Apontamentos sobre o perespírito (2)
P: De que natureza é a relação entre o perespírito e o corpo?
R: A relação é íntima e mais de natureza funcional, que celular; por outras palavras, o perespírito une-se mais estreitamente às partes orgânicas superiormente diferenciadas; na parte geral é como um elemento dieléctrico, transmissor das linhas meio-Alma e Alma-meio.
Não; o facto da ligação ser íntima não diminui o papel do perespírito, pelo que acabo de dizer; ele como que é, dizei mesmo, é o factor fundamental da própria função orgânica, é o elemento coordenador do sistema nervoso periférico com o central.
Não podemos falar de ligação no sentido comum das palavras, isto é, de um paralelismo psico-espiritual como durante muito tempo se pensou na Terra. Há um paralelismo mais relativo, tal como há relativo paralelismo psico-fisológico e isto, naturalmente, porque não pdemos aplicar ao fulcro anímico o conceito espacial a quatro dimensões. Há ligação, mas como sinónimo de linha dupla de influência que poderemos sintetizar em acção externa - reacção interna ou anímica; - acção interna - reacção externa.
Se falássemmos de ligação no sentido vulgar, cairíamos no absurdo metapsicológico de localização da Alma no perespírito e, pela identificação deste ao corpo físico, cairíamos no absurdo de uma localização fisiológica.
Esta ligação específica é afinal uma expressão da possibilidade de vibração simultânea de duas substâncias cujo fundo comum é a energia; a ligação faz-se por transmissão de onda, isto é, a onda interna propaga-se indefenidamente pelo ambiente, pelo éter. Ela choca com todos os obstáculos que se lhe deparam, muito embora os possa atravessar, mas esse choque num obstáculo mais próximo por natureza da natureza daquela onda, altera o equilibrio da massa desse obstáculo, isto é, produz nela uma onda reflexa. Se a onda vier do exterior produz no perespírito (desde que a sua frequência de vibração esteja entre os limiares máximos e mínimos da capacidade vibratória deste), uma alteração do estado ou, o que é o mesmo, uma onda reflexo que se transmitirá harmonicamente ao complexo vibratório anímico.
Mas esta excitação interna só pode redundar em acção externa, dentro dos limiares vibratórios, não apenas do perespírito, como do corpo fisico; por outras palavras, a excitação interna sofre uma redução à medida que se propaga ao perespírito e ao corpo.
in: Estudos Psíquicos Agosto 1950. ABDULLAH