ICOM 2000 Universidad de La Habana - Cuba Eufrasio Prates |
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O presente relatório descreve atividades realizadas durante o III Encuentro Internacional de Estudiosos de la Información y la Comunicación. A oportunidade de intercâmbio foi possibilitada pelo apoio da ABSB - Associação Brasiliense de Comunicação e Semiótica, da UPIS - União Pioneira de Integração Social e do IESB - Instituto de Educação Superior de Brasília. |
| O frontispício da Universidad de La Habana, imponente e amplo, simboliza a seriedade e profundidade com que a educação é tratada em Cuba. Com um índice de evasão escolar dos mais baixos do mundo (compreensível quando se considera que todo aluno é remunerado para estudar), os cursos de pré e pós-graduação da Ilha são disputados por estudantes de todo mundo, inclusive de uma comunidade significativa de norte-americanos que lá procuram especializações principalmente na área de Medicina. | |
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O Encontro, realizado entre 04 e 08/Dezembro/2000, foi dividido em 11 comissões temáticas: |
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Dois aspectos, aparentemente contraditórios, chamaram-nos particularmente a atenção no evento. A incipiência da Internet, pouquíssimo utilizada mesmo no ambiente acadêmico (não existem ainda ISP - serviços de provimento de acesso à Internet), e o alto nível dos debates sobre globalização e novas tecnologias. Em conversa com Yanet Toirac, responsável pela promoção do ICOM2000, confirmamos que essa |
| dificuldade de acesso, como muitas outras encontradas em Cuba, deriva também do bloqueio norte-americano, agravado significativamente pela perda do apoio após a dissolução da URSS. O desenvolvimento de soluções para esse problema, como pudemos perceber em diversos trabalhos da comissão 6, encontra-se em andamento. Exemplo disso foi o convite recebido para retornarmos em Julho/2001 à Universidad de Pinar del Rio, onde precisarão de cursos para alunos e professores sobre o uso da Internet como fonte de pesquisa. |  |
Corredores internos do Edifício Verona, |
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O presidente da ABSB, Eufrasio Prates, ao lado do coordenador da Comissão n. 2, Estudios Teóricos e Históricos de la Comunicación, onde apresentou uma análise semiótica da música contemporânea e suas principais questões. O resumo do trabalho apresentado afirma que "o processo de planetarização viabilizado pelas novas tecnologias da comunicação influi de modo determinante nas mais diversas dimensões da vida social. A complexidade crescente dos aspectos positivos e negativos desse novo contexto lança enormes desafios para todos os campos profissionais, científicos, acadêmicos e artísticos. No que respeita à música contemporânea, buscou-se identificar, numa abordagem semiótica, que conceitos podem ser considerados paradigmáticos, no sentido de fundamentar as transformações qualitativas operadas no último século e especialmente nas últimas décadas. O resultado dessa investigação pode ser sumariado nos conceitos de paradoxalidade, imprevisibilidade, acausalidade, atemporalidade, relatividade, multidimensionalidade e onijetividade, que serão pragmaticamente relacionados a obras musicais de compositores como Boulez, Cage, Stockhausen, Ligeti e Koellreutter". A palestra recebeu um destaque especial do coordenador (um trecho do comentário e das perguntas pode ser ouvido clicando aqui), que enfatizou a consistência metodológica do trabalho. |
| À direita, o Prof. Fernando Villalobos (Universidad del Zulia - Venezuela) apresenta um trabalho sobre "La enseñanza de la Comunicación Social en Venezuela: un modelo pedagógico anclado en la burocracia académica". Fiquei bem impressionado com a qualidade do trabalho, além de perceber que diversos problemas identificados pelo pesquisador (distância entre os conteúdos das disciplinas e a realidade profissional, dificuldade em transferir os debates deontológicos ao ambiente de trabalho etc.) encontram similaridade no ensino da Comunicação Social no Brasil. |  Fernando Villalobos, Professor da Universidad del Zulia e da Universidad Rafael Belloso Chacín, Maracaibo - Venezuela, à esquerda do computador. |
| Outros, como por exemplo o excessivo formalismo das avaliações de aprendizagem, são menos graves aqui na América Latina que no ensino norte-americano e europeu. | |
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Após o término do ICOM 2000, tivemos a oportunidade de visitar a Faculdade de Comunicação, instalada numa belíssima casa no bairro de Vedado (provavelmente uma ex-residência burguesa). Confirmando as dificuldades de acesso às novas tecnologias, a Faculdade conta com poucos computadores num laboratório de informática. Em conversas com alunos e professores, no entanto, constatamos um grau de interesse, conhecimento e profundidade invejáveis. Assistimos a uma aula bastante ilustrativa da Professora Erma G. Hernandez sobre Comunicação e Sociedade em Cuba. O debate entabulado com alunos muito jovens, basicamente sobre questões históricas, econômicas, políticas e sociais, nos deixou surpresos tanto pela abrangência como pela profundidade. |
| Em pouco mais de duas horas a Dra. Erma conduziu um debate sobre o modelo comunicativo informacional liberal e sua passagem para o pós-revolucionário (isto é, todo o período da "cultura massificada"), abordando rádio, cinema, jornalismo e revistas diversas. | |
| Após essa visita, viajamos até a cidade de Pinar del Río, onde pudemos conhecer uma turma de alunos do curso de Profissionais da Cultura. Doamos à Universidad de Pinar del Rio, representada pelo Prof. Jorge Moreno Aragón, em nome da ABSB, alguns livros tratando de novas tecnologias (Sexo, Afeto e Era Tecnológica), estética (Passeio-relâmpago pelas idéias estéticas ocidentais) e semiótica (Pequenos Delírios III). |  Prof. Eufrasio Prates e Prof. Jorge Moreno (que apresentou trabalho sobre publicidade e ecologia no ICOM2000). |
| Registro de visita à Fábrica de Charutos Partagas. Os empregados trabalham 8 horas diárias e têm uma cota a cumprir. Caso ultrapassem essa cota (nas 8 horas, já que não existe hora extra), recebem um bônus em dinheiro. Embora o salário-mínimo cubano não ultrapasse os US$ 20, é suficiente para uma cesta básica bastante superior à brasileira (um dos itens faltantes no momento, por conta do embargo norte-americano, é o óleo). Crianças até 7 anos recebem uma cota estatal de leite e dos 7 aos 14 de leite de soja. Como o desemprego é praticamente nulo, a assistência médica é dada em domicílio |
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| (1 médico para cada 180 habitantes - índice mais alto do mundo), a mortalidade infantil e o analfabetismo foram erradicados, a educação superior é oferecida a mais de metade da população e vê-se pessoas simples morando defronte ao Capitólio, em Vedado (bairro dos maiores hotéis de Havana) e nas ruas de Havana Velha (onde se encontra uma grande concentração de pontos turísticos e monumentos), ficou-nos a impressão de que, a despeito das dificuldades democráticas do modelo socialista cubano (como o excessivo controle dos Comitês de Defesa da Revolução), não é utópico trabalhar com foco na construção de uma sociedade mais justa. | |
Eufrasio Prates As observações deste relatório são de responsabilidade exclusiva de seu autor. |
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Criada em Mar/2001
