O mundo não acabou, então...

1999
mais que música

...mudou de novo.

Agora ficou mais fácil ainda. E melhor pra todo mundo. Todas as seções deixaram de ser páginas pra se tornar meros temas. Todo dia tem um texto novo, sobre qualquer coisa que tenha alguma coisa a ver com música. A página do 1999 agora é só uma: a mesma, sempre.

Acostume-se.

Um dos editores do 1999
que não avisou pro outro que ia fazer isso porque
teve essa idéia, se entusiasmou e quis por em prática logo!

Se você quiser escrever para o 1999 sobre QUALQUER coisa que tenha a ver com música (um show legal que você viu, um carinha que você conseguiu entrevistar, um disco que você queria mostrar pras outras pessoas, qualquer tipo de teoria, contar qualquer parte da história do rock), basta escrever para a gente.

15.AGO.1999

 

COLUNISTAS
MEGATÉRIO (agosto)
por Omar Godoy

A falência do ensino básico e a crise do rock nacional ou A noite do p* no c*

Há cerca dez anos não se faz rock decente no Brasil. Felizmente, existem algumas exceções. Virna Lisi, Chico Science & Nação Zumbi, mundo livre s/a, Pato Fu, Divine e alguns outros poucos nomes conseguiram segurar a barra de viver em um país lotado de bandas imbecis. Esta década foi marcada por letras chulas, postura machista, falta de conceito e de respeito com nossos ouvidos.

Toda esta crise cultural brasileira é reflexo da falência do ensino básico. Não há escola para os pobres e a educação da classe média continua um lixo. Só isso pode explicar o sucesso de um bando de broncos como Raimundos e Charlie Brown Jr. Para completar o lamentável quadro, a imprensa roqueira é constituída por figuras carentes de referencial. Quem escreve sobre um determinado estilo só entende daquilo, nunca poderá escrever acerca de outro tipo de música. Está cada vez mais difícil encontrar um jornalista que realmente goste do rock na sua essência.

Os fanzines também pioraram. A ousadia, característica básica da imprensa alternativa, sumiu do mapa definitivamente. Uma publicação como o zine paulista Scream & Yell chega a surpreender por colocar na capa de uma de suas edições o cantor Chris Isaak. Ganhou pontos só pelo ecletismo.

A banda mais importante da Europa no momento é o Manic Street Preachers, liderado pelo professor de História Nick Wire. Enquanto isso, no Brasil, somos agraciados com as pérolas do vocalista (?) Chorão nas páginas da maior revista de música do país. E a culpa nem é da Showbizz, pois o Charlie Brown Jr. (existe nome mais idiota do que este?) se tornou jornalisticamente interessante por ser um fenômeno entre a molecada.

Ninguém está pedindo um novo Renato Russo, mas alguém poderia aumentar um pouquinho o nível das letras? Um grupo como o Jota Quest chega a ser simpático apenas por não conter palavrões em suas canções. Tudo bem, pode não surgir um novo Cazuza. Mas seria demais pedir pelo menos um jovem Cadão Volpato?

Acabo de voltar do festival Porão do Rock, em Brasília. Entre as atrações do evento, aconteceram duas jam sessions entre os músicos da brodagem local. Foi a celebração do rock corrupto. Estava todo mundo lá. Miranda, Tom Capone, integrantes dos Raimundos, Rumbora, Maskavo Roots... Até o Loro Jones do Capital Inicial participou da festa. Foi uma pena o pessoal da recém-reagrupada Plebe Rude ter entrado naquela furada. Afinal, o quarteto brasiliense deu uma verdadeira aula de rock em seu show de retorno. Ao contrário das bandas que pulam mais do que o público, a Plebe fez uma apresentação sóbria e elegante.

A primeira jam, onde se tocou até Metallica, teve um momento glorioso. Phú, lendária figura do underground candango e ex-baixista do DFC foi ao microfone e disparou contra o mainstream roqueiro. Desceu a lenha nas gravadoras, nos grupos oportunistas e ainda soltou um sonoro "p* no c* da Plebe Rude" – para desespero da organização do festival. Aquilo sim foi uma verdadeira atitude rocker.

A noite do "p* no c* continuaria com diversos palavrões desferidos contra os pagodeiros. Uma falsa sensação de rebeldia e subversão tomou conta dos músicos. "P* no c*" do Soweto", bradou Loro Jones para uma repórter de televisão. Simplesmente ridículo. Os roqueiros de bandas como Raimundos, Rumbora e Ostheobaldo são literalmente o outro lado da moeda da crise musical brasileira. Sua postura alienada não difere em quase nada das letras sexistas dos Tchans da vida. E mais: o texto romântico de alguns artistas bregas é mil vezes superior ao conjunto de impropérios dos grupos de rock "machões".

"Você não gosta de nada", disse-me um jornalista local nos bastidores do show. Bobagem, apenas não compactuo com as barbaridades de alguns roqueiros iletrados. E muita gente pensa como eu. O reflexo foi a enorme massa de jovens presente ao festival Porão do Rock ávidos pela volta da Plebe Rude. Quem lê, estuda, pensa, não tem piercing ou tatuagem, odeia surf, skate e consegue passar mais de um dia sem fumar maconha está sem representantes na música brasileira.

O rock é existencialista, precisa de gente que cante os sentimentos e desesperos da juventude. Ninguém está esperando um messias. Só queremos alguém com quem possamos nos identificar.

Omar Godoy, 23, escreve sobre cultura pop e não gosta de ninguém.

Leia também na revista Ensaios : "A culpa é da Cyndi Lauper!"

 

Marreta (agosto) - O jazz morreu
Rolling Stones
Mercenárias
"Paul's Boutique"
"Tim Maia Racional"

Kraftwerk
Sugar Hill Records

Second Come
R.E.M.
Built to Spill
Eddie
Flaming Lips
Ultraje a Rigor
"Kurt & Courtney"
Moby
clonedt
Mark Sandman
Suede
Plebe Rude
Rentals

Pavement
MEGATÉRIO - Omar Godoy
WICKED, MATE - 90 (de Londres)

REVOLUCIÓN 1,99 - Edu K
atenciosamente, - Rodrigo Lariú
Red Hot Chili Peppers

Underworld
Prodigy
Hojerizah
Raimundos

Plebe Rude
Wilco
Little Quail
Chemical Brothers
Atari Teenage Riot

Grenade
Lulu Santos
Liam Howlett
4-Track Valsa
Chemical Brothers (show)
Yo La Tengo + Jad Fair
"Select"
Dr. John
Memê
"Drinking from Puddles"
Capital Inicial (show)
Jon Spencer Blues Explosion (show)
Homelands (festival com DJ Shadow, Underworld, Asian Dub Foudation, Chemical Brothers, Fatboy Slim, Grooverider, Faithless e outros)
Divine
"The Best of Sugar Hill Records"
Ambervisions
Amon Tobin
Sepultura/Metallica (show)
Mocket
Stereophonics
Headache
Fatboy Slim
Cassius
Paul Oakenfold
Silver Jews
Amon Tobin
Inocentes
Sepultura
Outropop
Pensamentos Felinos
Loniplur
atenciosamente,
Swervedriver e Mogwai
Comédias
Pequenas Capitanias
Por Fora do Eixo
Arroz com Pequi
Marreta?

Das Margens do Tietê
Distancity
Leite Quente
Londrina Chamando
Por Aí
T-Rex
Kurt Cobain
Bob Dylan
Nuggets
Sebadoh
Los Hermanos
Kiss (show)
Mestre Ambrósio
Jesus Lizard
Maxixe Machine
Fish Lips
Silverchair
PJ Harvey e Jon Parish (show)
Cornelius
"Post-punk chronicles"
Blur (show)
Garage Fuzz
Pólux (show)
Marcos Valle
Astromato
French Fried Funk
Sublime
Leia no último volume
Na Lata!
Miniestórias
Blur
Ira!
Sleater-Kinney
Goldie
Henry Rollins
Jon Carter
Afrika Bambaataa
O pai do rock brasileiro
Nova História do Pop
Grave sua própria fita
C86
Medo do novo
Digital Delay
No shopping com Status Quo
Fita ou demo?
Solaris
A história do indie baiano
Prot(o) e Rumbora
Monstro Discos
Carnaval e Los Hermanos
Eletrônicos e bicões
Kólica, Pupila e Total Fun
As hortas musicais de Curitiba
Ala Jovem
Brian Wilson
Limpando os remédios
Amor e Luna
Massive Attack
Blondie
"You've Got the Fucking Power"
Relespública (show)
Trap
Johnattan Richman (show)
Little Quail & the Mad Birds
High Llamas
Thurston Moore
Red Meat
Los Djangos
Bad Religion (show)
Vellocet
Jon Carter (show)
Raindrops
Jimi Hendrix Experience
Fun Lovin' Criminals
Garbage
Tom Zé
Câmbio Negro
Catalépticos
Lobão
Cowboys Espirituais
Max Cavalera
Escrever "de música"
O CD ou a vida (quase)
A bossa nova contra-ataca o Brasil
Um pouco de educação não faz mal a ninguém
Fé em Deus e pé na tábua
O Mercury Rev que não foi
Um banquinho, um violão e Dee Dee Ramone
Escalação pro Abril Pro Rock 99
Dago Red
Festivais na Bahia
Chutando o futuro de Brasília
Ê, Goiás
Pós-Rock, Teletubbies e LTJ Buken
Você sabe o que é Louphas?
Por dentro da Holiday Records
Chacina no litoral paranaense
PELVs e um blecaute
Bruce Springsteen
O último show dos Beatles
Genesis -
"The Way of Vaselines"
Vamos nos encontrar no ano 2000
Tropicanalhce
A professora com pedal fuzz
Portishead
Chico Buarque (show)
Deejay Punk-Roc
Ninja Cuts
Jon Spencer Blues Explosion
Dazaranha
Snooze
U.N.K.L.E.
Pearl Jam
New Order (show)
Rock Grande do Sul
Spiritualized
Damned
NME Premier Festival (shows)
Delgados
Punk Rock Stamp
Fellini (show)
Plastilina Mosh
Neutral Milk Hotel
Fury Psychobilly
Gastr Del Sol
Pólux
Afghan Whigs
Ritchie Valens
Marcelo D2/ Resist Control (show)
Limbonautas
Cartels
Babybird
Elliot Smith
Jesus & Mary Chain
Nenhum de Nós
Otto 
Relespública  
DeFalla
Piveti
Isabel Monteiro
Man or Astroman?
Ricardo Alexandre elocubra sobre Engenheiros do Hawaii
Camilo Rocha ri do medo da imprensa especializada
Leonardo Panço mete o pau em quem ele acha que deve meter o pau
G. Custódio Jr. fala de Flin Flon e Va Va Voon
Tom Leão dá as dicas de como se gravar "aquela" fita pra "aquela" gata
ROCK & RAP CONFIDENTIAL defende o crédito à pirataria 
Rodrigo Lariú lembra de bons shows
Festivais no Nordeste
O último show do Brincando de Deus

Conheça Belo Horizonte
98 em Brasília
Superdemo e Fellini no Rio
Uma geral no ano passado em Sampa
Cadê o público nos shows?
As dez melhores bandas de Curitiba
Pelo fim da reclamação
Black Sabbath
Burt Bacharach
"Três Lugares Diferentes" - Fellini
Beck
Mercury Rev
Jurassic 5
Sala Especial
Lou Reed (show)
Asian Dub Foundation
Belle and Sebastian
"Velvet Goldmine"

Autoramas (show)
Grenade
Chemical Brothers (show)
Cardigans
Bauhaus
Stellar

1999 é feito por Alexandre Matias e Abonico Smith e quem quer que queira estar do lado deles.

Os textos só poderão ser reproduzidos com a autorização dos autores
© 1999
Fale conosco

----- -----