"Senhores
passageiros, bom dia, estamos partindo para mais uma viagem até a estação de Pedro
Nolasco em Vitória no Espírito Santo. São 12h40min sobre os trilhos num percurso de
664Km."
Destino: Vitória/ES.
Primeira parada: Barão de
Cocais (Dois Irmãos). O trem de ferro
Vitória/Minas deixa a estação pontualmente às 7h30min, pontualmente mesmo, Com
uma máquina, 19 carros e até 1.700 passageiros por viagem
ele faz o mesmo
caminho que os bandeirantes fizeram centenas de anos atrás. Dai para frente, são
12h20min (aproximadamente) onde nada se repete nos trechos entre as estações. É
um constante descortinar de fazendas desativadas, de cidades em
franco progresso e de outras que pararam no tempo. O Rio Doce é o
de sempre, caudaloso e de águas amareladas, desce bravo, formando
remansos que servem de pastos nas margens em épocas fora das chuvas.
Além de outras belas paisagens, como: represas, túneis,
serras históricas, rios e viadutos que vão sendo passados nas
janelas do trem como se uma tela de cinema, permitindo o descanso da
cabeça..
Em cada uma das paradas, são dezenas de pessoas que sobem à bordo carregadas
de pacotes e de filhos. Nas velhas estações, os moradores das pequenas cidades
aproveitam os poucos minutos de parada da máquina para faturar algum. Cada local, já tem
sua mercadoria típica: São Tomé do Rio Doce e Barra de Cuité , por exemplo, são
famosas pelas Mangas-coquinho. Quem conhece, não deixa de comprar um biscoito (enorme) de
polvilho em Aricanga.
Lá pelo final da tarde, quando o trem já está deixando Minas, para embrenhar-se no
Espírito Santo, a vista do Rio Doce encanta mais uma vez. Na cidade de Aimorés, onde os dois estados
se dividem, o prédio da estação faz lembrar filmes de época. Como em outros tempos, a
criançada do interior fica à beira da estrada esperando o trem passar. A imaginação
voa e pedras também. A diversão maior, no entanto, é colocar uma moeda no trilho para
amassa-la.
Como nem tudo são flores, a viagem não é igual para todos. Nos vagões executivos,
que chega a ser mais macio e confortável que muitos carros de passeio,
considerando o estado de nossas estradas, quem
pode pagar mais pela passagem desfruta do conforto de bancos estofados e ar condicionado.
Comissárias e garçons ficam a disposição para atender todos os desejos.
Nos vagões
econômicos, as passagens custam um pouco menos, os bancos são menos
confortáveis do que da classe executiva e as janelas tem de ficar abertas. Poucos
reclamam, mesmo tendo de conviver com as toneladas de minério.
Na maioria dos 664 quilômetros a
linha tem dois ramais. Um para a descida dos trens até o litoral e outro para a
subida rumo às montanhas de Minas. Há possibilidade da troca de trens nos
ramais ou até de desvio, o que é feito pelo Centro de Controle informatizado,
em Vitória, através de cabos comuns ou de fibra ótica. A velocidade média do
trem é de 66 a 68 km/h, considerada de segurança. Caso o maquinista queira
imprimir maior velocidade ao trem, há um equipamento que trava o motor. Ao
contrário do que parece, a máquina que puxa os carros é movida a energia elétrica
tirada de potentes geradores tocados com a combustão de óleo diesel. Uma ida e
volta a vitória consome 4.500 litros de óleo. Depois da máquina, o comboio é
composto do carro gerador de energia, carro comando, carro lanchonete que será
transformado em restaurante, os quatro carros executivos e os 12 da classe econômica.
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