AMANHÃ PODERÁ ACONTECER COM VOCÊ

 

 

 

         Um jornal de grande circulação dá à pequena nota um espaço que passa desapercebido: menina de 9 anos dá um tiro na cabeça. Dá o nome completo da menina e diz que o motivo fora o castigo que ela sofria por causa da nota baixa na escola. Ela estava trancada no quarto, sozinha, e sabe-se lá quanta pressão sofreu antes do gesto tresloucado. O nome da escola não foi divulgado e a responsabilidade caiu sobre a pessoa que deixou a arma à vista. Para uma criança de 9 anos chegar ao gesto extremo deve ter sido muito maltratada a ponto de desistir da vida de modo tão adulto.

 

         Ir mal na escola já acaba com a auto-estima. A escola pressiona a criança e pressiona a família que, por sua vez, pressiona a criança: é um círculo vicioso onde a criança é sempre a maior prejudicada. Os alunos sofrem essa pressão de todo lado. Os maus exemplos dos adultos, a confusão emocional, própria da idade faz da droga uma saída para eles: saída para a morte. Mas no momento da agonia é a única saída.

 

         Nós estamos, com a nossa intolerância, deixando nossa juventude sem urna segunda chance e tudo começa na escola com a anuência dos pais, por comodismo. Para enfrentar a professora desumana é preciso enfrentar toda a corporação... Mais fácil é cair de pau nos filhos.

 

         Segundo caso: a mãe, avó e tio sabem que o aluno, também de 9 anos está sofrendo perseguição e sendo vítima de covardia na EMEF Theodomiro Dias. A mãe luta feito uma leoa, mas é uma luta desigual e feroz. Quando a mãe ousa contestar um professor é normal a escola toda se fechar contra o aluno, salvo as exceções. Tem sempre uma professora que não participa dessa ação nojenta em conjunto. São aquelas que nós chamamos de reserva moral das escolas e até ajudam o NAPA de forma anônima (acrescentando dados para as denúncias).

 

         Neste caso em 1998 o aluno foi barbaramente espancado na sala de aula. Fizemos Boletim de Ocorrência na 34ª Delegacia de Policia e até fomos ouvidos no Fórum de Pinheiros. Não deu em nada e a escola voltou a pressionar o aluno. Ele tem problema de “fono” (fonoaudiologia) e parece um hiperativo leve. Faz aulas de reforço no Projeto Social do Colégio Santo Américo e vai bem. Na EMEF Theodomiro Dias ele vai mal e é tratado pelos colegas como “o louquinho”, e pelo menos uma vez por semana chega em casa com o corpo todo marcado por hematomas. O aluno conta que um dia chegou a desmaiar na sala e acordou com um copo d’água na cara e risos de chacota.

 

         Foi feito um segundo B.O, na 14ª DP de Pinheiros. Nas delegacias de Polícia, tanto a da Vila Sônia como a outra, o atendimento é bom e respeitoso, mas em algum lugar enrosca e a escola não muda a conduta, certa da impunidade. A família do garoto pensa em não mandá-lo mais à escola; está em pânico e inconformada.

 

         Reflita bem ao ler este texto. Amanhã pode acontecer com Você!

 

 

São Paulo, setembro de 2000.

 

 

 

(a) Cremilda Estella Teixeira -Presidente

 

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