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PRECONCEITO SE APRENDE NA ESCOLA

 

Vimos assustados o caso recente do grupo de jovens que se juntam na noite para caçar gays, negros e nordestinos. Encontraram um travesti e o mataram a socos e pontapés. Eram 18 contra uma pessoa indefesa, cuja única culpa era ser diferente. Rapazes de família, com a idade de nossos filhos e netos, jovens, muito jovens e envenenados pelo preconceito. Outro caso, ainda atravessado na nossa garganta é o do índio que morreu queimado, vítima da intolerância.

 

Não conheço nenhum pai que incentive seus filhos a cometer crime. A escola incentiva seus alunos perseguir os diferentes. Fomenta a intolerância dando péssimos exemplos.

 

Tem educador que até desiste da profissão por não concordar com a cegueira e a crueldade do sistema educacional.

 

Na Escola Estadual Senador Adolfo Gordo, um professor que se diz sociólogo registrou queixa crime contra alunos que o chamaram de gay. Ele perdeu, como professor e como sociólogo, a oportunidade de dar uma boa aula contra o preconceito. Poderia ter ensinado que ser gay é uma opção do cidadão e que ninguém tem nada a ver com isso. Ensinaria os alunos a cuidar da própria vida já que somos responsáveis, perante a Deus e aos homens, por nós mesmos. Ele achou que ser chamado de gay era tão horrível.., Ser gay deverá ser pior na cabeça dos adolescentes. Lição de arbitrariedade e atestado de incapacidade. Força burra.

 

A TV Gazeta, no programa “Mulheres”, apresentou uma jovem de 240 quilos cuja maior mágoa era não ter podido estudar porque na 2ª série apanhava da classe toda, e a professora não a deixava revidar. A mãe tentou mudá-la de escola e a diretora não aceitou, alegando que uma pessoa tão gorda era monstruosa e que traumatizaria os alunos. O programa foi ao ar dia 04/10.

 

Na EMEF Theodomiro Dias, um aluno com problema de fala, mas sem problemas neurológicos, chega na 4ª série sem saber nada. Desde o 2º ano, passou a ser espancado pelos colegas e ridicularizado por ter problemas de comunicação. A escola não fez nenhum trabalho com os colegas dele e não lhe deu aula de reforço a que tem direito. Foi sendo empurrado até a 4ª série. O diretor da escola, desde o ano passado, tenta resolver o problema da maneira mais desumana, mas que é muito comum: quer que a mãe retire o aluno da escola. Ela resiste, quer que a escola assuma a responsabilidade. O caso foi parar no Conselho Tutelar do Butantã onde o diretor alegou ter esgotado todos os recursos. O único problema, agora que o aluno está fora da escola, é que ele tem um irmão na 6ª série que é bom aluno; e o diretor está fazendo a maior pressão sobre ele. Vai pagar por ter um irmão com problema de fala porque preconceito se aprende na escola.

 

 

Cremilda Estella Teixeira

 Presidente

  30/10/2000

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