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Ednilsom Montanhole

Formação cultural

Formação cultural

A palavra cultura tem diversos sentidos, e dois deles se destacam: um popular, para traduzir o atributo de toda pessoa possuidora de conhecimentos, com formação intelectual desenvolvida; outro antropológico ou sociológico, em que a cultura é referida como comportamento social do grupo. É nesse sentido que aqui se prega a palavra.

Numerosos são os conceitos sobre cultura. O mais antigo é possivelmente o Tylor (1871): complexo total de conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outros aptidões e a hábitos, adquiridos pelo homem como membro da sociedade. Herskovits a definem com a parte do ambiente feita pelo homem; Linton, como a herança cultural, e Lowie como o total da tradução social. Mais recentemente Ashley Montagu a definiu como o modo particular por que as pessoas se adaptam ao seu ambiente; é a resposta dos homens às suas necessidades básicas. Em resumo, diz Montagu, é um modo de vida de um povo, o ambiente que um grupo de seres humanos, ocupando um território comum, criou em forma de idéias, instituições, linguagem, instrumentos, serviços e sentimentos. A cultura é sempre um complexo. Criação do homem é recebida como herança dentro do grupo em que cada pessoa nasce e adquirida ao contato com outros grupo.

Só o homem é portador de cultura, e por isso só ele a cria, a possui e a transmite. É uma herança que o homem recebe ao nascer. Desde o momento em que é posto no mundo, a criança começa a receber uma serie de influências do grupo em que nasceu: as maneiras de alimentar-se; o vestuário; a cama ou a rede para dormir, a língua falada, a identificação de um pai e de uma mãe, e assim por diante. À proporção que vai crescendo, novas influências desse mesmo grupo, vai recebendo, de modo a integrá-la completamente na sua sociedade, da qual participa como uma personalidade através da posição ou papel que nela exerce. Se individualmente o homem age como reflexo de sua sociedade, faz aquilo que é normal e constante nessa sociedade, quanto mais nela se integra, mais adquire novos hábitos, capazes de fazer com que se considere um membro dessa sociedade, agindo e atuando dentro dos padrões estabelecidos. Esses padrões são justamente a cultura da sociedade em que vive.

Padrão cultural é um expressão que se refere, em antropologia, à soma total das atividades-atos, idéias, objetos de um grupo; ao ajustamento de diversos traços e complexos de uma sociedade.

Através do padrão cultural se evidencia a originalidade das culturas, ou, em particular, de cada cultura; identifica-se o que há de específico ou de peculiar numa cultura. É em torno dele que se formam as diferentes atividades de cada grupo humano, as quais, entre si, constituem uma unidade funcional. Surgem então no quadro do padrão cultural, os complexos e os traços. Os complexos de cultura são aqueles conjuntos de traços culturais, intimamente ligados entre si, que formam unidade de função. Em termos mais rigorosamente técnicos, o complexo cultural pode ser definido como o conjunto variável de fenômenos interdependentes que concorrem para formar o perfil cultural próprio de uma área antropológica mais ou menos definida. O traço cultural, de seu lado, são os atos, e objetos individuais ou específicos que constituem a manifestação expressa de uma cultura. É unidade desta. Um grupo de traços culturais formam o complexo. Pode-se, assim, no quadro cultural brasileiro, caracterizar o futebol como um complexo de diferentes traços: a bola, o número de jogadores, o campo com dimensão prefixada, a existência de metas. De seu lado, cada complexo, se relaciona com outros, e dessa inter-relação surge o padrão cultural de uma sociedade ou de um grupo. Entretanto, a maioria dos autores considera o traço como a unidade menor, e, por isso mesmo, aquele que, dentro de uma cultura, mais facilmente se difunde a outra cultura. Nessa difusão o traço pode conservar a sua forma e mudar seu uso. A forma é o aspecto passivo, observando e transmitido, do traço cultural; o uso é o aspecto dinâmico, as relações com as coisas externas da cultura. O padrão cultural é, em suma, aquele conjunto de valores que caracteriza uma cultura em relação com outras culturas. Os novos elementos introduzidos tratarão sempre de acomodar-se aos modelos originais; isso se verifica tanto em povos desenvolvidos ou chamados civilizados, consciente de suas características nacionais, como em povo selvagens ou chamados primitivos. Esse conjunto de valores é o que pode ser chamado de espírito da cultura. Por essa razão, modernas correntes antropológicas substituem o conceito de padrão cultural pelo de personalidade.

Dialeto - Le Ciàcole del Gazetin

Provérbios Vênetos extraídos do livro "Proverbi Veneti" de G. A. Cibatto - ed. 1951.

(dialeto veneziano - séc. XVI)

  1. Un pare mantien seti fioi, e sete fioi no xe boni da mantegner un pare.
    Um pai mantém sete filhos, mas sete filhos não mantém um pai.
  2. Né dona senza amor, né vecio senza dolor.
    Não há mulher sem amor, nem velho sem dor.

  3. Uno solo no sta bem gnanca in paradiso.
    Sozinho, não se está bem nem no paraíso.

  4. No gh’è sabo senza sol
    No gh’è puta senza amore
    No gh’è un prà senza erba
    No gh’è camisa de vencia senza merda
    Não há sábado sem sol
    Não há moça sem amor
    Não há prado sem erva
    Não há roupa de velho limpa
  5. El vin l’è ‘late dei veci.
    O vinho é o leite dos velhos.
  6. Bacalà a la visentina, bom de sera e de matina.
    Bacalhau à Vicentina, é bom de noite e bom de dia.

  7. Co poco se vive e co gnente se more.
    Com pouco se vive e com nada se morre.

  8. El tempo e la rason xe sempre del paron.
    O tempo e a razão são sempre do patrão.

  9. Gh’è più zorni che luganega.
    Existem mais dias que salames.
  10. La lingua no ga osso ma la rompe i ossi.
    A língua não tem osso, mas quebra os ossos.

 

Texto gentilmente cedido por Palmiro Sartorelli Neto (palmiro@aguianet.com.br)