, Jazz Café, é muito agradável e vale ser conferido por qualquer leitor que fizer turismo aqui por essas bandas quando a situação econômica melhorar. Jantares estão disponíveis no mezzanino, enquanto o térreo dá de frente para o palco. Mas chega de propaganda barata da minha casa de shows favorita, vamos direto aos comentários do show Se você, rapaz ou garota esperto/a que se liga em música sempre lê tudo o que a gente publica aqui na 1999 (deveria, não conheço nenhum outro espaço sobre música tão democrático na rede), a essas alturas deve ter lido minha coluna (Wicked, Mate - nome bobo que só coloquei porque são duas palavras que você ouve muito sair da boca cheia de dentes tortos dos londrinos) na qual matutei sobre a exploração da indústria da música de sangue novo e velho. E a linha de raciocínio que levei naquela coluna (matutando sobre Status Quo) se aplica ao artista que estou pra comentar aqui. A pergunta é: Jonathan Richman envelheceu com dignidade? A resposta é difícil. Difícil porque é quase impossível não simpatizar com Richman, especialmente se você é daqueles que não tem vergonha de assumir que gosta mesmo é de rock. Difícil porque Richman nunca foi o tipo de artista que mira no alvo do sucesso fácil. Ele basicamente faz o que quer, e é incrível como o cara conseguiu sobreviver tantos anos assim. Jonathan Richman (ou JoJo, para os íntimos) é o tipo de artista que parece viver dentro do seu próprio universo, um universo que evoca lembranças de tempos melhores que talvez nem tenham existido e uma inocência que por vezes diverte e encanta, por vezes constrange. JoJo é um personagem, uma faceta criada por si mesmo enquanto artista que fica quase impossível desassimilar da verdadeira pessoa. Acompanhado somente de seu violão (com cordas de nylon) e de um baterista tocando um bizarro kit eletrônico (em pé), Richman começa o set com a faixa título de seu último disco, "I'm so confused". E talvez realmente esteja. Onde se encaixa um Jonathan Richman nos dias de hoje? Como um artista que entretém, respondo eu. E como entretém. Cada música é uma pequena história, um pedaço de "americana" como "Fender Stratoscaster" ou "That Summer feeling". O senso de humor típico de Richman fluíu em músicas como "I was dancing in the lesbian bar", "Nineteen in Napoles", "Pablo Picasso", "Rooming house on Venice Beach" e "Vampire girl". Outro tema típico de Richman, romances e relacionamentos, desfilou em "Let her go into the darkness", "Important in your life", "Girlfriend", "You can't talk to the dude" e "Surrender". A homenagem aos ídolos apareceu em "Velvet Underground", com direito à trechos de "Sister Ray" e "What goes on". A exótica "Egiptian Reggae", a coisa mais próxima à um hit que Richman já teve por essas bandas, também não pode faltar, assim como "Pablo Picasso", pra matar a saudade dos Modern Lovers. Aliás, fiquei espantado com a falta de "Roadrunner" e "Hospital". Estaria Richman cansado desse material? Não sei a resposta, mas uma coisa é certa: Jonathan Richman envelheceu e sabe disso. Sua música não envelheceu, mas os temas amadureceram. Foi se quase toda a inocência por vezes irritante, mas o apelo de sua música ainda é forte. Entenda Richman como ele é e divirta-se. E voltando à minha argumentação, será que o cara envelheceu com dignidade? Não me perguntem, estou tão confuso. Os textos só
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