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01.02.1999

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FELLINI
Abertura: Six Degrees e Divine
Teatro da Caixa (Brasília)
19 de dezembro de 1998
Por André od

Uma das sensações mais interessantes é o estranhamento (das provocadas por substâncias e acontecimentos legais) e uma das mais agradáveis é quando satisfazemos alguma vontade. No dia 19 de dezembro, eu e outros 250 felizes cidadãos assistimos ao show da banda paulistana Fellini e experimentamos estas duas sensações ao mesmo tempo.

Estranhamento porque quase todos acreditávamos ser impossível assistir a um show do grupo, dada a impossibilidade de voltar no tempo. Mas qual não foi a surpresa quando os boatos sobre a volta do Fellini para algumas apresentações tornou-se realidade, causando grande satsifação.

O show daqui aconteceu no Teatro da Caixa, um dos lugares mais agradáveis de BsB, com ótimo carpete embora ainda requeira certos cuidados como a proibição de bebidas e cigarros acesos dentro da sala de espetáculos (o que é incoerente, já que existem cinzeiros em todas as cadeiras). Antes do Fellini rolaram dois shows. Na canja do ex-brasiliense Omar Godoy, que agora toca sua one-man band Six Degrees de Curitiba, o melhor momento foi a cover de "Teu Inglês", do Fellini. E o Divine mais uma vez confirmou sua competência ao vivi, desta vez acompanhado pelo enlouquecido Zé Pedro, que chamava mais atenção pelos óculos escuros do que por sua performance.

Uns quinze minutos após o fim da apresentação do Divine, o Fellini entrou no palco. Cadão Volpato (Carlos Adão, o vocalista) apresentou a banda como sendo o Capital Inicial!!! Ainda bem que não era o Capital, mas sim três dos Fellinis originais mais outros dois músicos (Tancred, que é irmão do Thomas, e Reka, que não é irmão de ninguém do grupo).

Logo na primeira música, "Funziona Senza Vapore", foi possível presentir como seria o show: uma belíssima coletânea de todos os melhores momentos do Fellini. O que não era de se espantar, já que eles voltaram com a intenção de fazer alguns shows com suas melhores composições. O público mostrava-se em perfeita harmonia com a banda e a todo momento fazia pedidos de músicas. Os pedidos não foram totalmente atendidos. Se fossem não seriam mais músicos e sim personagens de alguma louca comédia italiana.

Acredito que os grandes momentos do show foram as músicas "Pai", "Chico Buarque Song", "História do Fogo", "Zum Zum Zazoeira" e "Rock Europeu". Mas as outras músicas não deixaram nada a daver. Miles Davis deu o ar de sua graça em "Amor Louco" e "Domingo de Páscoa". Outra surpresa (pelo menos para quem nunca havia havia assistido a um show deles) foi o bom humor do Cadão. E depois de finalizar o show e ouvir o público fazer o costumeiro berreiro pedindo bis, o Fellini voltou para cantar uma música chamada "Grandes Ilusões" (a única inédita) e fechar o set com "Pai" e "Funziona Senza Vapore".

Após 18 músicas, todos entre platéia e músicos saíram satisfeitos do Teatro da Caixa e mais uma vez ficou provado que não é necessário cobrar milhões de reais dos fãs para produzir um show de qualidade (A entrada custou R$ 10 a inteira e R$ 5 a meia). Um pouco de boa vontade e competência substituíram muito bem a ganância dos produtores habituais da cidade, que sempre pedem valores altos pelos ingressos para qualquer apresentação, até mesmo de bandas com cachês baratos(como o Fugazi, que provavelmente tocou em BsB com a entrada mais cara já cobrada por um de seus shows - pelo qual, é claro, recebeu o cachê habitual. A desculpa dada pelos organizadores do evento na época foi a de que fica muio caro trazer uma banda estrangeira para o Brasil, mas a mesma produtora d’O Último Adeus de Fellini trouxe o Superchunk e cobrou o mesmo valor do Fellini.

Se durante todo o set era possível notar a expressão de felicidade nos rostos de músicos e espectadores, um pouco após o show o baixista Thomas Pappon disse que aquela havia sido a melhor performance já feita pelo grupo. Não duvido. Algumas músicas ficaram melhores ao vivo do que nos discos. Sabendo que tudo foi gravado (e espera-se que um disco ao vivo seja lançado a partir deste show, também um dos melhores que BsB já presenciou), recomendo a quem deseja saber um pouco mais sobre o que rolou que entre na página do Divine. Se você acessar, irá encontrar um arquivo para Real Player com a música "Funziona Senza Vapore". Dá para sentir um pouco do gostinho do show e muitas abobrinhas de primeira linha sobre os dois dias que o Fellini passou em BsB.

.Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999

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