![]() Garbage Tom Zé Câmbio Negro Catalépticos P&R Lobão Cowboys Espirituais Max Cavalera COLUNISTAS CINISMO ALTO-ASTRAL por Émerson Gasperin ESPINAFRANDO por Leonardo Panço OUTROPOP por G. Custódio Jr. PENSAMENTOS FELINOS por Tom Leão ROCK & RAP CONFIDENTIAL por Dave Marsh atenciosamente, por rodrigo lariú CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO NORTE-AMERICANO por Cassiano Fagundes WICKED, MATE por 90 BR-116 Pequenas Capitanias Comédias Outros Carnavais Por Fora do Eixo Arroz com Pequi Loniplur-RJ Das Margens do Tietê Distancity Leite Quente Londrina Chamando HISTÓRIA Leia no último volume Canalha! Miniestórias RESENHAS Damned NME Premier Festival (shows) Delgados Punk Rock Stamp Fellini (show) Plastilina Mosh Neutral Milk Hotel Fury Psychobilly Gastr Del Sol Pólux Afghan Whigs Ritchie Valens Marcelo D2/ Resist Control (show) Limbonautas Cartels Babybird Elliot Smith |
NME PREMIER FESTIVAL Entre 19 e 24 de janeiro, o tradicional Astoria, em Londres, foi palco dos shows de alguns dos maiores nomes da música alternativa mundial. O Festival NME Premier, patrocinado pelo semanário britânico New Musical Express e pela cerveja Carlsberg, apresentou mais de 0 horas de música e 24 grupos que animaram um público de mais de duas mil pessoas, em cada uma das seis noites. Apesar de o rock alternativo e o britpop pouco aparecerem nas paradas de sucesso inglesas ultimamente, o festival é uma prova de que os gêneros ainda têm um numeroso público. Com ingressos esgotados duas semanas antes da data do primeiro show, o NME Premier teve algumas de suas entradas vendidas com até 600% de ágio por alguns cambistas, tamanha a procura de quem deixou para a última hora para comprar o passaporte para ver grupos como Mercury Rev, Sebadoh ou U.N.K.L.E., os mais populares do evento. O saldo geral foi bom, com alguns shows excelentes e outros nem tanto. Mas o festival marcou história - nenhuma banda se arriscou em solos de bateria ou guitarra e o único solo presente veio das pick ups, com scratches feitos pela dupla Scratch Perverts, que fechou o NME Premier ao lado de James Lavelle, um dos cabeças do U.N.K.L.E.. DESTAQUES Elliott Smith: O americano mais adorado pelos semanários ingleses recentemente foi a primeira grande atração do festival e não decepcionou quem esperava o seu rock de tons ácidos e de belas melodias. Acompanhado pelos seus fiéis chapas do Quasi (e com a mesma cara amarrotada de quem acabou de acordar que ele sempre mostra em seus shows), Smith contagiou o público em sucessos como "Waltz # 2", "Between The Bars" e "Ballad Of Big Nothing", cantada a plenos pulmões pelos fãs. Sebadoh: Fechando a primeira e uma das mais disputadas noites do festival, o trio americano de Lou Barlow mostrou seu mesmo rock consistente e um pouco imprevisível de sempre. Talvez por ter direito a apenas uma hora de show (o que não é muito no currículo dos músicos, que já se apresentaram por duas horas e meia no mesmo Astoria em outra ocasião), a banda ficou um pouco presa a um repertório de músicas já conhecidas pelo público, como "Homemade", "Rebound" e "Flame", o atual single do grupo, já escalando as paradas inglesas. Embora tenha sido um bom show, os fãs da banda sabem que eles poderiam fazer muito melhor. Bluetones: Eles até que se esforçaram e a platéia respondeu à altura, sem parar de pular. Mas o som... É igual a outras dezenas de bandas de pop rock da Inglaterra. O Bluetones mostrou a força de suas músicas de refrões fáceis e boas batidas ideais para o mosh - ou seja, tudo o que um teenager inglês mais quer na vida. As poses sub-Damon Albarn do vocalista Mark Morriss até que não ficaram tão forçadas desta vez, mas com mais de quarenta minutos de espetáculo quem tinha mais de 15 anos e não estava pulando no meio da galera não conseguia disfarçar o cansaço. Valeu, contudo. Pelo menos foi divertido ver o trabalho que os seguranças tiveram pra controlar os adolescentes que tentavam a toda hora subir no palco. Mercury Rev: O leitor já viu um show perfeito, daqueles em que a música acaba e você fica parado de boca aberta aproveitando até os últimos acordes? Pois foi bem isso o que ocorreu na terceira noite, após o show do Mercury Rev, um dos maiores Ìcones do rock alternativo americano. Calcado nas músicas do seu fenomenal último disco, Deserter's Song, o Mercury Rev fez um show irretocável. O que se poderia esperar estava lá: lindas melodias entremeadas por toneladas de guitarras rasgantes e uma apresentação tecnicamente perfeita. Destaque para o vocalista/guitarrista Jonathan Donahue e o guitarrista Grasshopper, a alma da banda, com solos tão viscerais quanto emocionantes. No final do show, uma surpresa para os fãs mais antigos: uma deliciosa e longa versão de "Holes", um dos clássicos do grupo. inesquecível. Mogwai: Barulhento, muito barulhento. Basicamente assim pode ser definido o show do Mogwai, que fechou a penúltima noite do festival. Logo na terceira música (a primeira em que eles realmente ligaram a guitarra) um dos amplificadores do Astoria não agüentou a poluição sonora e pediu arrego, provocando uma microfonia que foi até o fim do espetáculo. O resultado foi um contraste interessante entre as melodias elaboradas do grupo escocês com o minimalismo quase animal das guitarras distorcidas no último volume. A mistura, que infelizmente não ficou bem definida no disco de estréia, atingiu seu ponto máximo durante o show, definitivamente um dos melhores do NME Premier. Idlewild: Misturando punk rock com pitadas de rock alternativo, os também escoceses do Idlewild foram a mais grata revelação do festival. No show curto e visceral, se destacou a performance animal do vocalista Roddy Woomble, que pulava, se jogava no chão e rastejava sem jamais perder o pique e a voz rouca e marcante. Com grandes influências de Pixies e Hüsker Dü, o Idlewild È uma das melhores bandas surgidas eno ano passado no Reino Unido e tem tudo para se transformar em ícone dos órfãos do grunge. É esperar para ver. BOAS SURPRESAS Quasi: A banda de abertura do festival não poderia ter sido melhor escolhida. Mais conhecida como a banda de apoio de Elliott Smith, o Quasi mostrou que também tem personalidade própria. Com uma formação básica de teclado e bateria (com uma intervenção de Smith na guitarra em algumas músicas), a dupla encantou o pequeno público que chegava para o festival com um set longo de uma espécie de free jazz hardcore. Recomendado para quem acha que o rock não tem mais salvação. Regular Fries: Os Happy Mondays voltaram!!! Isso é o que poderia pensar um turista desavisado que pintasse no show do Regular Fries, na abertura da terceira noite do festival. Os sete integrantes da banda fizeram um show em que confusão era a palavra chave. Performáticos e auxiliados no palco por uma coleção de objetos estranhos (como uma gaiola com chaves que serve como um chocalho), os Regular Fries são uma versão mais atual de bandas como Charlatans e Happy Mondays. Ainda vão dar muito o que falar. The Delgados: Eles são umas das melhores e menos badaladas bandas do escalão intermediário britânico. Sorte dos fãs, que lotavam a apresentação no segundo dia de shows e puderam assitir a uma performance clássica dos escoceses, com seus rocks melódicos de influência velvetiana. Com a participação de violoncelo e flauta, ao vivo as músicas ainda ficaram mais bonitas - sobretudo a longa versão de "Everything Goes Around The Water", cantada em coro pelo público. Llama Farmers: Os Hansons do punk-heavy metal se divertiram bastante, mas divertiram ainda mais a platéia adolescente do último dia do festival. Com som consistente, o grupo mostou eficiéncia na mistura de Pixies e Nirvana, que nem a cara de neném dos integrantes deixou margem para dúvidas. Outra boa aposta para os órfãos do grunge. DECEPÇÕES Gaydad: Os atuais queridinhos da crÌtica inglesa não passaram pelo teste de seu primeiro grande show e saíram devendo na quarta noite do festival. O vocalista Cliff Jones parecia confuso e deslumbrado com o sucesso e se perdeu em meio a caras e bocas para os fotógrafos de plantão. O único bom momento do grupo foi durante a música "To Earth With Love", o novo single, ajudando a esquentar um pouco a galera, que assitiu apática a todo o show do grupo. Bonnie Prince Billy: Era de se esperar um bom show da nova encarnação de Will Oldham, principalmente depois do lançamento de See A Darkness, o belo novo álbum como Bonnie Prince Billy. Mas ao vivo a banda não se encontrou e nem o lirismo triste de Oldham salvou a apresentação de ser uma das maiores duchas de água fria do festival. Delakota: Imitando os Happy Mondays mas sem um pingo de criatividade, o Delakota fez o pior show do NME Premier. Usando e abusando de cliches, a banda não conseguiu decolar. Culpa em grande parte das desafinadas do seu vocalista e do desencontro da cozinha, principalmente no seu grande sucesso, "C'mon Cinccinatti", que ficou irreconhecÌvel de tão ruim. U.N.K.L.E. : Fica difÌcil acreditar que James Lavelle é um gênio, como ele mesmo faz questão de afirmar. Ao se cercar dos Scratch Perverts Prime Cuts e Tony Vegas (o habitual parceiro DJ Shadow não pode se apresentar), Lavelle não precisou fazer quase nada, só ficava olhando para os scratches da dupla em cima de bases pr-gravadas e um telão com um visual meio pobre e de muito mau gosto. Enquanto Cuts e Vegas trabalhavam, Mr. Lavelle levantava os braços e brincava com a platéia. O único momento realmente legal do show foi a arrebatadora participação de Ian Brown (ex-vocalista dos Stones Roses) cantando "Be There". .Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos
autores |