NAPA - NÚCLEO DE APOIO AOS PAIS E ALUNOS
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ILHA DA FANTASIA Recebemos denúncia que professores da Zona Leste estariam fazendo curso de capacitação na Ilha Solteira. O curso seria de 10 dias com 4 horas diárias e hospedagem em hotel de luxo. Ligamos para a DRE Leste II (Fone 297 3855); falamos com alguém que se identificou como Dirigente Regional. O deboche com que ele confirmou as denúncias evidencia porque o ensino público está tão ruim. Não se respeita mais ninguém. O nosso dinheiro é moído sem nenhum escrúpulo. Disse o suposto dirigente que o curso é tão interessante que todos os professores do estado de São Paulo estão fazendo. Os da Zona Leste estão indo para a Ilha Solteira e voltam queimadinhos e felizes. Contentaram-se com a Ilha Solteira, mas da próxima vez podem querer Búzios ou Fernando de Noronha. Que se dêem cursos de capacitação aos montes para professores, nós concordamos. Questionamos a necessidade de serem ministrados em estância turística tão distante. O maior número de professores está concentrado na Cidade de São Paulo; por que esses cursos não são dados aqui? Economizaríamos a estada e o transporte de milhares de pessoas. O curso de 4 horas poderia ser dado nas horas em que o professor está de folga. Ganhar um excelente curso já é lucro, ele não precisa abandonar a classe, a cidade e a família para se hospedar luxuosamente em uma estância turística como a Ilha Solteira. Professor de Marília, Campinas e Bauru fariam o curso no mesmo esquema de São Paulo, poderia ser economizado até o local do curso porque há salas vagas nas escolas - é só querer. Nas escolas da Prefeitura também. Cursos e mais cursos de capacitação. Temos receio de que a situação em São Paulo piore. Nunca a situação está tão ruim que não possa piorar. Pode ser que os professores queiram, num futuro próximo, receber o seu hollerith em casa e que não se dê ao luxo de ir à escola nem para isso. A imoralidade e a barbárie já invadiram as escolas públicas. Ao lado desses profissionais inconscientes convive a minoria: o educador sério, o cidadão responsável que escolheu a profissão de professor como seu meio de vida. Esses se encolhem literalmente esmagados. Pelo exposto nós do NAPA, não aceitamos quando o professor responsabiliza a família pelo seu fracasso. Não vamos aceitar que as autoridades do alto escalão da educação responsabilizem o aluno pobre pela má qualidade do ensino. Cremilda Estella Teixeira São Paulo, 01 de novembro de 2000 |
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