Se você quiser escrever para o 1999 sobre QUALQUER coisa que tenha a ver com música (um show legal que você viu, um carinha que você conseguiu entrevistar, um disco que você queria mostrar pras outras pessoas, qualquer tipo de teoria, contar qualquer parte da história do rock), basta escrever para a gente. 11.NOV.1999 HISTÓRIA DO ROCK
Era muito bom pra ser verdade. Três anos depois de gravar seu primeiro compacto pela gravadora WEA (produzidos por Pena Schmidt), o Ira! ultrapassava as 100 mil cópias vendidas de seu segundo álbum, o alaranjado Vivendo e Não Aprendendo, de 1986. Lançado no ano do Plano Cruzado, que deu aos brasileiros a momentânea sensação de estar saindo do buraco econômico (alguma semelhança com outra realidade mais atual?), o disco caiu nas graças do ouvinte popular e graças às rádios que não eram limitadas a uma ou duas canções por lançamento (bons tempos) tornou-se um dos melhores discos brasileiros de todos os tempos. Vivendo e Não Aprendendo é um Obrigatório à parte. Das dez músicas que compõem o repertório do grupo, seis ganharam as massas: a mod Envelheço na Cidade, a pensativa Dias de Luta, a bucólica Flores em Você (que foi parar na abertura da novela das oito da Globo na época, O Outro), a groovy Vitrine Viva e a rendição ao vivo (e imortal) dos dois lados do primeiro single do grupo, os hinos Gritos na Multidão - quem já ouviu não consegue esquecer o momento que o vocalista Nasi anuncia a música para o público - e Pobre Paulista gravados ao vivo na casa de shows Broadway, em São Paulo. As quatro restantes só não foram para o rádio porque não deu tempo - mas tanto a confessional XV Anos (Vivendo e Não Aprendendo), o rhythmnblues Tanto Quanto Eu, a fatalista Casa de Papel e o clima punk/blues de Nas Ruas mostravam que não estávamos na frente de uma banda qualquer. O Ira! transpirava rock clássico. Como o Clash, o Jam, o Hüsker Dü e o Who, o quarteto paulistano saiu do rock tosco e primitivo de seus primeiros discos para mostrar-se um grupo afiado e robusto, com todos os músicos dando o máximo de si para um público fiel e cativo. Marcos Valadão - o Nasi - era um vocalista excepcional e de uma personalidade literalmente gritante. Berrando ao microfone, Nasi não transformava notas em urros, aumentando apenas o volume e a carga de energia em cada sílaba que cantava - sendo agressivo ou passivo se quisesse. Ao seu lado, um dos maiores guitarristas da história do Brasil, o canhoto Edgard Scandurra tocando sua Fender Stratocaster para destros de cabeça pra baixo, com as cordas posicionadas ao contrário do que deveriam - as agudas acima, as graves embaixo. Reza a lenda que quando criança, o pequeno Edgard começou a tocar violão às escondidas do dono do instrumento, o irmão mais velho, que era destro. Sem poder ajeitar as cordas para tocar do jeito certo, aprendeu a tocar errado e até hoje o faz assim. Através do mesmo irmão, descobriu e dominou o rock clássico, desmistificando os maiores guitarristas da história do rock já na adolescência. Mas logo descobriu seu próprio som - o punk - e entendeu que por mais rápido que solasse, precisaria por sentimento na música, às vezes deixá-la rugir grotescamente quando necessário. Entre discos dos Ramones, Clash e Sex Pistols, desaprendeu a tocar guitarra, desconstruindo, pela primeira vez, seu instrumento. Até que chegou ao Jam, que fez a conexão com o Who e estava fechado o ciclo: o segredo era liberar a energia. Se entregar por inteiro à canção, deixar o instinto dominar e tocar como se viver dependesse disso. Técnica, conhecimento musical, afinação, pureza sonora - tudo isso era acessório comparado ao ímpeto urgente que o rock imprimia nas pessoas. É a música da alma: soul music. Foi quando ele começou a entender os mods. O punk e o rock eram contra o sistema e se inspiravam numa fusão de country com blues levadas à crueza que só adolescentes irresponsáveis poderiam conseguir tocar. O mod era a favor da libertação pessoal, dos sentimentos diários, da relação com o indivíduo - e por isso mesmo buscavam na soul music, na moda, na literatura e na identidade nacional formas de afirmação própria. Era o que o rock seria se tivesse o estilo pregado pelos anos 60: internacional, liberal, intelectual, moderno. Scandurra aplicou o mod sobre seu estilo de vida e transformou o Ira - ainda sem a exclamação - na única banda mod do Brasil. Seguido por Nasi - apelido de infância -, os dois formavam uma dupla imbatível, a melhor resposta brasileira às duplas "vocalista visceral e guitar hero" como Page e Plant, Bono e Edge, Joey e Johnny, Jagger e Richards, Morrisey e Marr. Perto deles, Cazuza e Frejat pareciam tão inofensivos quanto calouros de programas de auditório. Auxiliado pela cozinha firme e forte do baixista Ricardo Gasparetto, o Gaspa, e pelo baterista André Jung (ex-Titãs, que foi trocado por Charles Gavin, que chegou a gravar o compacto Pobre Paulista/Gritos na Multidão), o Ira era um dos maiores segredos do underground paulistano. E o guitarrista era sua arma secreta. Mudança de Comportamento foi o primeiro LP que, com o hit Núcleo-Base, colocou o grupo (que passaria a assinar com o ponto de exclamação) no mapa do novo rock brasileiro. Mas ali o grupo ainda estava cru e soava como mais uma banda punk - percebiam-se as sutilezas, mas se observadas de perto. Para o segundo disco, o time formado por Pena Schmidt, Liminha e Paulo Junqueiro ajudou o grupo a tirar o melhor de si - mesmo que entre brigas históricas, assunto clássico quando o assunto é a relação entre o Ira! e seus produtores. Mas o trabalho compensou o desgaste e o resultado era evidente em Vivendo e Não Aprendendo e, em grande parte graças a Edgard, era uma banda de rock clássico. Pegue a seqüência XV Anos/Nas Ruas. Na primeira, o guitarrista começa com uma base tímida a la George Harrison, deixando a cozinha moldar a base da canção. O primeiro solo é puro Roger McGuinn (dos Byrds), enquanto o segundo (sob a volta da primeira estrofe) é puro Jimi Hendrix. Logo, a guitarra passa a disparar pedaços de riffs de surf music e depois volta ao folk da metade da canção. Nas Ruas ela começa com a urgência de um Mick Jones (do Clash) para depois mutar-se num Jimmy Page viajandão, igualmente convincente. Parte da história do rock contada em duas canções, de uma vez só, sem cronologia ou status de importância. Nivelada pela mais tradicional das Fenders, a história da guitarra era lembrada pelo ponto de vista do rock tradicional. A revolta pregada pelas letras do grupo não era contra o sistema mas uma pequena revolução pessoal. O Ira! não mirava nas massas, observava no fundo dos olhos do ouvinte e dizia verdades que ele temia saber existir. O grupo canta as indecisões da adolescência, a vontade de optar, a formação da consciência e sua escolha entre o certo e o errado: "Quando me sinto assim, volto a ter quinze anos/ Começando tudo de novo, vou me apanhar sorrindo/ Vivendo e não aprendendo/ Eis o homem e esse sou eu/ Que se diz seguro/ Que se diz maduro (...)/Eis o homem que se apanha chorando", Nasi canta sobre a felicidade, a disposição e a insegurança da juventude. Mas o que importou à gravadora WEA foi o resultado do disco nas lojas que mais tarde chegaria a 165 mil cópias vendidas, no total. Colocou o grupo para tocar no Hollywood Rock de 1988, e, num dos episódios mais infelizes da carreira do Ira!, a produção do festival desligou o som antes que eles pudessem encerrar seu show com Pobre Paulista, dedicada a um grand finale. Edgard espatifou sua guitarra no palco de raiva e o grupo vomitou sua raiva do jeito que grupos de rock clássico fazem: destruindo o próprio camarim. Esta raiva foi canalizada nas gravações do terceiro disco, Psicoacústica, que aconteceram entre novembro de 87 a janeiro de 88 nos estúdios Nas Nuvens. Era um trabalho conceitual e cerebral, aprofundando e dissecando a revolta que o Ira! via como revolução nos anos da adolescência. Mas sem de deixar de lado a pegada rocknroll, quilômetros à frente de grupos que levantavam-no como bandeira (vide Made in Brazil, Golpe de Estado, Barão Vermelho ou Tutti-Frutti), e ao mesmo tempo procurando outras possibilidades sonoras. Psicoacústica traduz o mod para o Brasil de forma definitiva e pessoal. Ao optar pelo marginal como símbolo da cultura nacional, o Ira! pinça O Bandido da Luz Vermelha, filme de Rogério Sganzerla, como centro de seu disco, como o jovem Jimmy (Phil Daniels) de Quadrophenia, do Who. No filme de Sganzerla, um amontoado de referências culturais e populares narrado como um radiojornal ininterrupto ajuda-nos a entender a história do personagem do título, um Robin Hood à brasileira baseado num homônimo verdadeiro - assassino, estuprador e assaltante, o verdadeiro Luz Vermelha não tinha o carisma do ficcional. No cinema, o bandido simpático às suas vítimas torna-se uma versão urbana e moderna do malandro do morro, vilão que vinha ficando datado. Vilão? Psicoacústica pergunta-se o tempo todo quem é o vilão da história. Questionando todas as autoridades, o disco busca a redenção do brasileiro, cada vez mais marginal, sem ter pra quem recorrer. Ao contrário do punk que arrebanhava a classe operária enquanto um todo, seguindo o caminho inverso da exploração capitalista, o Ira! buscava a reflexão individual, forçando o ouvinte a comparar seus sentimentos com os que o grupo cantava. Esta terapia de autoconhecimento é típica da cultura mod e o Ira! traduzia esta metodologia analítica para a vida do brasileiro urbano, seu principal público alvo. Mas se nos dois primeiros álbuns o conjunto cercava o ouvinte com todos argumentos em cada canção (abusando do sentimento de coletividade subliminar, transformando cada "eu" das canções num "nós" disfarçado), no novo disco, o Ira! estava disposto a explicar, uma a uma, as facetas de seu ponto de vista. Mirando em inimigos diferentes, o grupo atacava seus inimigos ao mesmo tempo em que confrontam-nos com sua versão dos fatos. Não sobrava ninguém de pé: o bom-mocismo (Receita Para Se Fazer Um Herói), a autodepreciação moral (Pegue Essa Arma), a limitação intelectual (Farto do RocknRoll),a repressão social (Manhãs de Domingo), a agressão disfarçada de ordem (Rubro Zorro) e justiça (O Advogado do Diabo) e o esquecimento (Mesmo Distante); todos eram postos no banco dos réus e tinham suas máscaras tiradas frente a sentimentos que poderiam dar margem ao egoísmo, mas que eram simples afirmações de individualidade contra uma sociedade repressora. Rubro Zorro abre o disco com golpes pesados, mostrando que o instrumental do grupo não apenas estava afiado como sólido e coeso. "Trata-se de um faroeste sobre o terceiro mundo", narra o locutor do filme de Sganzerla, sobre a segunda introdução, mais lenta e tensa que a violência rocker que abre o disco. "O caminho do crime o atrai, como a tentação de um doce" - ao contrapor crime e doce, Nasi canta sobre a transição entre a infância e a idade adulta, a irresponsabilidade adolescente indecisa entre o prazer e o fazer. O protagonista - "do paraíso, o Zorro", "um inocente na cela de gás", "tesouro dos jornais sem limite algum" - se encontra entre o bem e o mal e sua única certeza é a indecisão. Uma terra sem justiça ("bandidos estão vindo de toda parte") obriga o jovem anti-herói a procurar uma verdade. E sem poder encontrar referenciais para equilibrar-se, o "bom-homem-mau" escolhe a própria consciência, as próprias leis, para manter-se são. Luz Vermelha ou Rubro Zorro se esconde sobre o escarlate do sangue daqueles que considera inimigos para justificar a sua própria bondade. "Era tido como um bom rapaz, qual o Golem" - ao citar o ser fantástico da mitologia judaica (um ser de barro criado através da magia cabala como um escravo sem alma; uma representação metafórica da tecnologia) -, o Ira! mostra como o adolescente está à mercê daquele que primeiro o convencer (aproveitando-se da sua indecisão) e o resto do disco mostrará todas as forças que tentam dominar a mente do jovem. Musicalmente, Rubro Zorro é um rock vigoroso e tensa com referências flamencas (com vários violões se encontram em canais diferentes, postos por baixo dos outros dois dedicados ao ápice guitarrístico de Edgard). André e Gaspa mantém-se firmes mas móveis, balançando o peso por trás da canção. Durante um solo matador, Nasi cospe dicas para o protagonista (e para o ouvinte): "Seu poder racional! É na cabeça! Personal!". Você só precisa de si mesmo para saber o que é certo na vida e, para isso, use sua própria cabeça. "Sou o inimigo público número 1, por ser tão personal!" - explicita-o o vocalista, mostrando as diferenças entre sociabilidade e individualismo. Um coral sampleado dá um tom religioso ao início de Manhãs de Domingo, logo trucidado por um riff tocado com firmeza e agressividade. "Nas manhãs de domingo parece que todos olham pra você" - o clima de paranóia é o mesmo de Sunday Morning, do Velvet Underground, mas a ressaca não é moral, "parece que a noite valeu à pena/ (...) Seu rosto ainda reflete uma grande felicidade". O clima muda à metade da música, caindo à metade da velocidade, quando o jovem encontra a repressão familiar: "Sua família o esperava/ Já é hora do almoço/ Todos lhe olham/ Mas você não vê ninguém/ Sua cabeça esta em outro lugar". O clima pesado do reencontro à mesa afirma a certeza que você não está errado, mesmo que tenha que conversar sobre a noite passada com "amigos invisíveis" (tema que se tornaria base do primeiro solo de Edgard, em 1989) - "E as horas se passam: você não mudou!". "E agora o que te espera?", pergunta-se a banda antes de mostrar - com o som - que não importa: você sabe o que é melhor para você mesmo. "Nas ruas é que me sinto bem", grita Edgard (citando a própria Nas Ruas, do disco anterior), afirmando a qualidade urbana do grupo. A marcial Poder Sorriso Fama dá seqüência à descoberta da maturidade - "Estou aprendendo muito/ Confiando nas pessoas/ Um tiro pelas costas/ Poder, sorriso, fama". Paredes de guitarra e vocais são construídas ao lado da melodia, como uma trilha sonora de ruídos rock. "Ninguém sabe o que sinto", conforma-se e convence-se ao mesmo tempo. A fusão da psicodelia Beatle (graças à introdução Dear Prudence e o trompete mezzo Penny Lane mezzo jazzy) com ska de Receita Para Se Fazer Um Herói encerra o lado A explicando-se didaticamente como a sociedade cria seus mitos, ao pegar "um homem feito de nada como nós", embeber-lhe "a carne de um jeito irracional/ Como a fome, como o ódio" e entregar-lhe aos militares que "depois, perto do fim/ Levanta-se o pendão/ E toca-se o clarim/ Serve-se morto". Quem quer heróis vivos? Não a sociedade. Uma linha de baixo soturna entre chocalhos e chimbaus tratados na mixagem cria suspense para a entrada de Pegue Essa Arma. A guitarra decompõe-se em ruídos até os primeiros disparos de um solo que surge como o sol alto de um duelo caubói. "Eu sou o grito/ Estou calado/ Você me complica/ Calando sua boca" - é o instinto querendo sair do indivíduo, preso pela autocensura. "Tanta farsa, tanto roubo/ E o boy toma Coca-cola/ Tiro ianque para cima/ Me acertou na testa", berra Nasi, mostrando as conseqüências da submissão ativa - "Terceiro mundo vai explodir!", berra o anão de O Bandido da Luz Vermelha, "Quem estiver sem sapato não sobra!". Edgard coloca os vocais atrás dos de Nasi e, como Andy Gill cantava por baixo de John King (no Gang of Four), emenda: "Tudo muda. É preciso mudar/ Não é facil o perigo passar/ Sua cegueira mais e mais me complica/ Se sua roupa vale mais que a comida/ Se sua pose vale mais que uma vida". O vocalista incita a libertação ao exigir que o protagonista/ouvinte "Pegue essa arma!!", antes de cair num improviso coletivo instrumental memorável. Que arma? O instinto? O rock? Uma arma? Não - a arma que o grupo fala é sua própria individualidade, "É preciso mudar". Um riff AC/DCiano contesta o próprio rock em Farto do RocknRoll. "Eu fico tentando me satisfazer/ Com outros sons, outras batidas, outras pulsações/ O planeta é grande e eu vou descobrir/ Muitas respostas as minhas perguntas agora", canta o próprio Edgard, questionando, como um bom mod, suas próprias escolhas. Rock pesado, ele mostra porque o grupo optou por tantas diferenças sonoras mesmo sendo um grupo de rock. O scratch, feito por Nasi, substituiu o solo, enquanto André Jung bate latas procurando novas percussões. Mais tarde, o grupo abraçaria a eletrônica nesta procura por "outros sons, outras batidas, outras pulsações", que "me faça enxergar além". O vilão aqui é a estática, o comodismo, a imobilidade. Advogado do Diabo é fruto da faixa anterior. Samba de roda com rap, ela coloca André e Nasi rappeando sobre a verdadeira justiça: "Eu não sou o que dizem que sou/ Nem tu és o que dizem que és/ Me diga promotor/ O seu tempo já passou/ Quem é o vilão dessa história?", sobre pandeiro, baixo e guitarra, "Por isso poupe a pompa e olhe para si!/ Não há quem não corrompa com tanta lei assim/ A sua mesa é fina mais a minha mesa é forte/ Brincando com o destino/ Tratamento e choque!". "Atire a pedra no pequeno mas um dia você vai se queimar", Nasi canta a moral da história para depois exigir "queima!". O solo de guitarra é um dos melhores do disco, fundindo metal, pós-punk, noise, punk, rock e psicodelia. E termina a faixa com um radialista que conta a história do ponto de vista do estado: "Não adianta: tem que haver rico, tem que haver pobre/ Tem que haver branco, tem que haver negro/ Tem que haver patrão, tem que haver empregado/ Porque o povo quer assim". A psicodélica Mesmo Distante visita o primeiro disco do Pink Floyd (The Piper at the Gates of Dawn) e o disco lisérgico dos Rolling Stones (Their Satanic Majesties Request) numa balada sobre memória. "Se você não se lembra/ Então feche os olhos e sinta/ Onde quer que esteja/ O tempo vai voltar". Favorita dos fãs mais radicais do Ira!, ela fechava o disco olhando para o passado como se este fosse o futuro. O Ira! nunca mais iria tão longe. As más vendagens do disco - que não tinha um hit sequer, causando desconforto na reunião de apresentação do álbum à gravadora, e não vendeu mais que 50 mil cópias - colocaram o grupo como vilões do sucesso. Mas com um disco de capa dupla, com direito a uma capa altamente enigmática (uma espiral em verde e vermelho, cujo efeito saltava aos olhos quando colocávamos os óculos 3-D que acompanhavam o vinil), o Ira! alcançava sua maturidade musical e entrava de vez para a história do rock brasileiro. Com um disco perfeito, sem pontos baixos, sem defeitos ou lapsos - à altura da fase áurea que o grupo passava. Procure-o em sebos de vinil - o LP tem um sabor especial comparado às versões em CD (nunca na íntegra, sempre diluídas em coletâneas) que achataram o som que a produção tanto esmerou para conseguir. E ouvindo-o no volume máximo, encontre uma banda ímpar no cenário nacional. SupergrassEverything But The Girl Mr. Bungle Ira! Pin Ups Acústico Skuba Lado B especial Autoramas "Substance - 1987" "Dois" Titãs Angélica Notas do Subterrâneo (outubro) Arroz com Pequi (outubro) O Rappa Quannun Einstürzende Neubaten "Punk - A Anarquia Planetária e a Cena Brasileira" Tom Waits Andreas Kisser Retropicalismo / Mutantes/ Arnaldo & Rita "Quem com ferro fere, com ferro será ferido" Legião Urbana Stereolab Cut Chemist / Shortkut Pavement "Vocabulário de Música Pop" Red Hot Chili Peppers (show) MV Bill Thee Butchers' Orchestra Zen Arcade - Hüsker Dü Ozomatli Pato Fu Los Hermanos Nocaute Mosha (show) Down by Law Tricky / DJ Muggs Los Hermanos Grenade & Thee Butchers' Orchestra Rebeca Matta Man or Astroman? Abbey Road Os Catalépticos (show) Comunidade Ninjitsu "Esporro!" e "Guerrilha" CMJ Music Fest Pensamentos Felinos (setembro) Echo & the Bunnymen (show) Stela Campos Jim O'Rourke atenciosamente, (setembro) Luiz Gustavo (Pin Ups) Relespública (Diário de Bordo) Alex Chilton Toy Shop Martin Rev (Suicide) Yellow Submarine Punk Rock em Curitiba Grenade Mutantes Bruce Whitney (Kranky Records) Cotton Mather Por Fora do Eixo (setembro) Thomas Pappon Pequenas Capitanias (setembro) Mercury Rev (show) Paralamas do Sucesso Relespública, Mosha & Woyzeck (show) Reading 99 O maravilhoso mundo grátis "Eu vou enfiar um palavrão" Jason (entrevista) Pôneifax, Walverdes e Tom Bloch Noel & Liam Gallagher Manu Chao Jason pelo Nordeste V99 (festival com Manic Street Preachers, Orbital, DJ Shadow, Massive Attack, Mercury Rev, Gomez, Happy Mondays, James Brown, Groove Armada e Mel C) "Curitiba, Capital do Rock" Divine, Six Degrees, Moonrise e Barbarella Vermes do Limbo Sala Especial Al Green Bowery Electric Jamiroquai Flaming Lips Gong - Show de 30 anos Megatério (agosto) - A Noite do P* no C* Marreta (agosto) - O jazz morreu Rolling Stones Mercenárias "Paul's Boutique" "Tim Maia Racional" Kraftwerk Sugar Hill Records Second Come R.E.M. Built to Spill Eddie Flaming Lips Ultraje a Rigor "Kurt & Courtney" Moby clonedt Mark Sandman Suede Plebe Rude Rentals Pavement MEGATÉRIO - Omar Godoy WICKED, MATE - 90 (de Londres) REVOLUCIÓN 1,99 - Edu K atenciosamente, - Rodrigo Lariú Red Hot Chili Peppers Underworld Prodigy Hojerizah Raimundos Plebe Rude Wilco Little Quail Chemical Brothers Atari Teenage Riot Grenade Lulu Santos Liam Howlett 4-Track Valsa Chemical Brothers (show) Yo La Tengo + Jad Fair "Select" Dr. John Memê "Drinking from Puddles" Capital Inicial (show) Jon Spencer Blues Explosion (show) Homelands (festival com DJ Shadow, Underworld, Asian Dub Foudation, Chemical Brothers, Fatboy Slim, Grooverider, Faithless e outros) Divine "The Best of Sugar Hill Records" Ambervisions Amon Tobin Sepultura/Metallica (show) Mocket Stereophonics Headache Fatboy Slim Cassius Paul Oakenfold Silver Jews Amon Tobin Inocentes Sepultura Outropop Pensamentos Felinos Loniplur atenciosamente, Swervedriver e Mogwai Comédias Pequenas Capitanias Por Fora do Eixo Arroz com Pequi Marreta? Das Margens do Tietê Distancity Leite Quente Londrina Chamando Por Aí T-Rex Kurt Cobain Bob Dylan Nuggets Sebadoh Los Hermanos Kiss (show) Mestre Ambrósio Jesus Lizard Maxixe Machine Fish Lips Silverchair PJ Harvey e Jon Parish (show) Cornelius "Post-punk chronicles" Blur (show) Garage Fuzz Pólux (show) Marcos Valle Astromato French Fried Funk Sublime Leia no último volume Na Lata! Miniestórias Blur Ira! Sleater-Kinney Goldie Henry Rollins Jon Carter Afrika Bambaataa O pai do rock brasileiro Nova História do Pop Grave sua própria fita C86 Medo do novo Digital Delay No shopping com Status Quo Fita ou demo? Solaris A história do indie baiano Prot(o) e Rumbora Monstro Discos Carnaval e Los Hermanos Eletrônicos e bicões Kólica, Pupila e Total Fun As hortas musicais de Curitiba Ala Jovem Brian Wilson Limpando os remédios Amor e Luna Massive Attack Blondie "You've Got the Fucking Power" Relespública (show) Trap Johnattan Richman (show) Little Quail & the Mad Birds High Llamas Thurston Moore Red Meat Los Djangos Bad Religion (show) Vellocet Jon Carter (show) Raindrops Jimi Hendrix Experience Fun Lovin' Criminals Garbage Tom Zé Câmbio Negro Catalépticos Lobão Cowboys Espirituais Max Cavalera Escrever "de música" O CD ou a vida (quase) A bossa nova contra-ataca o Brasil Um pouco de educação não faz mal a ninguém Fé em Deus e pé na tábua O Mercury Rev que não foi Um banquinho, um violão e Dee Dee Ramone Escalação pro Abril Pro Rock 99 Dago Red Festivais na Bahia Chutando o futuro de Brasília Ê, Goiás Pós-Rock, Teletubbies e LTJ Buken Você sabe o que é Louphas? 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