A ABSB em parceria com o
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IV Conferência Brasiliense de Semiótica |
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MENTIRA, IMAGINAÇÃO, INTERPRETAÇÃOversão não definitiva (sob aprovação) |
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XX/XX a XX/XX/XXXX
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apresentação |
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ApresentaçãoPartamos da constatação filológica de que MENTIRA deriva do vocábulo latino mens, mentis, que quer dizer, no original, "mente", "atividade da mente". Assim, a etimologia não nos permite esquecer que "antes de estar vinculada ao engodo, ao premeditado desvio da verdade com a finalidade de enganar alguém e tirar proveito disso" a mentira decorre natural e inevitavelmente da competência imaginativa da mente humana. Não é outro o atributo que nos separa dos demais animais não-humanos. O ser humano é dotado de um cérebro duplo; seu neo-córtex único permite-lhe "pensar o pensamento" do cérebro primitivo. E pensar o pensamento é abstrair, fantasiar. Phanta , prefixo presente em vocábulos como fantasia, fantástico, fantasma, fantoche, dentre outros, não quer dizer outra coisa senão imaginação. Quando mentimos, fantasiamos, distorcemos, inventamos novos mundos, despregamo-nos do mundo tido como real para uma segunda realidade (termo utilizado pelo semioticista tcheco Ivan Bystrina) na qual sentimo-nos mais poderosos, superados, super-homens de uma liberdade sem limites. Não é outra a sensação que nos permite o fazer artístico. Criamos mundos inexistentes na primeira realidade, deixamos de ser reféns de um Criador para vingarmo-nos dele num outro mundo que funciona sob o nosso desejo e comando. Nesse nosso mundo, no mundo da mentira, da fantasia, da imaginação, somos invencíveis, imortais e eternos. Somos deuses tão poderosos que nos damos, inclusive, à vaidade de inventarmos um Deus capaz de nos inventar. A mentira é também um conceito que se opõe à verdade. Numa rápida referência à teoria geral dos signos de Charles Peirce, constatamos que a verdade está ligada ao interpretante mental, não ao objeto dinâmico. Este corresponde ao mundo objetivo, à realidade tal como ela é ou, sobretudo, deve ser. Como construção do interpretante mental, a verdade está eivada de mentiras, ou seja, a verdade é uma construção semiósica (derivada da semiose, ação do signo no modo interpretante) necessária à vocação humana de livre acesso ao mundo real. Estamos, porém, inelutavelmente separados do mundo real pelo signo. O signo intermedia e impede nossas aventuras pelo real. Colocando-se entre nossa mente investigativa e a realidade, só nos permite a percepção precária de fenômenos na forma de qualidade de sentimento, meros indícios ou codificações consensuais. Inconformada com o bloqueio exercido pelo signo, a mente interpretante é estimulada a mentir. Por isso busca a verdade, um artifício semiótico capaz de consolá-la da frustração do real. Temos, então, que "o real está na posição do objeto dinâmico, enquanto a verdade está no interpretante final", diz Santaella interpretando Peirce em A Assinatura das Coisas (p. 191 e ss.). A verdade está no futuro da semiose enquanto a realidade está no passado. No meio, no tempo presente está o interpretante, sua percepção e suas articulações interpretantes. A mentira é a forma que ele encontrará para projetar-se ao futuro em articulações interpretantes múltiplas, na busca obsessiva de um ponto de chegada que o console, por cansaço ou por satisfação. As idéias de falibilismo e de sinequismo em Peirce confirmam a mentira como necessariamente inscrita na semiose. Os fundamentos da cultura, segundos os semioticistas da cultura (Lotman, Bystrina, Pross, Kamper e outros) estão indissociavelmente ligados à competência imaginativa, fantasiosa do ser humano para superar simbolicamente as inevitabilidades da primeira realidade. Portanto, a mentira, seja na forma do erro, desvio, fuga propositada da realidade, inversão lógica ou mesmo fantasia é um dos atributos semióticos mais profundos da alma humana. Confunde-se com a sua subjetividade, fundamenta a cultura e é a única explicação plausível para a força significativa do mundo das artes. O ser humano é um animal que mente. Os demais, com certeza, são muito mais sinceros! Sejam todos bem-vindos, de verdade, à
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Objetivos· Compartilhar os
estudos e pesquisas relacionados com a Semiótica.
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Comissão
organizadora da IV CBdS Logística: Suzete Venturelli (presidente do comitê) |
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versão de 10/02/2006