Se a Secretaria da Segurança seguisse o exemplo da
Secretaria de Educação do Município ia acabar com a população carcerária. O
delegado ia perguntar muito gentilmente para o suspeito:
- Você cometeu o crime? O criminoso responderia que
não, imagine... Mandava chamar a vítima dava uma prensa nela e nunca mais ela
pensaria em denunciar.
Se parece absurdo, mas é exatamente assim que
acontece com a educação quando se denuncia um profissional do ensino. No caso
que vamos relatar é um dos bem típicos. Fomos até o SME. Ele chamou lá o
dirigente da DREM XII, mas não ouviu as testemunhas que são pessoas idôneas
representantes de 6 entidades que representam o Movimento Comunidade de Olho na
Escola Pública, a saber: D. Laura do Aczala, Sr. Marco Aurélio do Fórum da
Educação, Sr. Anderson do Brasil Melhor, Sr. Mauro do Grêmio Ser, Sr. José
Roberto (pedagogo) do Neppal e o Napa, Núcleo de Apoio a Pais e Alunos da Zona
Oeste.
Temos denunciado fatos gravíssimos de EMEF
Theodomiro Dias desde 1998. Fatos denunciados oficialmente, mas relatando os
horrores, as injustiças e os desmandos desde 1992. Sempre sem nenhum retorno.
Na mudança de gestão, a promessa foi de participação popular, honestidade,
transparecendo seriedade. A maioria acreditou e o PT aí está. Para nós não
mudou nada: nem as moscas.
Tudo começa com a educação, a violência
principalmente é originada na educação falida e abandonada.
Citamos a Theodomiro Dias porque na região do
Butantã é a que mais viola os direitos dos alunos, mas não é a única. É só um
triste e desolador exemplo de como a educação é tratada em nosso país e
principalmente em São Paulo, uma das cidades mais importantes do Brasil.
Em 1999 e 2000 foram os piores anos para a
Comunidade Escolar da Theodomiro Dias. Aulas vagas, muitas. Diziam até que mais
aula vaga do que aula dada. Todo tipo de violência cometida contra os alunos.
Mais cruel que essa direção foi a de 1995-1996 onde a direção, para diminuir um
turno, espremeu, perseguiu e humilhou pais e alunos. Alunos chegaram a ser
espancados no páteo sob os gritos da diretora. “Ele apanha porque a mãe dele é
metida a besta e reclama”. Coisa tenebrosa e digna de filme de terror. As
vítimas dispostas a denunciar em quaisquer instâncias, mas reclamar para quem?
Profissional de escola pública é protegido sob o manto da impunidade o mito da
heroína. O que o pai fala é mentira, o que o aluno fala também. O profissional
é dono da verdade absoluta. Dele ninguém duvida. Se for profissional de escola
pública então... Está feito na vida!
Em 2000, um aluno procurava vaga na Theodomiro Dias
desde Março para a oitava série, ou seja, 4º ano do Ciclo II. Os alunos da
escola contavam que vagas sobravam porque nas classes tinham só 15, 17 ou no
máximo 20 alunos. Fomos na DREM 12, delegacia da região e responsável pela
escola, e a supervisora informava que pelo computador havia registro de 46 a 54
alunos. A diferença era brutal e fizemos a proposta. Ela, a supervisora, e nós
iríamos à escola e contaríamos os alunos na classe. Eles com certeza nos informariam
desde quando as classes estavam vazias. Computador aceita tudo, qualquer número
que digitar. Insistimos tanto que ela não teve outro recurso senão matricular o
aluno na 8ª série (4º ano do Ciclo II). Ir à escola contar aluno, descobrir
possíveis alunos fantasmas, nem pensar!
Argumentamos com essa mesma supervisora que seria
melhor matriculá-lo na suplência porque ele poderia ser reprovado por faltas
por vingança. Ela não acreditou e não deu outra. Ele foi reprovado com mais de
30 alunos. A coordenadora da EMEF não aceitou nem que se protocolasse pedido de
reconsideração, ficamos indignados e na DREM XII a supervisora informou que era
por ordem dela. Isso era fim de Dezembro e ninguém tinha tido aula de
recuperação, nenhuma. Aguardamos que mudasse a administração na
esperança de que a tão decantada moral, honestidade, transparência e
participação popular fosse implantada também na SME porque entendemos que
educação é a base de tudo. Reprovaram muita gente, tudo mais ou menos como
antes. Mau-educador quando pode usar reprovação como mecanismo de vingança ele
usa mesmo!
Entre os retidos está uma aluna que não votou no
diretor na reunião do Conselho em 7 de Novembro. Nenhum aluno votou, e mesmo
assim ele foi reeleito. Nessa reunião estavam 150 pessoas, alunos e pais para
protestar ordeiramente, e a única reação era ficar de costas enquanto a
delegada da DREM XII falava.
Os “segundos” turnos fechados não foram reabertos.
Sabemos que para isso teriam que devolver os 1800 professores encostados nas
DREMs e gabinetes. Parece que o SME não quer trombar com os sindicatos e nem
mexer com os apaziguados do Maluf e Pitta.
Na DREM XII, a assessora do atual delegado é a mesma
de antes das duas administrações: “Uma espécie de oficial de gabinete afilhada
do Maluf que o PT diz que abomina”. A supervisora da Theodomiro Dias está no
lugar da supervisora dona do cargo que foi Superintendente de Educação do Dr.
Régis de Oliveira. Por isso é que acabou a fé na mudança. Não houve coragem.
Não mudaram nem as moscas!
10/Jan/2001.
Cremilda
Estella Teixeira
NAPA - Núcleo de Apoio a Pais e Alunos – tel.:
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