Fazem quase trinta anos desde o término do Velvet Underground, uma das bandas que mais contribuiu para a estrutura do RocknRoll atual. É difícil imaginar em que pé estaria o Rock hoje se os Velvets não tivessem existido. Mais incompreensível ainda é o fato de que para muitos, inclusive dentro do próprio Rock, o Velvet tenha passado incólume, desapercebido.
Na música, assim como em quase todo o resto, normalmente o sucesso é uma questão de aritmética. Você é tão grande quanto o peso de seus números. E em quase toda sua existência, os Velvet Underground não se deram bem com números.
Entre 65 e 70, o VU gravou cinco discos de estúdio The Velvet Underground and Nico, White light/White heat, The Velvet Underground e Loaded nenhum dos quais alcançou a lista dos "Top 100". Os shows da banda se pareciam mais geralmente com pequenos recitais para amigos do que grandes concertos. Nas fitas piratas gravadas nos clubes de beira de estrada, você pode contar o número de pessoas aplaudindo depois de cada musica. E quando os Velvets finalmente chegaram fim, quietos e sem o espirito próprio da banda, em agosto de 1970 quando Lou Reed, cantor, guitarrista e compositor da banda deixou o grupo eles estavam cansados, sem grana, e lembrados apenas pelo seu curto apogeu quando protegidos do superstar da arte pop, Andy Warhol
Vale constar que naqueles cinco duros anos, o Velvet Underground mudou o RocknRoll em espetaculares e fundamentais maneiras. A formação clássica de 65-68, tendo Lou Reed, o baixista, pianista e violinista John Cale, o guitarrista Sterling Morrison e a baterista Maureen Tucker, liberou a musica do conceito paroquial e entusiasta da inocência juvenil, e introduziu o pessimismo da vida urbana e a narrativa realista na musica popular. Eles aplicaram os sons hypno-charm primitivos dos harmônicos "barulhos" nas suas músicas, amplificando a liberação sexual e a vulnerabilidade emocional em baladas de RocknRoll, com uma delicadeza subversiva, e ritmicamente expondo suas experiências em arte de alto risco com a pureza de um colibri.
O Velvet Underground também provou que no Rock, assim como em quase tudo, revolução não é uma ciência exata e grandes números não dizem toda a verdade. Dizia-se comumente que quase ninguém comprava um disco do VU quando era lançado, mas quem comprava geralmente formavam suas próprias bandas. Desses discípulos do VU pode-se incluir David Bowie, Patti Smith, Talking Heads, Iggy Pop, Joy Division (e New Order), R.E.M., U2, Sonic Youth, todos eles eram clientes regulares do La Cave, clube aonde os Velvet se apresentavam.
Todas as bandas e artistas que ingressaram de uma forma ou de outra nos ideais vanguardistas dos anos 70 e 80 têm um grande débito de influência e sacrifício com o Velvet Underground. Regravações do Velvet tem sido executada incessantemente entre os atuais gurus do Rock internacional. Dentre os famosos covers deve-se incluir David Bowie, em uma versão alta voltagem de "Im Waiting for the Man", o tratamento pastel do R.E.M. em "Femme Fatale", a versão Grung-Pop de Kurt Kobain de Here she comes now" e Mariza Monte com a romantica "Pale blue eyes".
Mas tambem tem aqueles que não formaram bandas, aqueles que comungavam o VU em privacidade ouvindo incessantemente, como quem retorna a um livro favorito e que encontrar prazer e conforto no som descompromissado e na visão intensamente em foco do Velvet. Ser um fã do VU tem sido algo como uma satisfação solitária e contínua. Enquanto houver um artista Rock na terra, a irremarcável presença do Velvet Underground Continuara viva.
Colaborador.
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