AJUDAR...
Emerson Aguiar
Mestrando
em Filosofia
Conta
um sábio autor indiano: “Era um homem de boas intenções,
mas mesquinho, sempre atormentado com o seu futuro.
Um
dia, quando estava no banco, ele perguntou ao caixa:
-
Não se sente feliz quando as pessoas fazem depósitos?
-
Não, senhor.
-
E quando tiram o dinheiro?
-
A mesma coisa... Não sinto qualquer preocupação ou
alegria. Eu sei que tudo pertence ao banco e a seus proprietários.
Estou aqui só para contar e prestar contas. Ganhos e perdas não
me dizem respeito. Sei que a nenhum cheque autêntico é recusado
pagamento.
Assim
que o homem rico saiu do banco, um homem cego acercou-se dele e pediu uma
moeda.
Ele
pensou um pouco e deu-lhe uma cédula. Uma voz vinda de seu interior
falou: ‘Não é este mundo o Banco do Todo Poderoso e eu seu
caixa? Lucros e Perdas não devem ser para mim causa de mínima
preocupação. Eu devo pagar todos os cheques Divinos emitidos
ao pobre, ao necessitado e ao incapacitado’”.
Na
vida existem meios e existem fins. Quando eles são confundidos,
a confusão e a desarmonia se instalam. Um exemplo bem visível
disso é o dinheiro. Ele é um meio. Porém, muitos o
transformam em um fim. E o resultado inevitável disso é
a dor.
Quando
uma pessoa dedica a sua existência à perseguição
da riqueza como um fim em si mesma, ela anula, através de seu próprio
comportamento, todas as suas possibilidade honestas, lícitas e naturais
de obter a prosperidade. A abundância, inclusive a material, é
algo que vem a reboque de uma atitude de Desprendimento e de Generosidade.
A abastança material não vem para aquele não está
pronto para administrá-la, pelo menos não através
de expedientes imaculados.
Quando
fazemos a nossa parte, trabalhando alegremente pelo nosso próprio
sustento, Deus nos provê de tudo o que for necessário tanto
para a sobrevivência do nosso corpo e de nossos dependentes
quanto para as experiências existenciais pelas quais precisemos passar.
Não
é sábio desejar o que Deus não deseja para nós.
Não vai aqui nenhuma pérola de conformismo, mas apenas uma
ponderação. Um homem espiritualmente amadurecido e responsável
sabe que a riqueza pode se constituir numa dura prova. Por isso ele não
a requisita a Deus, pois sabe que, se for preciso que ele passe pela experiência
da riqueza para que a sua alma cresça, ela acontecerá espontaneamente.
Assim, se ela surge, ele pede inspiração para que possa aproveitá-la
bem no sentido de desenvolver as suas próprias virtudes dentro do
caminho que Deus lhe reservou.
A
riqueza é possível. Claro que sim. Tão possível
que, se ela estiver no projeto de Deus para a nossa vida, nós a
obteremos sem precisarmos nos desesperar para isso.
Para
quem está pronto, a abundância financeira se constitui na
possibilidade de ajudar muitas pessoas. Porém, para aquele que não
está, ela trás apenas um número ainda maior de problemas.
O indivíduo que não sabe atribuir ao dinheiro o seu devido
papel, complica a sua própria vida e também a da sociedade,
pois faz com que muitos sejam privados de bens essenciais a sua sobrevivência
física.
Para
um indivíduo avarento, ganancioso e sem escrúpulos, o melhor,
para o seu próprio bem e o da coletividade na qual está inserido,
é que fique distante das grandes somas de dinheiro. Pois, do contrário,
quanto maior for a fortuna que ajuntar, maiores serão os prejuízos
provocados pela sua obsessão financeira. E, como todo sofrimento
retorna para aquele que o provoca, cada choro de criança faminta,
cada família desabrigada e cada privação decorrente
de sua ambição insana se converterá num fardo doloroso
que terá de amargar como recompensa pelas iniqüidades que praticar.
Todos
sabemos que um bêbado não deve ser posto para vigiar uma adega.
Sempre
que alguém mesquinho e despreparado para a riqueza detém
vastos recursos materiais, ali não está presente a Benção
de Deus. A Providência jamais se engana. Ela não autoriza
que uma pessoa repleta de vícios tenha acesso à opulência.
Quando um indivíduo moralmente indigente consegue reunir um enorme
patrimônio material, ele o faz por sua própria conta, ou seja,
roubando, trapaceando e cobiçando.
Qual
o critério utilizado por Deus para distinguir o homem que merece
a riqueza? É simples: aquele que é generoso, despojado, simples,
sincero, leal, puro, desinteressado e que não precisa da riqueza
para nada. Deus só escolhe como o legítimo administrador
dos recursos do mundo quem já é imensamente rico, mesmo na
pobreza.
Somente
os desprendidos e os humildes podem prestar conta corretamente dos recursos
materiais que Deus colocou em suas mãos, pois estes não negarão
o amparo e o pão a todos aqueles que os procurarem.
Só
Deus é Dono. Só Ele dispõe. E só os mansos
são os legítimos herdeiros da Terra.
No
Banco do Mundo é mais sábio aquele que canaliza recursos
para ajudar o seu próximo. Pois ninguém deve agir como se
fosse o usuário exclusivo de algo que não lhe pertence. Devemos
auxiliar a todos aqueles que verdadeiramente precisam direcionando corretamente
aquilo que nos foi confiado por Deus.
O
homem não veio ao mundo para passar necessidades ou para ser desonesto
e insensível aos problemas de seus semelhantes. Nós estamos
aqui para sermos ajudados e para ajudar. Para precisarmos uns dos outros
e para atendermos às necessidades uns dos outros. Porque a vida
não é uma lição de insulamento, mas de ternura...