Image1.JPG (15354 bytes)

01.02.1999

INFORMAÇÃO
Garbage
Tom Zé
Câmbio Negro
Catalépticos

P&R
Lobão
Cowboys Espirituais
Max Cavalera

COLUNISTAS
CINISMO ALTO-ASTRAL
por Émerson Gasperin
ESPINAFRANDO
por Leonardo Panço
OUTROPOP
por G. Custódio Jr.
PENSAMENTOS FELINOS
por Tom Leão
ROCK & RAP CONFIDENTIAL
por Dave Marsh
atenciosamente,
por rodrigo lariú

CORRESPONDENTES
INTERNACIONAIS

A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO NORTE-AMERICANO
por Cassiano Fagundes
WICKED, MATE
por 90

BR-116
Pequenas Capitanias
Comédias
Outros Carnavais

Por Fora do Eixo

Arroz com Pequi
Loniplur-RJ
Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando

HISTÓRIA
DO ROCK

Bruce Springsteen
O último show dos Beatles
Genesis
"The Way of Vaselines"

FICÇÃO
Leia no último volume
Canalha!
Miniestórias

RESENHAS
Portishead
Chico Buarque (show)

Deejay Punk-Roc
Ninja Cuts
Jon Spencer Blues Explosion
Dazaranha

Snooze
U.N.K.L.E.
Pearl Jam

New Order (show)
Rock Grande do Sul
Spiritualized
Damned
NME Premier Festival (shows)
Delgados
Punk Rock Stamp
Fellini (show)
Plastilina Mosh
Neutral Milk Hotel
Fury Psychobilly
Gastr Del Sol
Pólux

Afghan Whigs
Ritchie Valens
Marcelo D2/ Resist Control (show)
Limbonautas
Car
tels
Ba
bybird
Elliot Smith

E-MAIL

CARTAS

CRÉDITOS

atenciosamente,
Por rodrigo lariú

ATÉ O DIA E HORA (SIM, AGORA CONTAM-SE MINUTOS) QUE ESCREVI ESTA COLUNA O BRASIL NÃO TINHA IDO À FALÊNCIA

Olhando pelo microscópio. Dependendo da minha torcida, não vai. Se já é complicado fazer zine e gravadora com economia 'estável', imagina sem. Comecei a distribuir fitas cassete em 1994, nos primeiro meses do Real. Antes de fazê-lo, me lembro que meu maior problema era manter um catálogo de preços... cheguei a pensar em colocar o preço das fitas em dólar... Não votei no cara em 1994 mas votei nele agora em 1998. Não o acho o melhor dos presidentes mas estou dando um crédito à intelligentsia da PUC paulistana. Acho FHC bastante honesto e sincero quanto as possibilidades do país. Foi honesto desde o principio, até com esta briguinha de "pai do Real".

O que não consigo engolir é agora, em 1999, o cara que brigava a paternidade do plano ser inconseqüente e usar seus atos irresponsáveis como propaganda no melhor estilo brizolista. Aquela oposição destrutiva que não apresenta propostas mas fode com o barraco! E pior: se negar a pagar dívidas que ele mesmo liberou para o estado que hoje governa quando era presidente!

Olhando pelo telescópio. Deixando de lado as intrigas palacianas e tentando ver a coisa de um ângulo mais aberto, o que a situação recente mostra é que realmente chegamos num impasse. Estamos vivendo uma era de transição, daquelas que daqui há anos será estudada nos livros de História como a passagem da Era Contemporânea para a Era... (Era o quê?)

Lembra que você divide a história da humanidade em cinco Eras: a Pré-Histórica, a Antiguidade, a Média, a Moderna e a Contemporânea? Pois é, acho que o ano 2000 pelo menos para isso vai servir. O que acontece é que as estruturas políticas com as quais ainda vivemos estão ultrapassadas. São estruturas e modelos pensados na Idade Moderna, que já estão caducando seus 300 anos. O que aconteceu no Brasil no dia 13 de Janeiro, quatro dias depois de Itamar decretar moratória (a saída de Gustavo Franco e a liberação do dólar) mostra que é inadequada a velocidade das decisões políticas com a das transações financeiras. Simples mas capaz de derrubar governos. Dai vamos ao clichê: num mundo globalizado, as informações circulam rápido... Mesmo que não fosse tão rápido. Para se aprovar medidas que enxuguem os gastos do Governo já se passaram quase cinco anos (é o tempo que o Real sobreviveu artificialmente com equiparação mentirosa ao dólar).

Então veja que trama de novela esta estrutura política antiga possibilitou: Itamar diz inventar o Real, um moço mais novo e com ambições políticas se apodera do plano e vira presidente, Itamar, puto da vida, diz "I’ll be Back" e, como governador de um estado, se vinga do moço mais novo. Tudo facilitado pela estrutura política do país porque em nenhum momento a economia mundial parou.

Quando falo de estruturas políticas falo de Presidentes, Primeiros-Ministros, Governadores e qualquer outra idéia Iluminista. Veja: não há país no mundo que se salve porque não há Governo no mundo que possa ser mais rápido que a Bolsa de Valores. Mas para onde será que vamos? Como será o nome desta nova Era?

Uma coisa pode deixar Itamar e os mineiros que o apoiam (eu não acreditei mas o Samuel Rosa do Skank, que parecia inteligente, fez um discurso inflamado de apoio ao governador do estado dele num recente programa de TV) felizes: Itamar provou por A + B que agora o Brasil faz parte do Primeiro Mundo (outra idéia equivocada nesta nova Era: a de que poderemos um dia ser Primeiro Mundo). Sim, disso podemos nos vangloriar: agora o Brasil derruba bolsas do mundo inteiro. Não é legal ser chamado pelo New York Times de "Fator Brasil"? Como o Ebola, saiu das cavernas de Juiz de Fora distribuindo porretadas e secando organismos saudáveis. Somos a oitava economia do Mundo (mesmo!)... Mas, com menos destas cagadas à mineira, poderíamos em breve entrar no G-7. Ai sim, conversamos sobre este Hall Of Fame de Primeiro Mundo...

Suspirando pelo periscópio. Anyway, apesar de todo veneno contra o Devagar Franco, outra coisa ele provou: o país anda mais democrático que nunca. E também, apesar da economia engatar um turbo na frente da política, um país democrático politicamente ainda tem chances de correr atrás de uma 'democracia econômica', se não social. E, não sei se vai ficar turvo demais, mas é por isso que meu selo de fitas/ zine continua aqui no Brasil e nunca vai para Londres: aqui ainda há muito que se construir.

rodrigo lariú gosta de letras miúdas, por isso batizou seu império indie com dois emes minúsculos - midsummer madness.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

Fale conosco