Praça Carlos Gomes numa tarde de sábado,1º de abril de 1911 e surgiu o Guarani Futebol Clube. O nome já havia sido definido
por jovens estudantes que tinham como objetivo fundar um clube que representasse a cidade
de Campinas com dignidade nos torneios existentes na época.
Confirmada a fundação, os jovens passaram a discutir sobre o nome da agremiação
recém-fundada. Falou-se em Internacional, Paulistano e outros, até que o estudante de
música José Trani deu a idéia de se fazer uma homenagem ao consagrado compositor
Antônio Carlos Gomes, filho da própria Campinas (que havia falecido em 1896), dando ao
clube o nome de Guarani, nome da ópera composta por Carlos Gomes, baseada no livro
homônimo de José de Alencar, que havia feito enorme sucesso, não somente no Brasil,
como na Europa, principalmente na Itália. E o apelido Bugre surgiu em razão do Guarani ser
uma língua indígena - a figura do Índio.
Os grandes mentores dessa idéia foram
Hernane Matallo (16 anos), seu primo Vicente Matallo (18) e Pompeu de Vito (15). Durante a
citada reunião do dia primeiro de abril, Hernane, Vicent e e Pompeu convocaram alguns de
seus amigos para expor a idéia e, após os devidos esclarecimentos, convidá-los a
participar da fundação do clube.
Aderiram ao projeto: Romeo de Vito (irmão
de Pompeo, 16), Angelo Panattoni (16), Júlio Palmieri (16), Miguel Grecco (17), Alfredo
Seiffert Junior (18), José Giardini (18) e Luiz Bertoni (19), todos descendentes de
imigrantes italianos, que ganhavam a vida como operários ou eram aprendizes de alguma
profissão. Para sustentarem o time, cada um deles passou a contribuir mensalmente com 500
contos de réis.
A idéia foi aceita na hora, mesmo porque o
nome de Carlos Gomes estava até mesmo na praça onde se reuniam (o que talvez não fosse
somente coincidência, e sim sinal de um futuro brilhante) e porque Guarani era o nome de
uma tribo, cujos os índios eram dota dos de grande coragem e espírito de luta que, ainda
segundo os fundadores, viriam a caracterizar o time quando este estivesse em campo.
Os primeiros treinos do Guarani foram feitos na Praça Carlos Gomes e na Praça Correa de
Mello. Mas como era imprescindível a existência de um campo, os fundadores
"descolaram" o Ground da Vila Industrial na Rua Dr. Salles de Oliveira na
junção com a Francisco Theodoro, pertinho do jornal Diário do Povo (ao lado da Vila
São Vicente de Paulo, onde hoje há uns prédios novos). O campo da José Paulino foi
usado após o final de 1913 e ali mesmo, em 15 de julho de 1923, foi inaugurado o
"Pastinho". um local que reformado ficou como campo oficial para treinos e
jogos do Bugre.
Quanto às cores, venceu a proposta de
Romeu de Vito que, fazendo referência à grama sobre a qual se sentavam e à luz do dia
que os iluminava, deu a idéia do uniforme vir a ser verde e branco. Apesar da
aceitação, inicialmente, o Guarani viria a atuar com camisas brancas, que eram
providenciadas pelos próprios jogadores.
Aliás, a definição do primeiro uniforme
oficial completo somente se deu no dia 12 de outubro de 1911, numa eleição, vencida por
Gonçalo Alves, que definiu que o clube campineiro viria a jogar com calça branca, tendo
filetes verdes nas bordas, meias e faix a (ou cinta) verdes, camisa branca com colarinho,
gravata e punhos verdes.
No final deste mesmo ano, Giácomo Bertoni,
pai do fundador Luiz Bertoni, trouxe de Milão, na Itália, o primeiro jogo de camisas
listradas em verde e branco, e o Guarani passou, então, a usá-lo. Após a escolha das
cores, foi eleita a diretoria provisória, que duraria apenas uma semana, quando foi
alterada. A primeira diretoria: Presidente, Vicente Matallo; Secretário, Pompeo de Vito;
1º Capitão, Luiz Bertoni; 2º Capitão, Alfredo Seiffer t Júnior; 1º Fiscal, Angelo
Panattoni; 2º Fiscal, José Trani; Procurador, Julio Palmieri.
A última decisão tomada nesta primeira
reunião foi, no mínimo, curiosa: os jovens desportistas resolveram que a data oficial de
fundação do Guarani Foot-Ball Club seria a do dia seguinte, 02 de abril de 1911, já
que, desde aquela época, primeiro de abril era conhecido como "o dia internacional
da mentira", e isso poderia causar futuras gozações...
Oito dias após a primeira reunião, no dia
09 de abril de 1911, o grupo fundador reuniu-se em assembléia geral, a fim de formar uma
comissão que elaboraria o estatuto do Guarani. Além dos fundadores, estavam presentes
outros desportistas como Adalberto Sar mento, Aurélio Roveri, Francisco Olivieri, Paulino
Montandon e Raphael Iório.
Nessa Assembléia foi votada a primeira
diretoria oficial, que teria mandato de um ano, ficando assim constituída: Presidente,
Vicente Matallo; Vice, Adalberto Sarmento; 1º Secretário, Raphael Iório; 2º
Secretário, Paulino Montandon; Tesoureiro, Pompeo de Vito; 1º Capitão, Luis Bertoni;
2º Capitão, Francisco Olivieri; 1º Fiscal, Antonio de Lucca; 2º Fiscal, José Trani;
Procurador, Aurélio Roveri.
Os primeiros treinos do Guarani foram
feitos na própria Praça Carlos Gomes ou, ainda, na Praça Correa de Mello. O primeiro
campo propriamente dito surgiu quando uma comissão de dirigentes do clube conseguiu,
junto ao então prefeito Heitor Penteado, o Ground da Vila Industrial, que ficava próximo
à Vila São Vicente de Paula, mais exatamente entre as ruas Francisco Teodoro e Sales de
Oliveira.
Os próprios associados do Guarani
capinaram o gramado, montaram traves de bambu (que eram desmontadas após cada treino,
senão eram roubadas) e, finalmente, no dia 23 de abril de 1911, um domingo, puderam eles
mesmos realizar o primeiro treino nesse campo . Em 1913, o Ground da Guanabara passou a
ser o novo local de treinos. Lá, anos antes (mais especificamente em 18 de junho de
1911), havia sido realizado o primeiro jogo da história do Bugre, do qual se tem
conhecimento.
Foi contra o S. C. XV de Novembro, que saiu
vencedor por 3 a 0. As equipes: Guarani - Henrique, Bertoni e Giardini; Camões, Pereira e
Oliveira; Grecco, Gonçalo, Walter, Russo e Vito; XV de Novembro - Juca, Domingos e
Meirelles; Luca, Cormanick e Vernio; Miguel, Eurico, Langone, Luiz e Sampaio. A segunda
partida, também realizada no Guanabara, contra o recém-fundado Sport Club Corinthians
Paulista, marcou a primeira vitória do time campineiro: dois a zero. A equipe bugrina:
Oliveira, Bertoni e Gonçalo; Marotta, Nick e Camões; Miguel, Trani, Fritz, Romeo e
Grecco.
Em 1920, na gestão de Carmine Alberti, o
Guarani finalmente adquiriu, de forma definitiva, o Ground Guanabara. Para essa compra,
muito contribuiu o sócio Egydio de Souza Aranha, sobrinho da proprietária do terr eno,
que intermediou as negociações, conseguindo preço e forma de pagar mais razoáveis.
A diretoria bugrina nomeou, então, a
comissão "pró-estádio", cujo líder foi João Pereira Neto. Através de
bingos, rifas e quermesses, a citada comissão foi levantando a quantia necessária para a
construção do primeiro estádio de futebol da cidade de Camp inas, que viria a ser
inaugurado em 15 de junho de 1923. Denominado à época como "Estadium do
Guarany" (e mais popularmente conhecido como "Pastinho"), este foi, por
muitos e muitos anos, o palco de inúmeras partidas inesquecíveis na história do Bugre
campineiro.
O primeiro jogo ( conhecido
) do Guarani foi em 18 de junho de 1911 e defendiam o verde e branco: Henrique, Bertoni,
Giardini, Camões, Pereira e Pereira. Oliveira, Grecco e Gonçalo. Walter, Russo e Vito. E
o Bugrão perdeu por 3x1 para o XV de Novembro.
Os 20 mil m² do "Pastinho" foram trocados por uma área de 50 m² no Jardim
Baronesa, local onde é hoje o 'Brinco de Ouro" com capacidade para 50 mil
torcedores.
O nome Brinco de Ouro foi
dado em razão do jornalista João Caetano Monteiro Filho, dar como manchete no
jornal Correio Popular "Brinco para a Princesa". Pronto, ficou, para a
história.
O Estádio foi inaugurado em
31 de maio de 1953 num jogo contra o Palmeiras. O Guarani venceu por 3x1, com gols de Nilo
( o primeiro gol no Estádio ), Dido e Augusto. Lima descontou para o Palmeiras.
Com certeza, uma destas memoráveis
partidas foi o jogo de inauguração do estádio contra, nada mais, nada menos, o C. A.
Paulistano, de Arthur Friedenreich e Cia, clube que já havia conquistado sete campeonatos
paulistas, incluindo-se aí um tetracampeonato . O jogo foi, verdadeiramente, um
acontecimento social: os homens escolheram seus melhores paletós e chapéus, e as
mulheres seus mais bonitos vestidos a fim de presenciarem o espetáculo.
O Paulistano havia sido trazido através da
influência do benemérito bugrino Nagib José de Barros, que ainda teve a honra de apitar
a partida. A festa se iniciou com o pontapé inicial do prefeito Miguel Penteado e
terminou em delírio, delírio este vindo d a torcida campineira, que não cansaria de
comemorar o brilhante triunfo do brioso Guarani, vencedor da batalha que teria um placar
final de um a zero, gol de Zequinha, aos 41 do 2° tempo. As equipes: Guarani - Pacheco,
Joca e Tavares; Deputado, Juca e Jo aquim; Miguel, Zequinha, Barbanera, Nerinho e Pilla;
Paulistano - Tidoca, Clodoaldo e Guarany; Sérgio, Tango e Abate; Formiguinha,
Hermógenes, Friedenreich, Mestre e Netinho.
O tempo se passou e o futebol foi se
reformulando através dele. Veio o profissionalismo e as exigências para que um clube se
mantivesse foram crescendo. Dessa forma, o Guarani, que lutava para ascender à Divisão
Especial do futebol paulista (a lei de ac esso havia sido criada em 1948, dando
oportunidade às equipes do interior de participarem do Campeonato Paulista), começou a
vislumbrar novos projetos que incluíam, a princípio, a reforma ou a reconstrução do
estádio do "Pastinho".
Porém, chegou-se à conclusão de que o
terreno era impróprio para a grandeza do Bugre (mesmo porque, além disso, a rival Ponte
Preta estava construindo um estádio para 40.000 pessoas, o Moyses Lucarelli, que viria a
ser inaugurado em 1948) e uma nova comis são foi formada com o intento de conseguir um
terreno apropriado para a construção de um novo estádio. Esta comissão, liderada por
Antônio Carlos Bastos, fechou negócio com a Sociedade de Imóveis e de Administração
Ltda, trocando o terreno do Ground Guan abara por uma área de 50.400 mý na Chácara
Baronesa, no local conhecido como "Baixada do Proença", pagando ainda,
parceladamente, dois milhões de cruzeiros, referentes à diferença de valor entre os
terrenos.
Após serem feitas a sondagem e a
terraplanagem da área comprada, foi contratado o arquiteto Ícaro de Castro Melo, o mesmo
que projetou o Maracanã, para que o estádio ficasse o mais bonito e moderno possível. O
nome do estádio surgiu quase por acaso: ao ver a foto da maquete, o jornalista João
Caetano Monteiro Filho, do Correio Popular, achou o projeto parecido com um brinco, por
causa do formato arredondado, e, aproveitando-se do apelido da cidade de Campinas,
Princesa D'Oeste, batizou o estádio como "Brinco de Ouro para a Princesa". Era
quase uma brincadeira, mas a torcida bugrina gostou. Passou então a chamá-lo de
"Brinco de Ouro", e mais tarde de Brinco de Ouro da Princesa, nome que acabou se
tornando oficial.
Finalmente no dia 31 de maio de 1953, ainda
contando com improvisadas arquibancadas de madeira, inaugurou-se o portentoso estádio
"Brinco de Ouro da Princesa", com capacidade para 35 mil pessoas. O adversário
do Guarani foi o Palmeiras, e, debaixo de muita chuva, o bugre campineiro venceu por 3 a
1, cabendo ao meia-direita bugrino Nilo a honra de marcar o primeiro gol do jogo, o
primeiro no novo estádio, aos 44 minutos do tempo inicial, numa bela cobrança de falta
que deixou o goleiro palmeirense , o argentino Rugilo, a ver navios. Dido e Augusto
(Guarani) e Lima (Palmeiras) fecharam o placar.
A excelente vitória sobre o Palmeiras
deveria ser um indício de futuros sucessos, e foi: mais de vinte e cinco anos depois, o
então inimaginável dia 13 de agosto de 1978, tornaria-se o mais importante da história
do Guarani, pois, no mesmo estádio, e diante do mesmo adversário, o bugre se consagraria
Campeão Brasileiro, vencendo novamente o alviverde do Parque Antártica, só que dessa
vez por um a zero. Após esse título, uma nova reforma fez com que a capacidade do Brinco
pulasse para 50.000 pessoas e tor nando o estádio um dos maiores e mais modernos do
país.
Quando o Brinco foi inaugurado, em 1953, o
Guarani já estava na Divisão Especial. Aliás, o Bugre havia subido em 1949, sendo o
segundo clube do interior de São Paulo a ascender a esta divisão (o primeiro foi o XV de
Novembro) da qual nunca mais desceria. Este fato se transforma num grande motivo de
orgulho para a torcida bugrina ao se saber que o Guarani é o único clube interiorano que
nunca caiu para a segunda divisão.
Apesar desse feito, suas participações na
Divisão Principal não convenciam. Sua torcida teve que esperar até 1970, quando o clube
começou a se firmar entre os grandes da capital, conquistando a Taça dos Invictos,
(troféu de posse provisória concedido à a gremiação que ficasse mais jogos
consecutivos, válidos pelo Campeonato Paulista, sem ser derrotado). Fazendo campanhas
cada vez mais convincentes dentro do Estadual, o Guarani passou, então, a ter destaque
nacional.
Em 1973, foi convidado pela CBD
(Confederação Brasileira de Desportos, então entidade máxima do futebol brasileiro) a
participar do Campeonato Nacional, e não decepcionou: foi o décimo quinto entre os
quarenta participantes. Neste mesmo ano chegou às semi finais do Paulista, confirmando a
boa fase. A partir do ano seguinte, foi galgando melhores posições no Campeonato
Brasileiro, sendo 11° em 1974, 10° em 75 e 9° em 76. Caiu para a 24° colocação em 77
até chegar ao auge em 78, quando conquistou o título.
Ainda em termos de campeonatos nacionais,
foi campeão da Taça de Prata (segunda divisão) em 1981; 3° colocado em 1982 (quando o
ataque bugrino, formado por Lúcio, Careca e Êrnani Banana, devidamente acompanhado pelo
meia Jorge Mendonça, bateu o recorde de média de gols em um só campeonato (3,15),
fazendo 63 gols em 20 jogos); 6° em 84; vice-campeão em 86, perdendo apenas nos
pênaltis para o São Paulo; novamente vice em 87, quando venceu o módulo amarelo
juntamente com o Sport, perdendo para o mesmo adversário quando da final propriamente
dita; 6° em 93; e 3° em 94.
Agradecimentos aos amigos que me ajudaram a fazer esta Home Page.
Ao Javé, Matias ( o infeliz é corintiano) , Joca, Carlo, Silvio,
SergiãodaJúliaTricoloreôeô, Rafael e tantos outros que me deram uma força tremenda.
Os Textos foram retirados de reportagens de jornais diários da cidade.
As fotos antigas que estão nessa página foram gentilmente cedidas pelo Grupo de
Informação e Pesquisa Histórica do Guarani. Um belíssimo trabalho e aqui deixo um
agradecimento especial.
VIVA O BUGRE !!!!!!!!!!!!!!!
Obrigado a todos.. |