Quem vive o Tantra busca mais a morte que a vida. Isso pode parecer estranho e assustador, mas para o Tantra só pode realmente viver quem já morreu. Pois na verdade a morte é o nascimento do Ser. Quem morre é o ego. O ego é pequeno, é falso, é tudo aquilo que nós realmente não somos. Está sempre no passado e no futuro. O Ser está no presente. Ele é existência. Ele é silencioso. Ele é apenas. Por isso o Tantra valoriza mais a morte que a vida. Quanto menos somos para o mundo, mais somos para a existência. Isso não significa renúncia no sentido religioso da expressão. É algo que acontece muito expontaneamente à medida que se experimenta cada vez mais todo tipo de prazer do campo relativo da vida. Como o Ser supera o mais refinado prazer relativo, automaticamente se chega ao estado de não experiência, chamado consciência pura. Para o Tantra a morte significa dissolução. Quando morremos, voltamos ao nosso estado original de bem-aventurança absoluta. Por isso o Tântrico não teme a morte. Simplesmente a espera, consciente de que na verdade ela é um começo. E para aquele que conseguiu libertar-se da ilusão nesta vida ela é um começo definitivo. Isso significa nunca mais ter que nascer, e isso é a real libertação.