FILMES REALIZADOS DO
PROJETO CULTURAL ABERTURA


Pretende-se exibir ao público, pela primeira vez, cinco documentários filmados que fazem parte do Projeto Abertura ora em curso. Dando prosseguimento aos objetivos culturais a que se propõe o projeto, inicia-se o bloco das artes plásticas com a exibição de três filmes sobre a vida e obra de M. Moretto - paisagens brasileiras, J. L. Messina - favelas e abstrações e A. Baroni - sofrimento e caridade. Além destes, oferece-se um outro intitulado "A ponta do iceberg"- coletânea de um grupo de sete artistas que ao retratarem a sociedade de então, acabam por mostrar o "realismo" presente até os nossos dias. Finalmente, um último filme sobre o Projeto Abertura, que leva o mesmo nome, e que pretende dar a conhecer o posicionamento do Projeto face aos problemas que mais atormentam o mundo contemporâneo.

Seguem-se os nomes dos filmes com as respectivas resenhas.

"Projeto Abertura"

Direção de Fernando Figueirinhas. Duração: 12 min., 1995. O filme começa no centro de São Paulo, mostrando a expressão sofrida e preocupada no rosto de trabalhadores, enquanto o chão da rua é pisoteado por milhares de pés. Contrastando com este começo de tensão urbana, aparece o apaziguamento sugerido pela paisagem campestre do Parque da Aclimação. Os troncos de árvores sugerem os homens; as copas, os sonhos; os ramos se abraçando harmoniosamente, um relacionamento construtivo. Cenas de rua são transpostas por fusão na paisagem tranqüila. Seguem-se dois depoimentos e imagens de obras de arte, narrando uma pequena história, cujo tema central é o homem. O filme termina com uma proposta concreta de um movimento coletivo em favor de uma sociedade mais justa, ilustrada por pessoas transpostas de uma movimentada rua da cidade para a paz do parque.

"Aliberto Baroni"

Direção de Fernando Figueirinhas com Roberto Rogiero e Arnaldo Barbiéri. Duração de 12 min. 1994. Filme este muito bonito e triste ao mesmo tempo. As músicas escolhidas fazem jus à obra de Baroni. A pobreza, a figura humana, sempre triste. O sofrimento e a caridade são os seus temas prediletos. Baroni é sem dúvida, um dos maiores artistas realistas que o Brasil já teve. E o seu tema, sempre atual.

"Manlio Moretto"

Direção de Fernando Figueirinhas com Eduardo Ostergren e Doron Grull. Duração: 21 min. 1995. Neste filme, o diretor relega a um plano secundário a biografia do artista Moretto, preocupando-se sim, em "passear" pela paisagem brasileira. Usando da criatividade, suprime as molduras dos quadros, enquanto aproxima a câmera o máximo possível da pintura, explorando e viajando pela paisagem. As músicas selecionadas casam harmoniosamente com o colorido da paisagem tropical, gerando surpreendentes efeitos e movimentos.

"J. L. Messina"

Direção de Fernando Figueirinhas com Roberto Rogiero e Antônio Pascotto. Duração: 12 min. 1994. A qualidade pictória das obras de Messina, tanto na abstração quanto no realismo, já justificam este documentário. A inesperada beleza encontrada nas favelas de Messina mescla-se, com transposições, para as favelas do mundo real. Oportunidade rara de unir a arte à situação real, acrescida de grande beleza plástica.

"A ponta do Iceberg"

Direção de Fernando Figueirinhas com Eduardo Ostergren e Clotilde Lunardelli. Duração: 18 min. 1995. Filme a ser exibido pelo Centro Cultural São Paulo, por altura da exposição: "Realismo Contemporâneo Desconhecido - Resgate Histórico séc. XX". Apesar dos esforços, a iluminação da exposição impediu que o filme fosse exibido. O filme conta uma história feita de pinturas, as mesmas da exposição. Cada pintura obedece a uma prévia seqüência de aparição. Beethoven, Mozart e Bach acompanham muito bem as imagens. Ao final do filme, fundem-se pinturas com cenas reais, tomadas na cidade de São Paulo.

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