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04.01.1999

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POR FORA DO EIXO
(DF)

Por Marcos Pinheiro

Através desta coluna você vai ficar por dentro do que está rolando na cena do Distrito Federal e arredores. E para a estréia, nada melhor do que a manjada, mas necessária retrospectiva do que rolou em 1998, na cidade que foi a Capital do Rock, e hoje está entregue ao império axé music.

Tudo bem, sei que isso não é "privilégio" nosso, mas muito antes das micaretas entupirem o calendário nacional com seus carnavais fora de época, Brasília já estava pulando ao som dos trios elétricos baianos. De Luiz Caldas a É o Tchan, passando pela lambada do Beto Barbosa (que nem baiano é), tudo já foi/é moda por aqui - que me desculpem os colegas da Boa Terra, mas essa overdose já virou badtrip há muito tempo. Já são mais de 10 anos com a mesma ladainha!

O resultado dessa "lavagem cerebral" foi constatado em dezembro: o show de lançamento do novo CD do Capital Inicial, com Dinho e companhia, teve pouco mais de 400 pagantes em um local que cabia mais de 3 mil. No dia seguinte, o Chiclete com Banana era assistido por quase 10 mil pessoas. Vejam bem: estamos falando do Capital Inicial, um legítimo produto do rock Brasília anos 80. Cadê a memória do público? Não, não esperava um empate, é até covardia. Mas perder de goleada assim é duro para um velho roqueiro.

Mas o ano teve lá seus bons momentos: em março, um festival reunindo 20 bandas da cidade, de estilos diversos, como Divine, Peter Perfeito, Sem Destino, Detrito Federal (brevemente ressuscitado), Bootnafat, Rarabichuebas e Johnson’s, entre outros - mais Cigarettes, do Rio; Surto, do Ceará; e Mukeka Di Rato, do Espírito Santo - juntou mais de duas mil pessoas, pagando ingresso, em uma promoção de um programa de rádio local. Em agosto, rolou o Porão do Rock , com outras 14 bandas de Brasília - entre elas o Maskavo Roots -, assistido por cerca de cinco mil pessoas, com entrada franca.

Em setembro, o Superchunk aterrissou em Brasília, tocando para quase 800 pessoas - um ótimo público para uma banda pouquíssimo conhecida no Brasil. Foi o único show de rock internacional da temporada a baixar na cidade. Ridículo, né? Ainda tivemos o Fellini, em sua turnê-relâmpago de três apresentações pelo país, presenciado/reverenciado por apenas 200 pagantes. E mais Pato Fu, mundo livre s/a e diversas outras iniciativas menores, envolvendo bandas locais.

O rock de Brasília resiste. Falta divulgação, falta patrocínio, falta público, mas sobram bandas. No "chutômetro", são mais de duzentas em atividade no Distrito Federal, dentro de uma população de mais ou menos dois milhões de pessoas.

Em 1999 será elaborado um grande cadastro para se ter um panorama, digamos, mais científico, dessa galera. Já sabemos que o que predomina são o metal e o hardcore. Mas isso é papo para as próximas edições.


GENTE QUE RALA - Driblando as eternas dificuldades, alguns selos mantêm viva a cena rock local. A RVC, uma loja de CDs alternativos, lançou, em 1998, os discos de estréia do Sem Destino (som apunkalhado de forte conteúdo político-social) e do Surto (banda cearense de metal/hardcore). A Silvia Music (ex-Sonya Music), de propriedade do baixista Phú (ex-DFC), aposta basicamente no punk/hardcore, nas coletâneas Banana 2 e Traidô - 20 bandas tocando Ratos de Porão -, além de lançar um CD ao vivo do próprio DFC. E a Zen Records, também um estúdio de gravação, ataca em várias frentes, do reggae da Nativus ao heavy metal melódico do Dark Avenger, cujo primeiro CD foi relançado, com sucesso, em 1998.

Outros lançamentos independentes de destaque foram as estréias da guitar band Johnson’s (o CD saiu por conta própria, sem o auxílio de nenhuma gravadora) e do quarteto alternativo Divine - este com o patrocínio do prêmio Renato Russo, instituído pela Fundação Cultural, órgão vinculado ao Governo do Distrito Federal.

Cada um se vira como pode ...

CAPITAL DO RAP? - O selo local de maior sucesso, no entanto, ataca em outra frente. A Discovery - localizada em um centro comercial dominado por lojas de rock, quadrinhos, tatuagens e material para skatistas - já se tornou uma das maiores gravadoras de rap do país. Além de vender vinis e CDs de "manos" nacionais e internacionais, foi responsável por lançar grupos como Câmbio Negro, Álibi, Código Penal, Cirurgia Moral, Guind’Art 121 e Baseado nas Ruas, além do DJ Jamaika.

Ao todo são quase 30 títulos em menos de 5 anos de atividades como selo. E o que é melhor: com vendagens que chegam a 30 mil cópias de um só CD - como é o caso da estréia solo de Jamaika (ex-Câmbio Negro). O atual grupo do DJ, o Álibi, por sua vez, vendeu mais de 50 mil unidades de seus dois discos e prepara um terceiro para 1999.

O Câmbio Negro, o grupo mais famoso dessa geração rap, trocou de casa, depois de tretas pessoais-judiciais com a Discovery, que lançou seus dois primeiros álbuns - Sub Raça e Diário de um Feto. Agora, pela recém-criada Trama, quebrou um silêncio de três anos com o CD Câmbio Negro, com bala para peitar os medalhões Racionais MCs e Pavilhão 9. A periferia de Brasília pede passagem.

NATIVUS - 1998 foi o ano de um quinteto brasiliense de reggae-roots, que se tornou um fenômeno. Há menos de três anos, a Nativus começou a rodar pela cidade e, na base do "vamos juntar os amigos para fazer um luau", foi conquistando o público. Suas músicas, com mensagens enfumaçadas de paz, amor e exaltação a Brasília, já levavam mais de mil pessoas nos primeiros shows.

A backing vocal Isabela, com dinheiro em caixa, investiu na gravação de um CD independente, em 1997. Tocando pelo litoral brasileiro e vendendo o disco de mão em mão, a Nativus atraiu a atenção da Zen Records, que "bancou" uma nova prensagem. As execuções em rádio ainda eram tímidas, mas o CD já tinha vendido 30 mil cópias. Suficiente para a EMI comprar o passe da banda, em agosto, e estourá-la pelo Brasil, em canções como Presente de um Beija-Flor, Liberdade e Deixa o Menino Jogar.

Agora em janeiro, a Nativus receberá seu primeiro disco de ouro pelas, hoje, 100 mil cópias vendidas. E o verão está só começando. Em abril, deve sair o segundo CD. E uma nova leva de bandas regueiras promete estrear em 1999. Haja marijuana!

Até a próxima! Fui!

Marcos Pinheiro
Trabalha no Correio Braziliense e produz o programa de rock Cult 22, da rádio Cultura de Brasília.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
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